13/06/2008

NOTA DO PCB SOBRE AS DECLARAÇÕES DO PRESIDENTE HUGO CHÁVEZ A RESPEITO DAS FARC-EP

A Comissão Política Nacional do PCB, ao mesmo tempo em que reitera seu apoio militante ao povo venezuelano e à revolução bolivariana - cujo avanço e consolidação dependerão do papel que joguem a organização e a mobilização das massas populares, sobretudo a classe trabalhadora, na luta contra o capital - manifesta preocupação com as recentes declarações do Presidente Hugo Chávez, inconteste líder da luta antiimperialista na América Latina, com relação às FARC-EP.

A proposta de libertação unilateral de reféns, por parte do grupo político insurgente, não leva em conta a necessidade de se exigir também a libertação de centenas de prisioneiros políticos colombianos, que sofrem torturas e humilhações nos cárceres de seu país, e de denunciar o terrorismo de Estado há décadas praticado pela oligarquia daquele país, que se transformou, no governo fascista de Uribe, na cabeça de ponte do imperialismo norte-americano, a partir da qual pretende promover uma guerra na América Latina, através de provocações como a infame agressão ao território equatoriano - que resultou no covarde assassinato do Comandante Raul Reyes e de mais vinte revolucionários - e a inverossímil farsa dos computadores.

O apelo à desmilitarização incondicional das FARC, mesmo que bem intencionado, é um desrespeito a décadas de luta por uma sociedade mais justa na Colômbia e não leva em conta que isso significaria o extermínio dos militantes da organização beligerante. As FARC já passaram dramaticamente por uma experiência como esta, na segunda metade da década de 80 do século passado, quando um acordo assinado pela guerrilha com um governo social-democrata foi traído. Aceitando um cessar-fogo e optando pela luta política institucional, o grupo guerrilheiro criou, com outras organizações de esquerda, a União Patriótica, para disputar eleições. O resultado foi o assassinato de cerca de 5.000 militantes, incluindo dois candidatos a Presidente, parlamentares e prefeitos eleitos.

A solução para o conflito colombiano passa, em primeiro lugar, por atribuir-se às FARC a condição de força beligerante, pré-requisito para o início de uma negociação, sob os auspícios de países da América do Sul, que retome o processo de troca humanitária de reféns e prisioneiros e crie condições para o fim do terrorismo de Estado na Colômbia.

Comissão Política Nacional
PCB (Partido Comunista Brasileiro)
13 de junho de 2008

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