13/12/2008

Pausa para a literatura

Descarrilo

Descarrilou surpreendentemente, decepcionou, não a si mesmo, mas à uns certos tipos que dele esperavam aquilo que jamais pudera oferecer. Tentou, é verdade, não podemos negar o esforço que desprendeu em ser “normal”. Quis verdadeiramente apagar aquela chama que o tornava anormal, no entanto, a chama o queimou ao passo que seus esforços tentavam conduzi-lo por caminho oposto.

E quão oposto era o caminho que este tipo logrou seguir. Imposição do mundo, sim. Na verdade não era vítima, tinha discricionariedade, podia ter assumido sua anormalidade, não o fez, preferiu vestir a máscara da normalidade. Que anomalia.

Desfaleceu. Terminou seus dias numa cama, duro como pedra, depois de ingerir o mais forte dos venenos. Sua morte foi rápida, fulminante, esgotou em si mesma uma das poucas possibilidades de reversão da desgraça que assola a própria vida, não a deste tipo, que já não era vida desde há muito tempo, mas dos outros mortos, que se quedam vivos por aí, sobem e descem as ladeiras, com pesos nas costas e não se dão conta de carregam um mundo que não os pertence, e lutam pelo gozo de uns poucos malditos que não sabem o peso que tem a cadeira na qual depositam seu imundo e pesado corpo.
Higor F. de Oliveira

11/12/2008

Informações sobre a situação na Grécia

Estimados camaradas,
Algumas informações sobre o desenvolvimento dos acontecimentos na Grécia:
Atividades do Partido Comunista da Grécia (KKE) e Juventude Comunista da Grécia (KNE)
Desde o primeiro momento KKE e KNE se pronunciaram condenando o assassinato do menor (de 15 anos) pela polícia, e destacando as enormes responsabilidades políticas do governo do ND's e assinalando que as medidas e atitudes anti-democráticas e autoritárias, a repressão estatal, são o complemento natural da política que promove golpe após golpe para os direitos trabalhistas e sociais dos trabalhadores e da juventude.

A delegação do KKE deslocou-se à sede central da polícia em Atenas no domingo e apresentou um protesto contra a morte do jovem rapaz, cujo funeral terá lugar hoje, às 3 à tarde.
Ontem, 8 de dezembro, o KKE realizou uma série de protestos e manifestações nas principais cidades da Grécia contra a repressão estatal. Em Atenas, a Secretária Geral do CC (KKE) Aleka Papariga, liderou um enorme comício no centro da cidade. Ela frisou que os eventos que levaram ao assassinato do menino são uma "Crônica de uma Morte Anunciada", por uma política que considera o povo como o inimigo, por uma política que detesta a greve, a manifestação, a luta.

Além disso, os deputados do KKE apresentaram uma interpelação parlamentar ao Governo sobre o caso. Ao mesmo tempo, o KKE tem chamado também os sindicatos e outras organizações de massa populares da juventude para organizar as suas próprias ações massivas de protesto, sublinhando que a repressão e o autoritarismo estatal atacam primeiro e principalmente os trabalhadores e os movimentos populares.

Desde a manhã de segunda-feira, 8 de dezembro, todas as faculdades estão fechadas por iniciativa da KNE. As coordenação de estudantes ao redor de Atenas decidiram fechar todas as escolas de 8 a 10 de dezembro e tendo chamado para uma manifestação no dia 9 de dezembro, em Atenas, enquanto se fortalecem localmente protestos de estudantes ganham espaço em todo o país.

Também hoje 9 de dezembro, 24 horas, greves foram declaradas pelos professores do ensino secundário e superior, enquanto os funcionários públicos irão realizar paralisação dos trabalhos após 12 hs., pelo funeral do menino assassinado. rofessores do ensino superior estão cogitando uma parada de 24 horas de terça-feira indicando seu luto pela perda do menino Alexis. Kindergarten. A Federação dos Professores debate uma greve. O funeral do menino assassinado será às 15:00 no cemitério Faliron.

Para quarta-feira, 10 de dezembro, a greve geral que tinha sido anunciada por pensões, salários, contra as demissões, pelo direito à educação e os cuidados de saúde, será definitivamente ligada aos acontecimentos.

Sobre os motins

Ao mesmo tempo, o KKE salientou aquela que é a necessidade de hoje, a condenação política do governo, de toda a rede de mecanismos de intimidação e repressão estatal, incluindo os invisíveis. A resposta ao autoritarismo estatal é a luta organizada dentro de um movimento de massas, ordenado para o fim de garantir que as verdadeiras causas não sejam ocultadas.

Os contínuos, organizados e coordenados motins que assistimos paralelamente às enormes mobilizações e protestos têm pouco a ver com a espontânea expressão de raiva e ira, e cada vez mais e mais assumem a forma de abertas provocações contra a crescente onda de protestos. Em qualquer caso, a forma de reagir não reside em motins de retaliação. Pelo contrário, tais eventos são bastante cômodos para aqueles que querem impor o medo e intimidação para o povo, que estão tentando impedir o surgimento de um poderoso movimento de massas organizado e que será capaz de fazer esquecer não só o ND e quaisquer outros governos anti-populares, e preparar o caminho para uma mudança real no nível do poder em favor do povo. Eles serão usados como uma desculpa para a maior intensificação das medidas anti-democráticas e repressivas medidas e atitudes.

O contexto político

Os eventos encontram a Grécia num momento em que a agitação popular foi crescendo, e a posição do governo ND era já de completa dificuldade. As recentemente anunciadas "medidas de crise" em favor dos monopólios, das reivindicações dos industriais para maiores reversões de direitos trabalhistas e sociais - sequer falou do trabalho semanal de 4 dias! -, O orçamento do Estado, os escândalos, a subida dos pedágios, das demissões já acumularam uma insatisfação. Ao mesmo tempo centros do establishment fazem esforços concretos no sentido de rejuvenescer o sistema do bipartidarismo, alteração que foi afrouxando a confiabilidade diante dos olhos dos setores populares. Na opinião do KKE, a tarefa mais urgente é a aceleração do movimento de massas, ação organizada dos trabalhadores e do movimento popular. Só este pode oferecer uma resposta adequada às política anti-populares e às medidas repressivas, pode descobrir e isolar manobras, provocações e planos para apanhar em armadilha o radicalismo emergente, e ao mesmo tempo, pavimentar um caminho para desdobramentos positivos para o povo.
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nfo pela Seção Internacional
Traduzido por Dario da Silva

PERU: ESTRATÉGIA FASCISTA CONTRA DIRIGENTES POLÍTICOS E SOCIAIS

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Todos já sabem da corrupção do governo ultraliberal de Alan García, enfrentada por diversas lutas, enérgicas e combativas, como a Paralisação Nacional em nove de julho, as lutas em Moquegua, Tacna e Madre de Dios, e a luta pela reconstrução do departamento de Ica. Derrotado em sua intenção de privatizar terras, bosques e água das regiões da selva e das comunidades nativas, e diante da incapacidade de atender às demandas do povo, o governo de Alan García pôs em andamento um plano sinistro de caráter repressivo através da Direção Nacional contra o Terrorismo, obrigando o comparecimento (por bem ou por mal) de Ollanta Humala a suas dependências, e expedindo ordens de detenção para Renán Raffo Muñoz, dirigente nacional do Partido Comunista Peruano, Alberto Moreno, Secretário Geral do Partido Comunista do Peru Pátria Vermelha, Olmedo Auris, vice-presidente da CGTP, Luis Benites, dirigente nacional do Partido Povo Unido/UDP, Carlos Benavides, Jorge Jaime Cárdenas, Julio Céspedes, Yen Campos, Luis Marquina, Roger Tabeada e Felicita Cueva, todos eles dirigentes políticos e sociais de oposição ao regime.

Tudo isso se deu enquanto o primeiro ministro, Simón, estava em visita às organizações políticas e sindicais, confundindo o povo, e enquanto o presidente García recebia os representantes do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, oferecendo-lhes um Tratado de Livre Comércio e o nosso patrimônio com maior liberdade de mercado, frente aos governantes responsáveis pela crise financeira e econômica, que endurecem suas políticas protecionistas a favor das empresas transnacionais.

Alan García, para manter seu governo a serviço dos ricos e dos corruptos, aplica uma estratégia fascista contra a oposição, assassinando dirigentes mineiros e camponeses, detendo e perseguindo centenas de lutadores sociais como Héctor Mamio, em Madre de Dios, Efraín Yepes em Cuzco, Roque Gonzales, e dirigentes regionais em Tacna, Moquegua, Valle Apurímac e Ene.
Há uma campanha de divisão dos sindicatos e a satanização de seus dirigentes, como Mario Huamán, Secretário Geral da CGTP e líder da Coordenadora Político Social. Este plano tem o objetivo de destruir e desacreditar a esquerda e a oposição social. Junto a esta campanha macartista, García e Simón enviaram o Projeto de Lei Fascista, ao estilo das piores ditaduras em nosso país, visando eliminar as fundações, os grupamentos políticos, empresariais, ONGs e meios de comunicação suspeitos de atentar contra "a ordem pública, os bons costumes e a segurança do Estado".

O Partido Comunista Peruano condena o governo de Alan García por sua política de criminalização, de assassinatos e perseguição dos dirigentes de esquerda, nacionalistas e de oposição, e exigimos o fim desta política e o respeito ao Estado de Direito, aos direitos civis e trabalhistas.

