12/06/2008

Partido COMUNISTA PORTUGUÊS DESTACA A FORÇA DOS TRABALHADORES:

Duzentos mil portugueses tomam as ruas de Lisboa contra o Código do Trabalho
Aproximadamente 200.000 pessoas manifestaram-se ontem pelo centro de Lisboa para protestar contra um projeto do Código do Trabalho e dar uma nova prova de rejeição à política de reformas do Governo.
A marcha deu seguimento a vários outros protestos convocados pela esquerda nos últimos meses contra o Executivo de José Sócrates, os quais conseguiram também levar centenas de milhares de pessoas às ruas, um número impressionante devido à pouca participação que costumam ter as manifestações em Portugal.
O primeiro ministro declarou, aliás, que "não lhe impressionam os números" mas os argumentos, reiterando seu empenho em buscar um acordo para "modernizar" a legislação trabalhista portuguesa e fazer com que as empresas se tornem mais competitivas.
Convocados pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP, comunista) os manifestantes gritaram palavras de ordem contra a alteração do Código do Trabalho, a qual consideram prejudicial, voltada para facilitar demissões e acabar com as vantagens conseguidas por meio da negociação coletiva.
O líder da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, anunciou ontem, durante a manifestação, que no dia 28 se realizará outra jornada de protestos para defender a atual legislação trabalhista, desta vez em várias cidades do país.
Carvalho da Silva assinalou que a manifestação de hoje buscou mostrar também a rejeição sindical às políticas sociais do Executivo socialista, à precariedade das pensões e ao aumento das desigualdades e da pobreza no país.
Por sua parte, o ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, assegurou que a modificação do Código não sofrerá alterações em função do número de manifestantes que saiam às ruas das cidades portuguesas.
Ainda que "não feche os olhos" à realidade das ruas, assinalou, uma manifestação não paralizará tal iniciativa legal.
Segundo os dados da Polícia e dos sindicatos, o número de manifestantes rondou os 200.000, quantidade suficiente para converter a Avenida da Liberdade, principal artéria de Lisboa, numa maré humana que não parou de lançar gritos e agitar faixas contra a política socialdemocrata.
A CGTP mostrou assim, mais uma vez, sua recusa ao projeto trabalhista do Executivo, ainda que oficialmente pretenda reduzir o número de contratos a prazo e beneficiar os trabalhadores autônomos que prestam serviços habituais a uma mesma empresa.
O Governo português levantou também apreensão entre os empresários, devido ao seu plano para que estes paguem uma parte das cotizações à Seguridade Social, abonadas agora somente aos autônomos.
Uma associação que reúne esses trabalhadores também mostrou suas reservas sobre os possíveis resultados do novo sistema, pois poderia desestimular as empresas de recorrer aos autônomos ou impulsioná-las a adotar métodos de redução de custos.
Além do mais, os sindicatos temem que as empresas encontrem fórmulas para perpetuar a situação dos autônomos em suas planilhas e que, com isso, se prejudiquem os contratos de trabalho.
A CGTP mostrou-se especialmente crítica com a prevista expiração de todos os convênios coletivos com mais de 10 anos, que segundo o plano de reforma teriam que ser renovados num prazo de 1 ano e meio com o objetivo de torná-los dinâmicos.
Junto a essas críticas, o projeto socialdemocrata propõe uma redução da taxa que o trabalhador paga à Seguridade Social, passando de 32 a 24,6 por cento da sua renda.
O texto busca, da mesma forma, favorecer a flexibilidade trabalhista em aspectos como os horários, um fator que o Presidente considera essencial para assegurar o êxito das empresas e a criação de postos de trabalho. A impressionante ação de massas de ontem contou com a solidariedade do Partido Comunista Português, que mostrou confiança e disponibilidade para continuar a luta, destacando a força dos trabalhadores portugueses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário