08/11/2008

As eleições nos EUA . Nota dos Editores de ODiario.Info

"Obama vai assumir a Presidência no auge da crise do sistema financeiro mundial iniciada nos EUA. As posições que assumiu até agora para a enfrentar não justificam também a euforia que a sua eleição gerou."Os Editores - 08.11.08

As eleições presidenciais nos EUA tiveram, a nível mundial, uma cobertura mediática massacrante, estilo futebolístico.Um analista famoso, em desabafo que sintetizou a atmosfera existente nos países do Ocidente, afirmou que todos os povos do mundo deveriam ter votado para a escolha do sucessor de George W. Bush.A esperada eleição de Barak Obama, festejada num clima de quase histeria (não apenas nos EUA), desencadeou uma onda de comentários irresponsáveis.O "Sim, nós podemos", de Obama, e a sua promessa de que vai mudar não apenas os EUA, mas o rumo da História no planeta foram tomados à letra por centenas de milhões de pessoas.Obama é um grande orador, um politico carismático e inteligente. Mas o seu discurso populista, grandiloquente, não tem o poder de construir história. No seu próprio país, a capacidade do Presidente impor decisões por ele tomadas é fortemente condicionado pelo funcionamento da engrenagem trituradora – económica, financeira, militar – responsável pela estratégia imperial que configura uma ameaça à humanidade.Significativamente, o senador Binden, seu vice, advertiu há dias que as primeiras medidas do novo Presidente serão «muito impopulares».Destacados quadros e analistas do Partido Democrata apressaram-se a declarar que quase todas "as promessas eleitorais" serão rapidamente engavetadasNo tocante à política externa, Obama afirma que os EUA lutarão incansavelmente pela paz. Retomando no discurso os mitos dos "pais fundadores da pátria», apresentou o seu país como a nação vocacionada para salvar a humanidade.Mas não é tranquilizador que para defender a paz se proponha intensificar a guerra no Afeganistão, e vencer ali a guerra em curso, resultante da agressão norte-americana. Igualmente preocupante é a sua postura de reforço da aliança com Israel expressa na declaração de que Jerusalém é «indivisível» como parte integrante do Estado de Israel.O seu futuro chefe de Gabinete na Casa Branca é um político conhecido pelas suas posições ultra conservadoras e belicistas.Obama vai assumir a Presidência no auge da crise do sistema financeiro mundial iniciada nos EUA. As posições que assumiu até agora para a enfrentar não justificam também a euforia que a sua eleição gerou.O capitalismo está mergulhado numa crise estrutural de desfecho imprevisível. O seu fim não está próximo, mas não será o Presidente dos EUA que vai encontrar para a falência irremediável do neoliberalismo a alternativa mágica que os senhores da Finança têm procurado com desespero.O horizonte apresenta-se sombrio. Esperemos.

OS EDITORES DE ODIARIO.INFO

07/11/2008

Entrevista de Jean Salem no jornal Avante!

Filósofo francês, professor na Universidade de Sorbonne, em Paris, Jean Salem questiona a «história feita pelos vencedores», recusa a criminalização da militância comunista e da história do comunismo, realçando que ao longo de todo o século XX gerações de revolucionários dedicaram as suas vidas aos ideais do progresso da humanidade. No seu mais recente livro, Lénine e a Revolução, que será lançado no próximo dia 26, em Lisboa, pelas edições Avante!, o autor expõe seis teses que sintetizam e demonstram com clareza a actualidade do pensamento do grande revolucionário russo. Com este trabalho em pano de fundo, Jean Salem fala-nos da convicção de que «um dia tudo voltará a acontecer, as explosões sociais, a revolução».


No final do seu livro afirma que «uma reabilitação muito mais do que parcial dos 70 anos de socialismo real acompanhará como condição necessária o ascenso do próximo movimento revolucionário». Peço-lhe que explique esta afirmação.

Quando me refiro à necessidade de «uma reabilitação muito mais do que parcial» não pretendo dizer que a revolução não será retomada enquanto não fizermos novas estátuas a Stáline, pois para isso seria preciso esperar muito tempo.
Mas, como num sistema de vasos comunicantes, se considerarmos que o stalinismo é algo de quase tão horrível, tão horrível ou muito mais horrível que o nazismo é obvio que isto constitui um extraordinário obstáculo, intransponível para o movimento revolucionário que desejaria apoiar-se na história moderna.
Se Robespierre é o diabo, se a revolução é uma violência insuportável por definição (estou a falar, sem o mencionar, de um romance que acaba de sair em França, que fala da desgraça de Louis XVII, herdeiro do trono, morto durante a insurreição revolucionária), se Belzebu é Stáline, se toda a história soviética é feita de crimes, se enfim acumulamos números totalmente grotescos que oscilam entre 60 e 140 milhões de vítimas do stalinismo – são números que têm circulado massivamente…

Dir-se-ia que os soviéticos estiveram à beira da extinção!…

Mas, no entanto, Soljenitsin afirma-o no seu livro Arquipélago de Gulag, de cujo primeiro volume foram vendidos em França mais de 900 mil exemplares.
Isto mostra que estamos confrontados com uma intensa propaganda mundial que, se não for sujeita a uma crítica, à nossa crítica, julgo que o desenvolvimento do pensamento revolucionário, não a sua retomada, seria contrariado, obliterado pela ausência de reacção, designadamente da nossa parte, perante tais mentiras.
Apesar de tudo, a retomada do pensamento revolucionário está aí e tenho consciência de que para os jovens, rapazes e raparigas de hoje, a questão crucial não é a que se coloca aos da minha geração: será que fomos demasiado complacentes com Stáline, com Khruchov, com Brejnev, com a União Soviética?
De um certo modo são pontos da história extremamente importantes de esclarecer; de outro, isso não interessará aos jovens ou interessar-lhes-á tão pouco como as querelas em torno da revolução francesa: pertencem ao passado.
Por isso não transformo numa condição absoluta do movimento progressista ou revolucionário a clarificação da história do século XX, mas penso que, se não travarmos a vaga ridícula e escandalosa de criminalização da militância comunista e da história do comunismo, o movimento social irá perder muito tempo.

Mesmo derrotada «a revolução continuaria invencível». Esta citação de Lénine pode aplicar-se aos 70 anos de socialismo real? É uma experiência que irá permanecer como referência inspiradora para a luta dos povos?

De facto Lénine dizia que uma Revolução mesmo vencida conserva uma espécie de invencibilidade porque permanece na memória dos povos, como um assalto heróico, comparável ao «assalto dos céus», que é a expressão que Marx utiliza a propósito dos comunards da Comuna de Paris que foi derrotada ao fim de três meses.
Marx utiliza esta expressão porque era um grande conhecedor da filosofia epicurista. A sua tese de licenciatura foi sobre Demócrito e Epicuro. É Lucrécio, discípulo latino de Epicuro, que nos diz que este saiu em imaginação para além dos limites do nosso mundo, percorreu o universo imenso através do seu pensamento e trouxe-nos a verdade dessa viagem, explicando-nos que há um Deus que não se interessa absolutamente nada pelos nossos assuntos, que não intervém na nossa vida, e nessa passagem do poema Da Natureza das Coisas afirma-se que a vitória de Epicuro sobre a religião «nos elevou aos céus». Marx evoca recordações dos seus estudos de juventude quando diz que os communards se elevaram ao «assalto dos céus».
É óbvio que as épocas heróicas, as épocas de revoluções sociais, deixam na memória colectiva recordações galvanizadoras, mais capazes de nos tornar optimistas em relação à natureza humana do que épocas como a que atravessamos presentemente – ou aquela em que igualmente viveu Epicuro, a época de decadência da Grécia – em que tudo se compra, tudo se vende. As pessoas descrêem nos políticos, vêem-nos como demagogos, impostores e gente corrupta…
As épocas de crise, de decadência não são particularmente entusiasmantes e tendem a deprimir os que nelas vivem. Por isso a nostalgia de um país que derrotou o nazismo, que mostrou que a planificação permite evitar a anarquia da produção capitalista (que apenas visa a obtenção de ganhos para certas camadas privilegiadas e não a satisfação propriamente das necessidades da população) é um sentimento que não pode ir muito longe mas tem o seu papel político.
Os jornais falam de um sentimento massivo de nostalgia pela ordem antiga na antiga República Democrática Alemã que parece aumentar cada vez mais. Ninguém duvida de que, se se realizasse um referendo na Rússia, as pessoas responderiam que estavam melhor antes do que agora.

Pelo menos assim o dizem algumas sondagens…

Mas até em recentes eleições podemos ver esse reflexo da época soviética, que tem permitido alguns sucessos eleitorais incontestáveis, talvez indesejáveis para os ocidentais, talvez até indesejáveis em si mesmo, já que têm catapultado figuras que não são militantes comunistas convictos, isentos de qualquer suspeita de corrupção.
Aquilo que até agora mais marcas deixou na minha vida foi o facto de ter convivido durante a época soviética e comunista com massas de gente maravilhosa, e de ver, neste período de amargura, que muitos daqueles que eram de esquerda em Maio de 68 (les soixante-huitards), em Paris ou em noutros lados do mundo, se tornaram criados ou ideólogos da direita.

Pessoas como Cohn-Bendit?…

Sim, como Cohn-Bendit ou Bernard-Henry Lévy, gente que não me deixa grandes recordações. É preciso rir, tal como de certas personagens da época de Epicuro, rir…
A nostalgia não nos fará avançar, mas há uma verdade política neste sentimento, que resulta, pelo menos no Ocidente, da ausência de ideais. As pessoas acreditam que deve ser possível ter uma classe política não corrompida, menos ridícula, menos show bisness. A prova é que os jovens adoptaram o Che como um produto de marketing; todos eles admiram Mandela - sabem que ele é de uma estatura diferente dos chefes ocidentais.

A revolução continuará invencível

Este livro Lénine e a Revolução, para além de reafirmar de forma contundente a actualidade do pensamento do grande revolucionário russo é também uma contribuição para a reabilitação da história do socialismo. Por que decidiu começar com Lénine?
Na Universidade de Sorbonne, onde lecciono, o meu predecessor, Olivier Bloch, um filósofo, que é um homem muito activo apesar de estar reformado, quis organizar um colóquio intitulado «A Ideia de Revolução: Qual o seu Futuro no Século XXI?».
Como ninguém pensou em falar de Lénine, disse-lhe que seria importante que alguém se ocupasse desse tema. Foi aí que tive a ideia de fazer este livro. Como a intervenção que preparei para esse colóquio acabou por ter uma dimensão considerável, decidi viver seis meses com as Obras Completas de Lénine em francês a meus pés, que frequentemente alternava com a consulta da edição russa na Biblioteca Nacional de França, em Paris.
Ocorreu-me instantaneamente que se há um «cão morto» na história das ideias – para utilizar a expressão de Marx que dizia que Engels [N.E.: se trata de Hegel, não de Engels] era tratado na sua época como um cão morto –, ele é sem dúvida Lénine.
Fala-se de um regresso a Marx, o Che é utilizado como produto de marketing como já disse, mas muito poucas pessoas falam de Lénine. Considera-se, hipocritamente ou não, que não tem qualquer interesse, que se trata de ideologia, ou que é o Belzebu, o anticristo, o irmão mais velho de Stáline, por um fio apenas mais recomendável que este.
Decidi-me dar amplidão a este estudo sobre a ideia de revolução em Lénine, pensando que seria útil para corrigir alguns hábitos que adquirimos nos partidos comunistas ocidentais, entre os anos 65 a 80, quando ainda estavam de plena saúde.
Por exemplo, começou-se a falar da possibilidade de passagem pacífica para o socialismo e, pouco a pouco, a ilusão de que a revolução consistia em obter 51 por cento dos votos para a esquerda tornou-se num hábito de pensamento quase religioso face aos resultados eleitorais, que gerou a incapacidade de compreender que o famoso sufrágio universal nos países ocidentais há muito se tornara numa concha vazia.

No entanto, no seu livro, não se limita a fazer a síntese do pensamento de Lenine, debruça-se igualmente sobre o socialismo na URSS e critica severamente a historiografia mais divulgada.

Sim. O livro é composto por três partes. A terceira parte que é uma espécie de panfleto sintético «Dez minutos para acabar com o capitalismo», resultou de uma conferência «muito digna» do Partido Comunista Francês dos nossos dias, em que pediram a vários especialistas em marxismo, incluindo-me a mim que sou só meio especialistas nesta área, para falar sobre a actualidade do marxismo em dez minutos. Isto é a fotografia de uma época. Fiz então um pequeno panfleto para cumprir aquela norma um pouco rígida.
A segunda parte responde ao título do livro. Trata as teses de Lénine sobre a revolução. Na primeira parte tomei de facto a liberdade de dizer algumas verdades a meu gosto e explico como Lénine entrou na minha vida.
Aí recordo que os meus pais «escolheram a liberdade», depois de terem sido alvos da repressão na Argélia e mais tarde em França, sobretudo o meu pai que «escolheu a liberdade» evadindo-se das prisões francesas onde foi torturado pelos pára-quedistas franceses.
Atravessaram a «cortina de ferro» na direcção de que nunca se fala e eu encontrei-me em criança em escolas soviéticas, primeiro na Checoslováquia, na escola da Embaixada da URSS, e depois, já na Rússia, na Casa Internacional da Infância, em Ivánovo.
Éramos centenas de crianças, filhos de gregos, de iranianos, martirizados pelos defensores do «mundo livre», torturados, assassinados em prisões do Xá ou durante a liquidação da resistência grega pelos britânicos.
Esta experiência algo particular deu-me o conhecimento da língua russa e despertou-me o interesse pelo marxismo e por Lénine.
Depois visei quatro pontos essenciais: As asneiras que se dizem sobre 70 anos de sovietismo, como se tivéssemos o direito de stalinizar todo o período; as asneiras a propósito do totalitarismo, conceito que é utilizado para os mais variados fins (quando se pretende atacar um regime, norte-coreano ou iraniano, fala-se de totalitarismo); as asneiras em relação ao fim da União Soviética e, finalmente, as que se dizem sobre a política soviética nas vésperas e após a II Guerra Mundial.
O cineasta norte-americano Kens Burns explicou a um jornal que se decidiu a fazer o documentário «A Guerra» (The War), porque 40 por cento dos jovens americanos entre os 15 e os 18 anos pensam que a II Guerra Mundial opôs os Estados Unidos e a União Soviética. Outra sondagem em França indica que a maioria dos jovens franceses pensa que a União Soviética foi aliada da Alemanha nazi.

Na primeira parte desta obra denuncia com alguma insistência a tentativa por parte da historiografia burguesa de stalinizar inteiramente o período soviético. E contrapõe defendendo que se deveria falar «não de um regime mas antes de regimes soviéticos», tendo em vista as «diferentes fases» da sua história. Que fases são estas?

Fiz estudos em história de arte, mas não sou um historiador profissional, sou um estudante. Sou profissinal de filosofia, escrevo livros de filosofia, hoje há quem se diga filósofo por muito menos, mas a minha disciplina é de facto a filosofia.
Todavia, acho impensável que depois de se ler a história da URSS, mesmo que superficialmente, de se ouvir falar de destalinização, do famoso relatório de Khruchov ao XX Congresso do PCUS, se insista em enfiar no mesmo pacote os 70 anos de socialismo soviético.
Não podemos afirmar que Khruchov e Stáline são idênticos, que o são Andropov e Stáline ou Brejnev e Stáline.
As discussões sobre o exercício despótico do poder, iniciadas durante o período soviético na própria União Soviética, são um sinal evidente de que não se tratou de um cancro associado à essência do sistema mas de um problema que merece ser debatido e estudado e que terá sido condicionado também por determinadas circunstâncias históricas.
De resto é um problema localizável. Até Hannah Arendt [autora alemã que tenta assemelhar o nazismo e o comunismo como ideologias totalitárias] situa esses períodos nos anos 32, 36, 37 e 38.
Temos de estudar a história seriamente, não como muitos sovietólogos que se dedicam a criar slogans. Um deles até já ousou escrever (cito Alain Besançon, membro da Academia das Ciências Morais e Políticas de Paris), que em matéria de soviétologia «nem sequer vale a pena mantermo-nos actualizados. O que é preciso é aprender a crer no inacreditável». Eis pois uma afirmação extraordinária de alguém que passa por um sábio.
Uma das questões que temos de abordar com seriedade é a aritmética macabra que nos foi imposta. Eu peço que nos expliquem esta história digna de um conto de fadas, que recorre a categorias do tipo Branca de Neve e os Sete Anões.
Em 1956 tinha apenas quatro anos de idade. Só mais tarde, naturalmente, ouvi falar do XX Congresso do PCUS. Nos anos 70, era eu membro das juventudes comunistas em França, começou-se a falar cada vez com mais frequência de um milhão, dois milhões, de três ou quatro milhões de vítimas da repressão stalinista, pressupondo-se evidentemente que numa revolução nem todos os mortos são vítimas inocentes executadas por erro.
Entre os anos 70 a 85, ou seja 30 anos depois do XX Congresso, assistiu-se ao inflacionamento demencial dos números (40 milhões, 60 milhões, etc.), a uma assimilação grotesca do stalinismo ao nazismo, e logo do sovietismo e do socialismo em geral ao nazismo.
O que penso é que esta aritmética macabra tem de ser verificada e, evidentemente, desmentida já que é demasiado extraordinária para poder ser verdade.

É sabido que o XX Congresso do PCUS pouco mais guardou de Stáline que o seu papel na derrota do nazi-fascismo. No entanto, não haverá que reconhecer a Stáline um papel proeminente em todo o período da construção do socialismo?

Refiro-me designadamente aos enormes avanços da revolução nos anos 30 que se revelaram decisivos para o desfecho da guerra e permitiram a afirmação vitoriosa do socialismo como sistema mundial.
No meu livro refiro a cidade de Volgogrado, antes chamada Stalinegrado, onde se produziu a viragem da guerra. É uma espécie de Hiroxima onde as pessoas andam sobre dois milhões de mortos.
Pierre Roederer [político francês que participou no golpe bonapartista de 1798] dizia que não recusava nenhum período da história de França, incluindo o período da revolução.
Se não quisermos limitar-nos a fazer discursos de moral – como os «filósofos» mediáticos, os think faster que vemos nas televisões sempre do lado do bem e contra o mal – então temos de tomar a revolução como um todo.
Numa revolução não se pára ao primeiro morto que se encontra, sobretudo, como dizia Robespierre, se esse morto é um general que massacrou dois mil patriotas: «Queríeis uma revolução sem revolução?», perguntou ele.
Lénine e muitos outros contavam com a revolução mundial. Desde Marx que se pensava que a revolução começaria nos países mais industrializados, onde o proletariado era mais forte e onde as tradições democráticas burguesas já estavam bem enraizados nas massas, tais como a Inglaterra, a Alemanha, a França.
Durante três ou quatro anos após a revolução de Outubro, Lenine pensou que o enorme clarão revolucionário na Rússia e nas colónias do império czarista iria rapidamente alastrar a países verdadeiramente «amadurecidos» para a revolução proletária.
No entanto, com o fracasso do Exército Vermelho na Polónia [1920], para o qual contribuiu a ajuda militar dos franceses; com a derrota da revolução dos sovietes na Hungria [1919] e sobretudo após o massacre dos espartaquistas na Alemanha [1919] a história tomou um rumo diferente, levando Lénine a concluir que seria necessário construir o socialismo num só país.
Uma revolução, como Marx e Engels não se cansaram de dizer, é sobretudo uma confrontação de forças, ou seja, ela não se faz se não pela força. Isso não significa que seja necessário provocar torrentes de sangue.
De qualquer modo, Marx observa que a teoria só se torna uma força material quando está amparada nas massas. Ou seja, se milhões de pessoas se manifestarem nas ruas por uma ideia, por uma vontade, se fizerem greve durante um certo tempo podem, em determinadas circunstâncias, provocar a queda do poder. Isto é, pode não ser necessário pegar em armas.
Tal não significa que os marxistas façam uma religião do pacifismo ou recusem toda a violência, uma vez que se trata de pôr fim a uma violência permanente que é exercida pelo sistema sobre os oprimidos.
A propaganda dos privilegiados escolhe sempre os seus alvos de forma selectiva. Há quilómetros de páginas impressas sobre determinados acontecimentos enquanto outros, com consequências semelhantes ou muito piores, são silenciados.
Por exemplo, os famosos horrores cometidos pelo regime de Saddam Hussein nas aldeias curdas são pouco significativos quando comparados com os crimes de guerra perpetrados pelos norte-americanos no Vietname. Não peço que canonizem Saddam Hussein, mas será que os norte-americanos alguma vez foram julgados ou apresentaram desculpas pelo que fizeram? Pelo contrário, alegam que os vietnamitas exageram o que se passou… o «agente laranja», a utilização generalizada de armas químicas, etc.
Aliás, antes da revolução de 1917, Lénine escreveu que os dez milhões de mortos e vinte milhões de estropiados da I Guerra Mundial, que apenas favoreceu os interesses dos negociantes de canhões, serão vistos pela burguesia como algo de perfeitamente normal e como um sacrifício inteiramente legítimo, mas se se registarem algumas centenas de mortos durante uma revolução, dir-se-á que foi um massacre bárbaro provocado por bárbaros.
Para responder à sua pergunta, é óbvio que a inacreditável resistência oferecida pelos povos da URSS, que fez virar o rumo da guerra, é uma fotografia, um referendo perfeito sobre o que pensavam dessa época soviética os que nela viviam.
O povo de que falamos não se sentia apenas como uma vítima aterrorizada – era parte envolvida numa dinâmica revolucionária, com os seus desvios, os seus erros, os seus crimes.
Alguns historiados não comunistas britânicos e americanos, quer logo a seguir à guerra, quando o prestígio da URSS era enorme, quer hoje, como um certo Michael Coney, que cito no meu livro, consideram como um facto evidente que o anticomunismo foi, a cada passo, um dos elementos, se não mesmo o principal elemento, que permitiu a corrida à guerra.
As potências ocidentais fizeram tudo para deixar as mãos livres a Hitler na sua cruzada a Leste. E o facto de a maioria dos jovens em França acreditar que a URSS era aliada da Alemanha na Guerra é o resultado da intensa propaganda em torno do pacto germano-soviético.
Quantos sabem que o pacto germano-soviético [Agosto 1939] teve lugar um ano depois do acordo de Munique [Setembro 1938], que foi uma espécie de conselho de guerra de Hitler, no qual a Inglaterra e a França, entregando-lhe a Checoslováquia e abandonando os seus aliados, o convidaram a voltar-se para Leste?
Quem sabe que após o discurso contra a guerra pronunciado por Maurice Thorez, então secretário-geral do PCF, em Estrasburgo, o governo francês apresentou à Alemanha um pedido formal de desculpas por «esta provocação dos comunistas»?
Não digo que tudo tenha sido bem feito, mas é preciso lembrar que a URSS, que tinha sofrido a intervenção de 20 potências coligadas para derrotar a revolução em apoio dos brancos na guerra civil, tinha de utilizar todas as possibilidades para evitar uma nova guerra. Não vejo que pudesse ter agido de forma diferente.

No seu livro recusa o termo «queda da União Soviética» notando que «ela não caiu sozinha». Que causas, em sua opinião, terão levado ao desaparecimento da URSS?

De facto toda a gente utiliza termos como queda, desmoronamento, desintegração implosão e outros no mesmo sentido para caracterizar os acontecimentos na URSS entre 1989 e 1991.
Mas sabemos que não houve nenhuma deflagração termonuclear, nem temos notícia de que a União Soviética se tenha «desintegrado» na sequência de um conflito militar.
Os manuais de história também falam de «queda» da monarquia, mas Albert Soboul [historiador francês] dizia sempre que «ela não caiu sozinha», por isso deve dizer-se derrubamento da monarquia.
Eu digo o mesmo em relação ao fim da União Soviética. Aqui partilho a análise do meu colega italiano Domenico Losurdo, quando observa que a multiplicidade de factores internos, vivida num «contexto de autofobia» dos antigos comunistas, que parecem falar de uma história da qual se deveria ter vergonha, faz com que nos esqueçamos de alguns «detalhes».
Por exemplo, que todo o período desde 1945 até ao fim da União Soviética foi enquadrado por avisos extraordinariamente precisos do ponto de vista militar dados por parte do imperialismo norte-americano.
Embora tentem reduzir o século XX ao gulag e aos campos nazis, a verdade é que, em apenas alguns dias, as bombas termonucleares de Nagasaki e Hiroxima mataram cerca de 300 mil pessoas. Mais grave do que o chamado totalitalismo, assistimos no século XX ao surgimento de um novo conceito que designo por «exterminismo». Os campos de extermínio nazis e o lançamento das bombas nucleares são os dois fenómenos do século passado que permitiram massacrar num tempo mínimo um máximo de pessoas. Mas isto é esquecido…
Praticamente ninguém contesta que o lançamento das bombas sobre as duas cidades japonesas constituiu sobretudo um aviso à União Soviética. Não creio também enganar-me se disser que o governo de Ronald Reagan esteve na origem de um agravamento generalizado do clima internacional com o programa de defesa estratégica, conhecido como «guerra das estrelas», que foi lançado apenas alguns anos antes do fim da União Soviética.
Segundo disse o próprio Reagan, o objectivo da «Iniciativa de Defesa Estratégica» era colocar de joelhos a União Soviética.
Ouvi milhões de vezes que a União Soviética gostaria de se desenvolver para fornecer mais produtos e de melhor qualidade ao seu povo, mas que infelizmente tinha de canalizar enormes recursos para as despesas militares devido à corrida aos armamentos imposta pelo Ocidente.
Ora, é extraordinário que praticamente não se fale desta questão. Não posso determinar o seu peso, mas parece-me óbvio que teve alguma influência nessa «queda».

Apesar da inegável influência dos factores externos, fortíssima desde o início e condicionadora de todo o percurso da URSS, que importância atribui aos factores internos que, em especial no período de 1985-1991, determinaram a dissolução do país e a instauração do capitalismo?

Ninguém pode afirmar que uma equipa de pessoas tenha, por si só, sido capaz de provocar o desaparecimento de um Estado. Contudo, sem dúvida que o período da «perestróika» foi marcado por uma política de capitulação e acomodação ao Ocidente que ajudou e acelerou o trabalho intenso com vista a destruir militarmente e por outros meios a existência do campo socialista.
Não deixa de ser curioso observar que o facto de um grupo de pessoas, que conseguiu içar-se à cabeça do Estado, ter podido criticar o stalinismo e todos aqueles que lá tinham estado antes, fazendo crer que tudo o que havia naquele país estava errado, prova que afinal o «terror» nesse país não era assim tão grande como se diz.
Ao contrário de muitos comunistas que conheci – autênticos heróis que passaram pelas prisões, resistiram à tortura e que quando chegaram ao fim das suas vidas a única coisa que tinham ganho para si era a estima dos seus vizinhos, comunistas e não comunistas - Mikhail Gorbatchov terminou a sua carreira a fazer publicidade de pizas e malas de marca.
De resto, as confissões da sra. Thatcher e dos seus ministros são bem reveladoras a propósito da figura de Gorbatchov. Foi ela que disse que encontrar um soviético assim era «um sonho que jamais tinha ousado sonhar».
Mas até comunistas convictos se interrogaram porque não mais democracia? Mais comunicação e transparência? Porque não um líder moderno, diferente daqueles que tínhamos visto, demasiado velhos e antiquados?
Estávamos ainda no começo quando Gorbatchov fazia os seus primeiros sorrisos ao Ocidente. Tinha então começado a dizer que havia valores bem mais importantes que o socialismo, que havia valores universais como o da paz.
Toda a gente é a favor da paz, sobretudo os comunistas. Mas trata-se de saber se é a paz que permite ao socialismo sobreviver ou se é o socialismo, com a sua força, que impõe a paz ao campo capitalista que é sempre agressivo?
Basta olharmos para a história do imperialismo ocidental para vermos que praticamente ela se resume a guerras de conquista e de rapina… O mundo continua a ser hoje devastado pelas guerras do imperialismo americano.
A minha interrogação não é sobre a possibilidade de tudo voltar a acontecer. Estou certo de que um dia tudo voltará a acontecer, as explosões sociais, a revolução. A minha única angústia é recear que voltemos a cair na burocracia, na corrupção, noutra Catastróica, para citar o livro de Alexandr Zinoviev, o único deste autor que não teve êxito no Ocidente, não só porque é pró-soviético mas sobretudo porque é uma denúncia muito forte da corrupção que cobriu todo o período da «perestróika».

A social-democracia foi a bóia de salvação do capitalismo

- Depois da II Guerra Mundial, gerações de revolucionários, como a de seu pai Henry Alleg, acreditaram firmemente que a vitória do socialismo a nível mundial estaria próxima. Pensa que se tratou de um sonho ou de uma convicção fundada em razões sólidas?

Para muitas pessoas que viveram nos anos 30 e assistiram ao enfraquecimento das forças de esquerda – período que infelizmente nos faz pensar nos tempos actuais –, as alterações verificadas no pós-guerra foram muito mais do que simples sinais de que o mundo está à beira de uma mudança.
Na Europa uma dezena de países tinha passado para o campo do socialismo; o movimento de libertação nacional em rápida ascensão transformava as ex-colónias em estados e os seus dirigentes falavam quase todos em socialismo; somava-se ainda um sólido movimento operário nos países ocidentais, com grandes partidos comunistas.
Embora na década de 70 já se falasse muito da crise do marxismo e do comunismo, a verdade é que, todos os anos, um ou mais países passava para o campo anti-imperialista.
Lembremo-nos da Nicarágua, do Afeganistão (país onde houve uma revolução antes da chegada da ajuda militar soviética), de Moçambique e Angola, da revolução do 25 de Abril em Portugal ou mesmo do processo de democratização em Espanha.
Era uma evidência que o movimento progressista continuamente se reforçava. O capitalismo estava em franco recuo. De tal forma que um editorialista do Le Fígaro, um jornal francês de direita, chegou a escrever que, até 1983, ele próprio pensava que a vitória do comunismo era irreversível.
E se isto era assim neste período, quando eu já era uma espécie de «último dos moicanos» em Paris, no pós-guerra a perspectiva de que o mundo seguiria nessa direcção era segura e parecia inevitável.
Neste quadro, a social-democracia constituiu para o capitalismo uma extraordinária bóia de salvação. Mais uma vez no século XX, a partir de 1981, políticos pró-capitalistas tomaram a dianteira não só de partidos de direita mas também de partidos que tinham raízes operárias e eram reputados como de esquerda.
Dançou-se nas ruas de Paris quando Miterrand foi eleito em 1981, dançou-se nas ruas na Grécia quando os socialistas ganharam… Sabemos que tudo isto terminou num desespero generalizado perante duros planos de austeridade e medidas neoliberais.

A sexta tese que formula do pensamento de Lenine assinala o «deslocamento tendencial dos focos da revolução para os países dominados». Considera que os processos actualmente em curso, designadamente na América Latina, confirmam esta tese leninista?

Penso que essa tese foi plenamente confirmada no II Encontro de Serpa, «Civilização ou Barbárie», onde passei três dias extraordinários com camaradas, universitários ou não, vindos de muitos países do mundo.
Todos os que se interessam pelo marxismo e são fiéis ao ideal comunista concentram-se largamente nos processos que decorrem na América Latina, o que não exclui o resto do mundo dominado e o mundo em geral.
Não serei eu a fazer prognósticos sobre o que se irá passar, mas temos assistido a transformações importantes nestes últimos anos na Argentina, Brasil, e sobretudo na Venezuela e na Bolívia. Penso que nada disto se teria passado sem a presença de Cuba, país que o imperialismo não conseguiu anular apesar de todos os esforços.
Na Universidade francesa tornou-se uma moda manter contactos com países da América Latina. Muitos professores seguem com atenção os acontecimentos que lhes recordam a sua própria juventude, o que é algo de novo. Deixou de haver entre os intelectuais de Paris apenas um clima de histeria e hostilidade em relação a tudo o que evoca a juventude da minha geração.
Lénine recorda-nos que em países capitalistas desenvolvidos é muito possível que haja todas as aparências da democracia do ponto de vista da liberdade de imprensa, da liberdade de expressão, e evidentemente do ponto de vista económico. É muito possível que nestes países a classe operária possa recolher algumas migalhas da pilhagem das nações colonizadas e que a atmosfera social seja inteiramente agradável.
Isto é com muita frequência esquecido pelos comunistas de antigos países coloniais, designadamente em França. Mas foi o que se passou durante a «gloriosa trintena», o período de crescimento que se seguiu à II Guerra Mundial.
Os bens de consumo tornaram-se acessíveis a imensas camadas da população, em particular às camadas médias mas também ao proletariado até um certo nível. As pessoas estavam então seguras de que os seus filhos viveriam ainda melhor do que elas.
A partir dos anos 1910-1915 Lénine assinala que será provavelmente nos países pilhados, nos países dominados (Marx e Engels já se tinham interessado pela luta dos irlandeses, pelos acontecimentos na Índia, na Argélia), que os grandes cataclismos deste século poderão acontecer.
Isto não nos impede de continuarmos a lutar nos nossos países, como de resto tem acontecido e continuará a acontecer à medida do agravamento dos problemas sociais. Hoje há pessoas que vivem em Paris em condições idênticas ou piores às dos países do terceiro mundo… há 30 mil sem abrigo nas ruas de Paris!

Poderemos contar com novas obras suas de estudo e reflexão sobre a experiência socialista que marcou o século XX e toda a história da humanidade?

Nos últimos doze anos trabalhei essencialmente sobre assuntos mais técnicos do que políticos, o que aliás terá correspondido à própria época, talvez tenha sido um recuo táctico, uma vez que quando pronunciávamos o nome de Marx os estudantes em Paris largavam a caneta da mão. Isso e outras razões levaram a que me consagrasse ao estudo de Demócrito, Epicuro e Lucrécio, materialistas da antiguidade grego-latina.
Depois de pequenas «guerras» indignas na Universidade (que não tiveram grande importância, mas mostram que também em França, país onde o marxismo teve grande importância, houve, como por todo o lado no mundo, uma verdadeira caça às pessoas suspeitas de serem marxistas) tornei-me finalmente professor de História da Filosofia.
Tive a sorte de suceder a colegas que se reformaram, antigos comunistas, que conduziam seminários de história do materialismo com uma vertente de investigação consagrada à história das ideias dos séculos XVII-XX.
Embora tenha continuado a fazer trabalhos sobre história da filosofia, pude então dedicar-me a outros temas, como à obra de Guy de Maupassant, romancista francês de que gosto muito, ou de Feuerbach [filósofo alemão]. Fiz até um livro de carácter mais pessoal sobre o prazer específico que provém da luta, onde cito autores como Amado, Neruda e outros.
Actualmente, na universidade de Sorbonne organizamos um seminário designado «Marx no XXI século», que reúne quinzenalmente cerca de uma centena de pessoas e este ano esperamos duzentas pessoas. Convidamos normalmente oradores conhecidos, como Domenico Losurdo, Slavoj Žižek, George Labica.
Não é o jornal Iskra, mas quase. É um local de reunião de todos os solitários que não suportam mais o manto de chumbo de censura que cobre os estudos marxistas.
Mas, para responder à pergunta, há muito que tenho a intenção de escrever qualquer coisa sobre a robotização das massas, a manipulação dos espíritos, numa palavra sobre os media. É uma ideia que já tenho há 25 anos.
Desde então muito se escreveu sobre o assunto, mas não está tudo dito, sobretudo no que diz respeito ao delírio da propaganda anticomunista, assunto que cheguei a abordar num pequeno trabalho publicado em 1985 som o título, «Cortina de Ferro no Bulevard Saint Michel, notas sobre a representação dos países ditos de Leste na elite cultivada do povo mais espiritual do mundo».
Penso seriamente num novo trabalho sobre a uniformização das consciências e, em primeiro lugar, do inconsciente humano, do embrutecimento das massas, retomando a obra dos fundadores do marxismo-leninismo nos aspectos que podem ser utilizados na luta de hoje. Não posso ser mais preciso.

06/11/2008

Greve na Rhodia entra no segundo dia.

Os aproximadamente 1.800 trabalhadores da Rhodia Brasil, em Paulínia/SP, mantiveram a decisão de greve e a paralisação da produção na multinacional francesa entra em seu segundo dia. Entre outras reivindicações (veja mais abaixo), eles querem um reajuste salarial maior do que os 9% propostos pela patronal, o que já foi conquistado em diversas outras empresas na categoria por meio de mobilização. Veja em http://www.quimicosunificados.com.br/noticias.php?id_secao=56
O índice de 9% de reajuste significa um aumento real dos salários de aproximadamente 1,87%. Esta conta trabalha com a estimativa de que a inflação nos últimos doze meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, será em torno de 7%. O índice oficial é divulgado somente por volta do dia 15 de novembro. Os trabalhadores da Rhodia exigem um aumento real superior a isso.Todos os setores (produção, terceirizados e administrativo) aderiram à greve.
Rhodia: com a greve, portão deserto na entrada do turnodas 22 horas (05/11/08 - Foto: Unificados)
Duas greves em 18 dias
A Rhodia Brasil, em Paulínia, está com sua produção paralisada pela segunda vez em 18 dias. A atual mobilização, iniciada em 05 de novembro e por tempo indeterminado, é provocada pela intransigência da multinacional francesa em atender às reivindicações gerais e específicas de seus trabalhadores na campanha salarial 2008 da categoria.Em 17 de outubro, como advertência à Rhodia por sua negativa em negociar as reivindicações, já ocorrera uma paralisação por 24 horas. Desde 1994 não havia greves na planta da empresa, em Paulínia.
A pauta de reivindicações
Inicialmente, a Rhodia desrespeitou os trabalhadores ao se recusar a receber a pauta de reivindicações por eles aprovada em assembléias. Com a produção parada na greve de advertência no dia 17, a Rhodia aceitou o documento. No entanto, em 28 de outubro, ela comunicou ao sindicato e aos trabalhadores que não atenderia a nenhuma das reivindicação, que são:
1 - Reajuste salarial de 15% inflação produtividade e crescimento.
2 - Cesta alimentação no valor R$ 200,00.
3 - Corrigir funções conforme cláusula 24 da convenção coletiva e debater cargos e salários.
4 - Ampliar o limite de consulta do convênio médico para titular e dependentes.
5 - Correção do (P.P.P.) para a realidade do trabalho atual.
6 - Reduzir o tempo de trajeto do transporte oferecido pela empresa.
7 - Definir as funções técnicas dos operadores da Rhodia.
8 - Reposição dos postos de trabalho na fábrica.
9 - Discutir melhores condições de salários para os terceirizados.

O Sacro Império do Vaticano

“Nos tempos modernos, a Igreja Católica surge, invariavelmente, em paralelo com as teorias e as práticas de uma escola capitalista liberal que procura instalar e consolidar conceitos de um expansionismo ilimitado baseado nas novas tecnologias e nas audácias da livre iniciativa sem travões. O alvo é o lucro e a sua acumulação, nos quadros de uma proclamada «sociedade da abundância» edificada sobre os escombros das gerações anteriores”
Jorge Messias* - 06.11.08

A espessa crise económica e financeira em que o capitalismo mergulha volta a suscitar interesse pela história do passado recente e pelas facetas secretas do problema que se disfarçam entre as pregas das togas dos banqueiros. Nomeadamente (não hesitemos em afirmá-lo) pelo papel determinante que no «sobe-e-desce» das bolsas as centrais católicas desempenham. Esta questão é determinante.Como introdução a outras informações disponíveis, acerca do universo bancário que o Vaticano domina, poderá ajustar-se o texto de um autor italiano – Nino Lo Bello – que numa obra densamente fundamentada, intitulada «O empório do Vaticano» escreveu a certo passo: «Jamais esquecerei a primeira vez que estive num banco da Cidade do Vaticano a observar os “caixas” no seu trabalho, atendendo freiras, jesuítas, missionários e bispos. Num momento de acalmia, disse a um dos caixas: - “Suponho que alguns dos seus clientes, na sua qualidade de religiosos, não saberão muito de dinheiro”. Então, o jovem funcionário deu a resposta correcta a esta demonstração de ingenuidade, comentando com a precisão de uma calculadora: - “A minha experiência diz-me que todos eles sabem muito de dinheiro”». Lo Bello acrescenta depois ser sua intenção que o livro de que é autor «tente clarificar as relações do Vaticano com o cifrão do dólar, símbolo hoje tão poderoso como o da cruz». Esse é um trabalho que se impõe também desenvolver entre nós.Nos tempos modernos, a Igreja Católica surge, invariavelmente, em paralelo com as teorias e as práticas de uma escola capitalista liberal que procura instalar e consolidar conceitos de um expansionismo ilimitado baseado nas novas tecnologias e nas audácias da livre iniciativa sem travões. O alvo é o lucro e a sua acumulação, nos quadros de uma proclamada «sociedade da abundância» edificada sobre os escombros das gerações anteriores. Para que estes fins sejam rapidamente atingidos terão de subestimar-se as questões da segurança económica e as regras elementares da ética social. Dizia Kenneth Galbraith, um dos grandes mentores do capitalismo que «por assim dizer, a falta de segurança é inerente ao modelo de sociedade competitiva... mas há quem acredite que com paciência, fé e orações, não será impossível evitar simultaneamente o desemprego, a inflação e os controlos económicos» («Sociedade da Abundância», capítulos VIII e XXI). Galbraith escreve esta passagem com frio sentido de humor ...A expansão do Sacro ImpérioNo Vaticano, um contemporâneo de Galbraith partilhava as mesmas ideias. Bernardino Nogara (1870/1958) recebeu dos cardeais as funções de administrador de um fundo de 90 milhões de dólares, pagos pelo Estado italiano à Santa Sé a título de indemnizações pela extinção dos Estados Papais. Em lugar de pôr o dinheiro a render, Nogara aplicou-o nos negócios e em todo o mundo. O banqueiro lançou a sua primeira rede de informadores financeiros e passou a coordenar os dados recebidos através da malha internacional de núncios, bispos e especialistas católicos. Investia, recolhia os lucros e entregava-os a empresas dominadas pelo Vaticano. Então, essa empresa ou grupo de empresas depositava o montante na Suíça, creditava-se a si própria pelos juros que pagaria nos EUA e reinvestia o capital noutros negócios seguros. Estes capitais eclesiásticos e esta política financeira, já então tipicamente neocapitalista, aumentou depois com as aplicações das cláusulas monetárias do Tratado de Latrão (1929) que institucionalizou o reconhecimento do Vaticano por parte do estado fascista italiano. Mussolini pagou à Igreja 40 milhões de dólares, de uma só vez; mais 50 milhões através da transferência de acções da dívida pública; finalmente, aceitou responsabilizar-se pelo pagamento dos salários dos padres italianos residentes, pela isenção de impostos dos funcionários da Santa Sé e pela entrega à gestão eclesiástica das «corporações caritativas» que funcionavam em Itália. Por aqui podemos ver como, de certo modo, o contexto histórico de 1929 não era tão diferente do actual como agora se pretende. Entre ontem e hoje há um nítido paralelo: anos de bancarrota e de miséria, de desemprego maciço, de agravamento da insegurança económica e social. Mas, igualmente, anos doirados para a Igreja, trânsito aberto ao grande capital e às fortunas e espaços sociais vazios onde a Hierarquia manobra à vontade. Nogara viu na «grande crise» das bolsas o momento certo para comprar, vender e especular. Comprou por atacado grandes empresas petrolíferas falidas no mercado dos carburantes. Passou assim a controlar a “Italgás” (cuja maioria de capital a Igreja conserva) e o fornecimento exclusivo do gás a 36 grandes cidades italianas. Na área financeira investiu nos grandes bancos e mutualidades de reputação mundial, como o Banco di Roma, o Banco do Santo Espírito, o Crédito Rural, o Crédit Suisse, o JP Morgan, o Hambros Bank, o Chase Manhattan, o First National Bank, o Continental, etc., etc. Hoje, tantos anos passados, não é sem algum espanto que se constata estarem a surgir de novo os nomes desses gigantescos bancos falidos, comprados e ressuscitados por Nogara, nas listas de intervenção e socorro dos estados capitalistas aos grandes bancos para onde os governos canalizam biliões de dólares.Nogara morreu em 1958 e foi canonizado poucos anos depois. Bem podem os papas ficar gratos a este verdadeiro génio mau do capitalismo eclesiástico. Com ele, o Vaticano atingiu dimensões financeiras nunca vistas. Para além das áreas já referidas, a Igreja passou a dominar os mercados do imobiliário, dos seguros, da siderurgia, dos produtos alimentares, da hotelaria, do turismo, do ensino privado, dos desportos, da comunicação social, etc., etc. Inclusivamente, aplicou-se no fabuloso negócio dos armamentos. Um exemplo de que assim foi já nos tempos do fascismo italiano pode ir buscar-se aos contratos firmados entre a empresa de munições “Nogara” e Mussolini. A fábrica trabalhava noite e dia para fornecer explosivos às hordas fascistas que devastavam, nesse tempo, a Abissínia.O mito da «piedade» e do «filantropismo da igreja» agigantou-se nos tempo de Nogara e serviu para encobrir gigantescos negócios financeiros, mesmo aqueles que decorriam à margem da lei. A verdade viria a revelar-se um pouco após a morte do banqueiro, com os escândalos do Banco Ambrosiano, do cardeal Marcinkus, das fraudes fiscais, dos off-shores, das ligações com a Mafia e com crimes de morte nunca esclarecidos.Nada veio a acontecer aos grandes criminosos. Salvaram-nos os protectores de «longas vestes». As gigantescas empresas envolvidas nos escândalos mudaram as fachadas das suas holdings, dispersaram os seus lucros e continuaram, tranquilamente, a crescer. Por isso as vamos reencontrando nas listas de credores que o FMI financia principescamente.Dizer de outra maneira mas o mesmo...Antes de pormos ponto final a esta tentativa de esboço panorâmico do poder financeiro eclesiástico convirá dar-se relevo a um elo que liga o que aconteceu há meio século e o que agora volta a acontecer. As questões de detalhe são irrelevantes. O que interessa é analisarmos conteúdos. A partir de 1929, quando Nogara começou a comprar grupos de empresas falidas, estas traziam consigo passivos desastrosos. Eram milhões e milhões de liras de dívidas incobráveis. Nogara sentiu os riscos que corria e a necessidade de eliminá-los rapidamente. O grande negócio da compra de bancos (Roma, Santo Espírito, Crédito Rural) podia afundar-se sob o peso do montante das dívidas. Se assim fosse, a sonhada era neocapitalista ficaria por ali e o Vaticano correria sérios riscos.De uma forma imaginosa, Nogara conseguiu ultrapassar essa arriscada fase dos seus planos. Contando com a cumplicidade de Mussolini manipulou passagens da então recente Concordata de Latrão e deu-lhes uma «leitura» conveniente aos interesses do Vaticano. Na mesma linha de rumo Mussolini criou, a nível do Estado, o IRI-Instituto di Recostruzioni Industriale cuja finalidade principal era a gestão de fundos do Estado destinados a salvar empresas privadas e bancos em risco. Então, os bancos que Nogara adquirira foram maciçamente transferidos para o Tesouro fascista que os comprou, não aos preços correntes do mercado (isto é, desvalorizados) mas na base do seu valor original. Esta operação permitiu a Nogara e à Igreja fazerem um encaixe superior a 632 milhões de dólares. Razão tinha Pio XI ao constatar que «Mussolini foi o homem enviado pela Providência!».Depois, Nogara passou à fase seguinte da sua operação de recuperação da crise.O Tratado de Latrão incluia três alíneas (Nos. 29, 30 e 31) que isentavam de impostos as chamadas «corporações eclesiásticas», isto é, as instituições religiosas directamente geridas pelo clero. Então, Nogara propôs e defendeu a tese de que, nesse sentido, «eclesiásticos» eram todos os institutos católicos, à luz do direito canónico e da tradição. O IOR, por exemplo (o Banco do Vaticano) devia ser reconhecido como «um Templo a fazer o trabalho de Deus». Mussolini deixou-se facilmente convencer e durante os anos negros do fascismo a Igreja italiana jamais pagou impostos. Somou, assim, milhões e milhões de mais-valias.Não tem sido puro acaso a forma como no mundo católico a constituição de gigantescos grupos financeiros tem vindo a acompanhar o desenvolvimento das «sociedades civis». Por um lado, acumulação de lucros astronómicos, subida em flecha do custo de vida e do desemprego, invocação da crise económica para justificar a supressão de direitos e conquistas dos trabalhadores. A «crise» será paga com o sangue dos pobres e com a engorda dos ricos.Por outro lado, despesas sumptuárias do Estado capitalista, abertura ao grande patronato, fusão de grandes bancos e empresas, destruição consciente das pequenas e médias empresas como forma «sanitária» de protecção dos grandes monopólios, constante desvio de verbas orçamentais para os bolsos dos banqueiros ou para os cofres do Vaticano. Em tudo isto a Igreja participa alegremente, distribuindo bênçãos abundantes aos seus amigos. E o fosso abismal entre ricos e pobres não cessa de se aprofundar.Uma coisa é certa: o figurino criado pelo Tratado de Latrão e pelas várias Concordatas firmadas pela Igreja Católica com os Estados capitalistas continua válido e funciona. Tem caboucos profundos nas desigualdades e na injustiça. Tem que ser destruído como qualquer doença que causa sofrimento e morte. Não se «reconverterá».

04/11/2008

Grupo de Estudos Caio Prado Jr.

O Grupo de Estudos Caio Prado Jr. volta a se reunir, desta vez o debate será a Crise do Capitalismo Mundial. Todos estão convidados e o encontro não pressupõe inscrição, basta aparecer e participar do debate.

Dia: 08/11/2008

Horário: 09:30h

Local: Sindicato dos Químicos de Campinas e Região, na Avenida Barão de Itapura, 2022, Jardim Guanabara, Campinas/SP.

Democratas alertas contra possibilidade de fraudes na eleição


O democrata Barack Obama lidera as últimas pesquisas, mas seus partidários estão atentos para a possibilidade de fraudes, especialmente na Flórida, como já ocorreu em eleições anteriores. Jornalista Greg Palast adverte que até 6 milhões de eleitores podem ter seus votos anulados por conta de fraudes na Flórida e no Colorado. Mas no quadro atual, nem isso tiraria a vitória de Obama.

Por Clarissa Pont

A campanha pela Casa Branca chega à reta final, a poucas horas da abertura dos centros de votação, com o democrata Barack Obama e o republicano John McCain multiplicando comícios em todo o país. A eleição presidencial estadunidense desta terça-feira (4) promete ser histórica, com a possibilidade de ter o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Nas últimas horas, Obama faz campanha na Flórida, na Carolina do Norte e na Virgínia. Já McCain, atrás em todas as consultas de opinião pública, promove uma verdadeira maratona eleitoral, com comícios em sete estados, da Flórida ao Arizona. Cerca de 153 milhões de americanos estão inscritos nas listas eleitorais, e especialistas prevêem um nível de participação elevado que poderia, até, superar o recorde histórico de 63% de votantes, estabelecido em 1960. Cerca de 20% dos eleitores já votaram por antecipação. Como nas últimas semanas, as pesquisas publicadas nesta segunda-feira foram favoráveis a Obama. Segundo o site independente RealClearPolitics (RCP), que estabelece uma média das pesquisas publicadas, o candidato democrata tem uma vantagem de sete pontos em relação a seu adversário republicano. Porém, devido à complexidade do sistema de votação, o mais importante não é o número de votos, mas a vitória em alguns estados-chave como Ohio, Pensilvânia e Flórida. Em 2000, George W. Bush foi eleito presidente com menos votos que seu adversário democrata Al Gore.“A preocupação agora é convencer as pessoas a realmente votarem. A imprensa dedicada à população afroamericana segue afirmando que a eleição não está ganha, que se as pessoas ficarem em casa, a mudança não acontecerá. Também há orientações para que as comemorações sejam respeitosas, comedidas. ‘Lembrem-se que o ódio de certos grupos estará tão aguçado quanto a sua alegria’, é a frase que tem sido dita”, conta Lis Paz, brasileira que mora em Nova Iorque.“Hillary Clinton falou na manhã desta segunda, numa emissora voltada para o público negro, que, em geral, os presidentes eleitos respeitam o final do mandato do seu antecessor, mas que Obama não ficará calado até janeiro. Há muito o que mudar, destacou Clinton”, informa Lis. O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, lidera nos cruciais Estados de Ohio e Pensilvânia, apesar da vantagem ter diminuído no final da campanha, aponta uma pesquisa da Universidade Quinnipiac divulgada nesta segunda feira. Segundo a mesma sondagem, a Flórida permanece indefinida. No Estado, o democrata lidera com 47% a 45%, dentro da margem de erro de 2,5 pontos percentuais. O resultado é o mesmo da última sondagem no Estado. "O senador Obama parece capaz do melhor resultado de qualquer candidato democrata entre os eleitores brancos em uma geração, voltando pelo menos aos patamares de Jimmy Carter, em 1976, ou talvez de Lyndon Johnson, em 1964", disse Peter Brown, diretor-assistente do Instituto de Pesquisas da Universidade Quinnipiac. Desde 1960, nenhum candidato à presidência dos EUA venceu sem conseguir pelo menos dois desses três Estados.O centro de pesquisas Gallup aponta Obama oito pontos à frente de seu adversário, ao dar a ele 51% das intenções de voto, contra 43% de McCain. Já a rede de televisão CNN situa o democrata sete pontos à frente, com 53% das intenções contra 46% de McCain. Keating Holland, responsável pela divisão política da CNN recomendou que os números sejam encarados com cautela. Segundo ele, nos Estados Unidos, cerca de um em cada dez eleitores costumam se decidir nos últimos dias da campanha. “A campanha nas ruas tem algumas coisas que chamam atenção, como muitos adesivos a favor de Obama escritos em hebraico. A comunidade judaica, inclusive em Israel, está com Obama, apesar das tentativas republicanas de apavorar a população inteira falando de possíveis relações do democrata com terroristas", relata Lis Paz. “Um adesivo muito popular é o ‘01-20-2009 Bush's last day’. Em alguns carros, ele está acompanhado pelo adesivo do Obama e, em outros, pelo símbolo da paz. A revista que vem encartada com o New York Times comentou, há duas semanas, a mudança de imagem de McCain durante esta campanha, tentando agradar a todos e perdendo a identidade, o que me fez lembrar muito do Geraldo Alckmin das últimas eleições. De qualquer forma, existem muitos adesivos e placas em frente às casas de McCain, aparentemente Obama está em maior número”, observa ainda Lis.Possíveis fraudesUma das preocupações dos democratas é quanto aos rumores insistentes de fraudes na Flórida. Segundo o jornalista Greg Palast, os rumores não são apenas boatos. Autor de "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar", no qual demonstra como votos foram fraudados na eleição de 2000, repórter investigativo da BBC e do jornal inglês Observer, ele estima que 6 milhões de eleitores poderão ser impedidos de terem os votos contados por causa de fraudes na Flórida e no Colorado. "Mas a vantagem de Obama é tão grande que, até agora, isto não será suficiente para impedir sua eleição", diz Palast, que também é professor da Universidade de Chicago.“Na Flórida, estão impedindo as pessoas de votar através de um sistema que eles chamam de verificação de eleitores. Nunca se fez isso antes, simplesmente porque nos Estados Unidos não existe nem carteira de identidade. Isto afeta especialmente os eleitores de primeira viagem - e dois terços deles votam em Obama. Este sistema já restringiu o direito de votar de 85 mil pessoas, quase todos negros, o que combina com uma longa história de racismo na Flórida. E, claro, lembremos que este foi o estado onde George W. Bush roubou a eleição em 2000, não deixando votar os eleitores respondendo a algum processo ou tendo algum registro policial”, afirma Palast.As próximas horas mostrarão a exata dimensão desse temor. Rescaldados pelas últimas eleições, os democratas estão mais atentos do que nunca para evitar uma surpresa desagradável na reta final.
Fonte: Agência Carta Maior