Expressamos nosso total respaldo e solidariedade aos companheiros que são vítimas da ação repressiva do governo. Não nos deterão em nossa sede de justiça, de soberania nacional e de construir uma alternativa Democrática, Patriótica e Nacionalista com Igualdade e Justiça Social ao serviço das grandes maiorias.

Chamamos todas as forças sociais do mundo a solidarizar-se com nossos companheiros vítimas da repressão, assim como chamamos o povo peruano a mobilizar-se e a se pronunciar repudiando a corrupção e o ultraliberalismo de García, que descarregará a crise sobre as costas do povo peruano.
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VIVA A UNIDADE E AS LUTAS DO POVO!
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ABAIXO A REPRESSÃO!
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Lima, novembro de 2008
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ROBERTO DE LA CRUZ HUAMAN, SECRETÁRIO GERAL PCP
(tradução: Rodrigo Fonseca)

10/12/2008

EUA: tomada de fábrica por operários vira luta nacional

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A tomada de uma fábrica por seus trabalhadores demitidos em Chicago se converteu em um símbolo nacional de que o resgate do setor financeiro por Washington não se traduziu em um apoio para as maiorias. Desde o presidente eleito Barack Obama e parlamentares federais e locais até o governador de Illinois já expressaram apoio às demandas dos operários.
Por David Brooks, para o La Jornada.

Tudo começou quando os 260 operários da fábrica de janelas e portas Republic Windows and Doors foram informados por seus patrões, com apenas três dias de antecedência, do fechamento da indústria, previsto para o fim de semana passado. O fechamento ocorreu depois que o Bank of America suspendeu sua linha de crédito à indústria.
Na sexta-feira, dezenas de trabalhadores tomaram a fábrica e se negaram a deixá-la, pois denunciam que não foram notificados com os 60 dias de antecipação previstos em leu e não lhes pagaram o que deviam.

Em turnos, dezenas de trabalhadores, membros do sindicato nacional independente United Electrical, Radio and Machine Workers of America (UE), um dos mais progressistas e combativos do país, mantiveram guarda dentro da fábrica, enquanto recebiam visitas ilustres, desde o senador Dick Durbin, o segundo em importância na Câmara Alta do parlamento americano, até os representantes federais Luis Gutiérrez e Jan Schakowksy, e o reverendo Jesse Jackson.
A maioria dos trabalhadores são de origem mexicana, junto com um bom número de trabalhadores negros e alguns salvadorenhos e hondurenhos.
No domingo, Obama disse: "creio absolutamente que os trabalhadores, que pedem os benefícios e os salários pelos quais trabalharam, estão corretos, e entendo que o que lhes acontece é um reflexo do que ocorre em toda a economia".

Nesta terça-feira (9), o governador de Illinois, Rod Blagojevich, ordenou que as secretarias estaduais suspendam todos os negócios com o Bank of America até que este reverta sua decisão e abra uma linha de crédito para a empresa Republic. "Que tome parte do dinheiro federal que recebeu e o invista, para dar crédito necessário para esta empresa, conservando assim os empregos dos trabalhadores", manifestou.

"O Bank of America recebeu recentemente uma injeção de US$ 25 bilhões de fundos públicos e agora é um exemplo de como, enquanto se resgatam os grandes bancos, os trabalhadores são demitidos sem receber seus salários", afirma o sindicato.
O senador Durbin declarou aos meios de comunicação: "entregamos bilhões a bancos como o Bank of America, e a razão para isso era para que continuassem emprestando esses fundos a empresas como a Republica, para que não fossem perdidos postos de trabalho aqui nos Estados Unidos".

Enquanto os gerentes da empresa não aparecem, o Bank of America reiterou que não é responsável pelas práticas e decisões da Republica. Mas a ira dos trabalhadores se dirige tanto a seus patrões como também — e é aqui onde encontra eco nacional — contra um resgate financeira que só beneficia os executivos bancários e deixa em completo abandono milhões de trabalhadores, que padecem as conseqüências desta crise.

"Se não houver uma solução favorável, estamos dispostos a permanecer aqui pelo tempo que for necessário", comentou Leticia Márquez Prado, uma das trabalhadoras membro do sindicato em entrevista telefônica dada ao correspondente do La Jornada. Ela disse que as demandas mínimas eram o pagamento da demissão e das férias, entre outras remunerações que são devidas aos trabalhadores, mas que se desejava buscar uma forma de manter a fábrica em operações, cujo negócio foi impactado de forma severa pela crise econômica, particularmente no setor da construção "O pior disso é que os trabalhadores estavam recebendo salários dignos, com benefícios de seguro de saúde e outros, e se perdem esses empregos só encontrarão, se encontrarem, empregos de salário mínimo e nenhum benefício", explicou Leticia.

Estava programada uma reunião entre representantes dos trabalhadores, da empresa e do banco para esta noite, a fim de tentar negociar uma solução.

Enquanto isso, o que seria uma notícia local, neste conjuntura se tornou um assunto nacional. Na noite de segunda-feira os telejornais das três principais cadeias de televisão colocaram reportagens sobre a ocupação em suas manchetes principais. Meios de comunicação nacionais eletrônicos e impressos caracterizaram esta ação como algo que se tornou "símbolo" do que estão padecendo os trabalhadores que perderam seus empregos durante esta crise ao longo do país (quase 2 milhões foram demitidos desde dezembro de 2007; mais de meio milhão somente em novembro).

Surpreendidos por todo alcance nacional, um dos trabalhadores, Melvin Maclin, também dirigente do sindicato, declarou à agência de notícias AP que "Nunca esperávamos isso. Ao contrário, achavamos que iriamos para a cadeia".

A ação gerou solidariedade entre vários sindicatos locais e nacionais, organizações civis e comunitárias, que prestaram apoio material e se somaram à campanha dos trabalhadores, que se revezam na ocupação 24 horas por dia.

A polícia não agiu e declarou que não tem nenhuma queixa de "atividade ilegal". "Não vamos nos mover", afirmou Melvin à CBS News. "Já é hora de nós, os pequenos, ficarmos de pé".
Silvia Mazon, outra trabalhadora, comentou no New York Times que "querem que os pobres continuem lá embaixo. Pois aqui estamos e não vamos a nenhum lugar até que nos dêm o que é justo e o que nos pertence". "Estamos fazendo história", disse, em outra entrevista.
Quase ninguém se lembra de quando foi a última vez que os trabalhadores tomaram uma fábrica nete país (talvez tenha ocorrido no fim dos anos 1980, quando mineiros de Virginia tomaram uma usina de processamento durante uma greve) e muitos dizem que o fato lembra cenas dos anos 1930, quando em Chicago e outras grandes cidades a militância sindical industrial sacudiu e transformou este país.

Talvez seja uma fagulha de algo novo (ou o ressucitar de algum mártir de Chicago).
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La Jornada

Denúncia - Mais um ato de violência policial

No dia 2 de Dezembro o porteiro Alex Alves Rodrigues de 28 anos foi abordado por Guardas Civis Municipais, ele tinha um "baseado" no bolso e por este motivo durante cerca de 20 minutos foi espancado- na frente de seus vizinhos e familiares - pelos 9 GCMs. Jogado no camburão Alex seguiu para o DP . Em levantamento feito por Luis Carlos Santos, presidente da comissão da ONG de Direitos Humanos de Cotia, Alex continuou a ser torturado dentro do DP e os presos lhe contaram que não conseguia ficar em pé. No dia 3 Alex foi levado ao Pronto Socorro de Cotia, vomitando sangue e com costelas quebradas mais lesões graves nos rins. Um pouco tempo depois veio a falecer. Sua mãe e irmão nos contaram que Alex estava tão machucado que nem os órgãos puderam ser doados. Alex não tinha passagem pela policia, tinha família, emprego e residência, mas isso....
A noticia ganhou momentânea repercussão. O bárbaro, cruel e covarde assassinato-uma rotina na escuridão dos direitos civis que são as periferias das grandes cidades - foi seguido por manifestações de desespero e desamparo dos familiares e amigos e pelo silêncio das autoridades. No dia 6 de Dezembro (sábado) os parentes e amigos de Alex fizeram uma pequena passeata de protesto até a GCM. Ao passarem pela câmara municipal, onde -por acaso- acontecia o Pré-Fórum Social Mundial de Cotia, foram abordados pela policia militar que tentou intimidar a mãe e irmão de Alex e "enquadrar" e deter os jovens que participavam do protesto. A PM alegava que a pequena manifestação -umas 30 pessoas com alguns cartazes de cartolina branca- atrapalhava o trânsito. Os organizadores do Fórum e a assessoria do Vereador Toninho Kalunga (PT) assumiram a responsabilidade pelo ato e acompanharam a manifestação até sua dispersão.
Hoje, dia 10 de Dezembro às 14horas, os parentes e amigos realizarão um ato de protesto no distante e esquecido bairro do Atalaia (Cotia) pedindo justiça e apuração dos fatos.
Não haverá notícias nos jornais, não haverá gente famosa, não haverá deputados, nenhuma autoridade... apenas a dor e a indignação daqueles que são historicamente relegados pelo crime de terem nascido pobres!!!

Kennedy Ferreira – Sindicato dos Sociólogos / Organização do Pré-FSM-Cotia