24/01/2009

A UNE já voltou pra casa, volta pra luta quando?

A UNE já retornou pra sua casa (terreno na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, onde se localizava a sede nacional da UNE, incendiada nos primeiros momentos do golpe de 1964) em uma reparação histórica fruto de uma intensa agenda de mobilização durante a Bienal de Cultura da UNE em principio 2007. Tal mobilização contou com a presença não apenas dos diretores da UNE como do conjunto do movimento estudantil.

A UNE está de volta a casa, porém segue longe, muito longe das lutas.

Recentemente durante as mobilizações da campanha “O Petróleo Tem Que Ser Nosso” a ausência da UNE foi, além de evidente, preocupante. A UNE não pode sofrer tanta influência direta em seus posicionamentos do seu campo majoritário (UJS / PCdoB). O fato do Presidente da ANP (Agencia Nacional do Petróleo), que é quem organiza os leilões das bacias de petróleo, ser o vice presidente do PCdoB Haroldo Lima não pode impedir que a UNE, com todo o seu peso histórico e de mobilizações fique passiva diante dos acordos na base do Governo Luis Inácio, o Lula.

A UNE não pode se pautar pelos compromissos assumidos pelo PCdoB / UJS na base do Governo Federal. Postura como a vergonhosa passeata estudantil apoiando Eduardo Paes do PMDB no segundo turno das eleições cariocas, nem mesmo diante das justificativas mais sem fundamentos que argumentavam que tal apoio teria sido apenas da presidente da UNE, como se a própria defesa de presidencialismo e suas atribuições para a UNE feita pela UJS fossem ignoradas, isso sem levar em consideração o fato de que Lucia Stumpf não é carioca, e não tem seu domicilio eleitoral no Rio de Janeiro, tendo como projeção política seu nome enquanto presidente da entidade.

A UJC possui a compreensão de que a entidade UNE é maior que as forças que a compõem, e, portanto, não devendo ser pautada pelas necessidades das organizações que a dirigem. Devemos fortalecer o dialogo da UNE diretamente com a base do movimento, com os estudantes, nos cursos, nas faculdades e universidades do Brasil.
A UNE deve voltar suas atenções a um projeto de educação que de fato revolucione a educação superior brasileira, devemos debater em todo o lugar, onde houver estudantes a Universidade Popular, a possibilidade e a necessidade de se construir uma proposta de Universidade diferente, qualitativamente nova.

Queremos uma UNE independente de governos e partidos, que não se receie de criticar, mobilizar e organizar a luta dos estudantes e além, se integrar a todas as lutas justas e necessárias, mesmo contra o a presidência de Lula, com seus ataques aos direitos dos trabalhadores e sua política em defesa do interesse do grande capital.

A UJC reafirma seu compromisso com a UNE, desde sua fundação, passando pelos anos onde a UNE era dirigida pela direita, caçada pela ditadura, reorganizada pela base até os dias de hoje, mas nosso compromisso é político, não somente com o símbolo da UNE, nem com sua bandeira, mas com a sua luta, com sua trajetória, com o movimento estudantil representado e dirigido pela UNE. Defendemos a Unicidade do movimento estudantil, pois em momentos como esses a divisão e o pluralismo de organizações prejudica e divide o movimento, num momento de fragilidade, de ofensiva a cooptação pela elite dos movimentos sociais. A UJC defende uma UNE mais democrática, mais participativa, mais presente nas lutas estudantis.

Defendemos hoje, mais do que por possibilidade, mas por necessidade a tarefa de trazer a UNE de volta para as Lutas e para os estudantes.

Coordenação Nacional da UJC

21/01/2009

DECLARAÇÃO POLÍTICA DA UNIÃO JUVENTUDE COMUNISTA

A mais grave crise da história do capitalismo bate às portas da humanidade, anunciando várias conseqüências negativas para o proletariado. Para tentar sair da crise, o capital não pensa duas vezes ao saquear os cofres públicos para salvar banqueiros e oligopólios; não vacilara um minuto em atacar ainda mais os salários, os direitos sociais e trabalhistas, além de diminuir a qualidade dos serviços públicos; não tergiversara um só instante ao aprofundar a exploração e a barbárie, sem se importar com o agravamento da fome e da miséria; não titubeara em recorrer a mais guerras e agressões militares nem em recrudescer a criminalização aos movimentos sociais e às organizações populares e revolucionárias. Cada vez mais se acentuará no mundo a contradição entre o capital e o trabalho.
Neste contexto, o imperialismo estadunidense a fim de dar uma sobrevida a seu sistema de dominação, já que vem enfrentando uma das maiores crises da história universal, volta seus olhares e garras sobre a América Latina. Como exemplo, tomamos a continuidade do nefasto bloqueio econômico imposto a Cuba, que heroicamente resiste há 50 anos sem dobrar-se ao imperialismo, mantendo-se com todas as vicissitudes, no rumo da construção da sociedade socialista. Como parte de nossas manifestações de solidariedade a Cuba Socialista, a UJC fazemos parte da Brigada de Solidariedade a Cuba e comemoraremos, sem vacilações, os 50 anos de nossa Revolução Cubana ao longo do ano.
O capital e o imperialismo, no bojo da sua crise, vem sofrendo uma resistência ferrenha pelos povos que não aceitam mais tal tipo de dominação. Um dos casos exemplares é a luta dos trabalhadores e do povo grego contra a opressão do capital e a constante diminuição e precarização dos direitos dos trabalhadores naquele país. A resistência que se manifestou através de confrontos de rua contra a policia grega e nos processos de greve geral, abrem a possibilidade de um acúmulo para a construção de mecanismos de poder popular que façam avançar as lutas pelo socialismo.
No oriente médio, alguns setores do povo palestino resistem à ofensiva do Estado Sionista de Israel. A política de eliminação física do povo palestino levada a cabo pela chanceler Tzipi Livni, filha de militantes do grupo terrorista Irgun, fundado na década de 1920 por Zeev Jabotinsky, amigo pessoal de Mussolini mostra que tanto o Kadima quanto o Likud, são farinha do mesmo saco, disputando a legitimidade do legado de Jabotinsky. A Direita Sionista, sustentada pela burguesia israelense e pelo imperialismo estadunidense, aposta na reconstrução de um estado chamado Israel que tenha suas fronteiras delineadas pelos versículos bíblicos e que reconduzam o povo de Israel, no sentido de todos os judeus, para a reconstrução do templo e a redenção do povo escolhido. Para tanto, buscam junto à teoria revisionista garantir uma maioria judaica no Estado, custe o que custar, o chamado Iron Wall. Isso envolve, inclusive, a eliminação física do povo palestino. No entanto não podemos confundir governo, classes e Estado. Há uma resistência binacional ferrenha comungada entre israelenses e palestinos pela superação da lógica do muro de ferro e pela convivência pacifica de povos co-irmãos. O Partido Comunista Israelense condena o massacre cometido pela direita sionista contra o povo palestino de Gaza e mobiliza amplos setores em uma frente popular contra o fascismo revisionista. Não podemos deixar de atentar para uma confluência conjuntural entre interesses nacionais sionistas revisionistas e interesses imperialistas estadunidenses. A UJC toma partido nessa querela atentando para o estabelecimento de uma linha justa, que não permita nem a ascensão do fascismo sionista revisionista, tampouco do anti-semitismo e do fundamentalismo islâmico.
No cenário nacional, os Jovens Trabalhadores da UJC vem somando esforços na construção da Corrente Sindical Unidade Classista e no fortalecimento da INTERSINDICAL e participaremos das mobilizações dos trabalhadores no enfrentamento dos efeitos da Crise Econômica Mundial.
Estivemos presentes no Seminário Internacional Juvenil pela Paz na Colômbia e no XIIIº Congresso da Juventude Comunista Colombiana, reafirmamos nossa solidariedade irrestrita a JUCO na luta pela Paz Democrática, com justiça social e econômica na Colômbia. Denunciamos à comunidade internacional as atrocidades cometidas pelo Governo fascista de Uribe através de sua política de "segurança democrática" onde se mata inocentes jovens colombianos para propagandear falsas estatísticas (Falsos positivos) de mortos em combate contra a insurgência. Não colaboramos com a satanização e criminalização de organizações políticas insurgentes, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e defendemos o processo de negociação política (através da UNASUR) reconhecendo o conteúdo político, econômico e social do conflito colombiano.
Estaremos em Belém (Para) no Fórum Social Mundial levando a seguinte mensagem dos jovens comunistas - Socialismo: o outro mundo possível. A crise enterra as ilusões dos que pretenderam humanizar o capitalismo.
Participamos desde a primeira hora da campanha nacional O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO! A ocupação do prédio da PETROBRAS e a luta contra a décima rodada de licitação do Petróleo foram as primeiras ações desta campanha de fundamental importância na qual nós da UJC impulsionaremos em todas nossas frentes de atuação nos Estados onde estamos organizados.
A soberania nacional é ponto chave nesta discussão. Não é a toa que novamente os esquifes imperialistas navegam em nossas águas territoriais, nos lembrando das peripécias de articulação dos golpes na América Latina. Durante 40 anos a quarta frota não colocava suas "asinhas de fora" e agora vem para bisbilhotar as novas descobertas de ouro negro feitas em nosso território. Não fazem esse tipo de ameaça sem aliados. Seus comparsas são lobos em peles de cordeiros, o governo Lula e seus aliados, inclusive o PC do B vem rezando na cartilha do Império. A ANP demonstra-se cada vez mais vacilante e inclusive entreguista com o patrimônio nacional estratégico. Doou a empresa Haliburton os bancos de dados da Petrobras, construídos durante 50 anos de dura e árdua pesquisa autônoma e nacional na área petrolífera.
Vamos ao 12º Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE para trazer a UNE para a luta dos estudantes na perspectiva da construção da Universidade Popular. Defendemos que a UNE tenha autonomia frente ao Governo Lula, que a entidade possa avançar na organização e luta do movimento estudantil brasileiro, que busque a unidade de ação com organizações nacionais como a INTERSINDICAL e o MST e tenha propostas avançadas para transformarmos as estruturas das universidades brasileiras. Rechaçamos o divisionismo e o paralelismo no movimento estudantil brasileiro nos esforçando para que a entidade nacional dos estudantes universitários possa contribuir de fato com as lutas gerais da juventude brasileira. Saudamos a iniciativa da UNE de construção junto a Organização Caribenha e Latino Americana dos Estudantes - OCLAE da primeira bienal Latino Americana de Cultura e Arte.
Defendemos a construção de uma FRENTE POLÍTICA baseada num programa comum e na unidade de ação, não apenas para disputar eleições, mas para unir, organizar e mobilizar os setores populares num bloco histórico para lutar por uma alternativa de esquerda para o país, capaz de galvanizar os trabalhadores pelas transformações econômicas, sociais e políticas, na perspectiva do SOCIALISMO.
A União da Juventude Comunista, UJC, em seus 81 anos de história, reorganizada em 2005, configura a mais antiga organização de juventude em atividade no Brasil. Carregamos em nossa trajetória inúmeras bandeiras, sendo que várias delas, ainda hoje demonstram vigência e atualidade. A grande jornada nacional de luta pelo petróleo, a luta contra o fascismo e o imperialismo, a luta pela livre associação e a luta pela paz e o socialismo.
Em 2009, realizaremos nosso Congresso Nacional na perspectiva de buscar uma maior inserção e organização da UJC em várias frentes de luta. A atual conjuntura nos requer maiores responsabilidades na compreensão e na prática coletiva, para alçarmos a UJC como força política nacional capaz de impulsionar as lutas da juventude brasileira e estar condizente com sua história de lutas.

Viva a União da Juventude Comunista!
Comissão Política Nacional da UJC – BRASIL
Rio de Janeiro, 03 de janeiro de 2009.

18/01/2009

El primer ministro palestino se dirige desde Gaza a los lectores occidentales


Mi mensaje a Occidente

Por Ismail Haniyeh (Palestinechronicle)

Traducido por Nadia Hasan y revisado por Caty R.


Escribo este artículo a los lectores occidentales de todo el espectro político y social mientras la maquinaria de guerra israelí continúa la matanza de mi pueblo en Gaza. Hasta la fecha, más de 1.000 personas han sido asesinadas, la mitad de las cuales son mujeres y niños. La semana pasada el bombardeo a la escuela de la UNRWA (Agencia de ayuda a los refugiados de las Naciones Unidas) en el campamento de refugiados de Jabalya fue uno de los crímenes más despreciables que se puedan imaginar, mientras cientos de civiles debieron abandonar sus hogares en busca de refugio en la sede del organismo internacional sólo para resultar bombardeados sin piedad por Israel. Cuarenta y seis niños y mujeres fueron asesinados en ese odioso ataque y decenas de personas más resultaron heridas.

Evidentemente, la retirada de Israel de la Franja de Gaza en 2005 no puso fin a su ocupación ni, en consecuencia, a sus obligaciones internacionales como potencia ocupante. Siguió controlando y dominando nuestras fronteras por tierra, mar y aire. De hecho, las Naciones Unidas han confirmado que entre 2005 y 2008, el ejército israelí mató a casi 1.250 palestinos en Gaza, incluidos 222 niños. Durante la mayor parte de este período los cruces de frontera permanecieron cerrados, permitiendo sólo el acceso de una cantidad limitada de alimentos, combustible industrial, alimentos para animales y otros artículos esenciales.


A pesar de sus frenéticos esfuerzos por ocultarlo, la causa fundamental de la guerra criminal de Israel en Gaza es la elección de 2006, que dio la victoria a Hamás por una amplia mayoría. Lo que ocurrió después fue que Israel, junto con Estados Unidos y la Unión Europea, unieron sus fuerzas con el fin de anular la voluntad democrática del pueblo palestino. Decidieron, en primer lugar, revertir la decisión del pueblo a través de la obstrucción de la formación de un gobierno de unidad nacional, y a continuación convirtiendo en un infierno la vida del pueblo palestino por medio de la asfixia económica. El abyecto fracaso de todas estas maquinaciones, finalmente, ha conducido a esta guerra cruel. El objetivo de Israel es acallar todas las voces que expresan la voluntad de los palestinos para después imponer sus propios términos para una solución definitiva privándonos de nuestra tierra, nuestro derecho a Jerusalén como la capital de nuestro legítimo futuro Estado y del derecho de los refugiados palestinos a regresar a sus hogares.

En última instancia, el sitio completo en Gaza, que viola manifiestamente la Cuarta Convención de Ginebra, impide la entrada de la mayoría de los suministros médicos básicos para nuestros hospitales. Está prohibida la entrega de combustible y suministro de electricidad a nuestra población. Y encima de toda esta falta de humanidad, se nos niegan la comida y la libertad de movimientos, e incluso la posibilidad de acceder a tratamiento médico. Esto condujo a la muerte, que se podría haber evitado, de cientos de pacientes y a una espiral creciente de malnutrición entre los niños.

Los palestinos están horrorizados de que los miembros de la Unión Europea no vean este vergonzoso estado de sitio como una forma de agresión. A pesar de la abrumadora evidencia, afirman sin vergüenza que Hamás causó esta catástrofe al pueblo palestino al no renovar la tregua. Sin embargo, nos preguntamos, ¿Israel cumplió con los términos del alto al fuego mediado por Egipto en junio? No lo hizo. El acuerdo estipulaba un levantamiento del sitio y el fin de los ataques en Cisjordania y la Franja de Gaza. A pesar de todo nuestro respeto a los términos del acuerdo, los israelíes continuaron con el asesinato de palestinos en Gaza, así como en Cisjordania, durante lo que fue conocido como el año de la paz de Anápolis.

Ninguna de las atrocidades cometidas contra de nuestras escuelas, universidades, mezquitas, ministerios e infraestructura civil, nos disuaden de la reivindicación de nuestros derechos nacionales. No cabe duda de que Israel podría destruir todos los edificios en la Franja de Gaza, pero nunca destruirá nuestra determinación o resolución de vivir con dignidad en nuestra tierra. Si agrupar a los civiles en un edificio para después bombardearlos o utilizar bombas de fósforo y misiles no son crímenes de guerra, ¿qué son? ¿Cuántos tratados y convenios internacionales tiene que violar el Estado sionista de Israel antes de que le pidan cuentas? No hay ni una ciudad en el mundo donde las personas libres y decentes no expresen su indignación por esta brutal opresión. Ni Palestina ni el mundo serán los mismos después de estos crímenes.

Sólo hay un camino a seguir, no hay otro. Nuestras condiciones para un nuevo alto el fuego son claras y simples. Israel debe poner fin a su guerra criminal y a la masacre de nuestro pueblo, levantar completa e incondicionalmente su asedio en la Franja de Gaza, abrir todos los pasos fronterizos y retirarse completamente de Gaza. Después de esto podríamos considerar futuras opciones. En última instancia, los palestinos son un pueblo que lucha por librarse de la ocupación, por el establecimiento de un Estado independiente con Jerusalén como su capital y el retorno de los refugiados a sus pueblos de los que fueron expulsados. Sea cual sea el coste, la continuación de las masacres de Israel no quebrantará nuestra voluntad ni nuestra aspiración a la libertad y la independencia.

Fuente: http://www.palestinechronicle. com/view_article_details.php?id=14679
Ismail Haniyeh es el Primer Ministro del gobierno palestino en Gaza. (Este texto se publicó originalmente en el British Independient el 15 de enero de 2009)