26/09/2008

O Rosto do fascismo na Bolívia

(* Marcos Domich)

A prisão do Prefeito do Departamento de Pando, Leopoldo Fernández, responsável pela morte de dezenas de pessoas e cerca de uma centena de desaparecidos naquele departamento, se reafirma o caráter fascista dos separatistas, revela também que o Governo e as forças sociais e políticas que apóiam o processo de mudanças em curso estão em condições de derrotar os golpistas, como Marcos Domich demonstra neste texto.

Começa a mãe de todas as batalhas

A situação boliviana, como se costuma dizer na mídia, é volátil. A opinião pública é sacudida por uma série de acontecimentos, a maioria caracterizados pelo extravasar da fúria reacionária, particularmente no Oriente do país. Todos estes acontecimentos – que em breve farão parte das páginas da convulsa história política boliviana – não se caracterizam, no entanto, por nenhum traço original. Para dizê-lo em curtas palavras, mais não são do que episódios do desencadeamento de operações contra-revolucionárias de inconfundível cunho fascista.

A semana passada, segundo o tinha antecipado, a União Juvenil de Santa de Santa Cruz ocupou uma série de instalações do governo central. O pretexto para estas ocupações era a execução dos resultados dos inconstitucionais «estatutos autonômicos». Segunda a interpretação da direita destes estatutos «todas estas instituições pertenciam aos povos de Santa Cruz, Beni, Tarija, etc.» e «deviam ser retirados ao governo centralista» para serem postos «ao serviço do povo» das suas regiões.

Os fatos revelam que essa é, no mínimo, uma retórica cínica. Quase todas as instalações ocupadas foram seriamente danificadas. Algumas delas completamente saqueadas e inutilizadas; alguns edifícios foram literalmente destruídos, como o da Empresa Nacional de Telecomunicações em Santa Cruz. Alguns dos escritórios sofreram saques que denunciam o seu objetivo. Nas instalações departamentais do Instituto Nacional da Reforma Agrária, milhares de documentos, processos referentes a terras e resoluções de entrega de terras às comunidades camponesas e povos originários foram queimados. Estas ações têm conexão direta com a «reocupação» de prédios conhecidos como Terras Comunitárias de Origem (TCO). É o caso de Monteverde (Santa Cruz), propriedade coletiva, recentemente reconhecida como do povo chiquitano. Não se trata de ninharia. São um milhão de hectares que pretendem usufruir os latifundiários.

Uma parcimônia suspeita

Chama a atenção o fato de algumas das ocupações terem sido acompanhadas de agressões a membros da polícia e do exército que, estranhamente, tiveram uma atitude quase passiva. Deixaram que soldados, polícias e até coronéis fossem sovados e insultados de modo nunca visto. Voltaremos ao significado desta passividade.

Os grupos fascistas, identificados com a cruz dos templários e algumas vezes com a cruz gamada, acentuaram a sua presença nas ruas, particularmente em Santa Cruz, dedicando-se a insultar e agredir, por vezes com inusitada brutalidade, sobretudo pessoas com traços índios. Inclusive humilharam mais os identificáveis pela sua roupa típica. Ensaiaram razias contra mercados camponeses (em Tarija) e no «Plano 3.000» (cidade de Santa Cruz). Nestes casos, as populações reagiram e repeliram com êxito, pela primeira vez, os esquadrões paramilitares.

Tudo isto é a confirmação da causa da resistência, do complot e da violência fascista: a defesa dos interesses dos representantes das transnacionais e latifundiários e a execução dos planos incentivados e desenhados pela CIA e a embaixada estadunidense.

O Inocultável rosto fascista

O fato mais grave registrou-se dia 11, nas localidades de El Porvenir e Filadélfia, departamento de Pando. Um importante grupo de camponeses dirigia-se nesse dia a Cobija, capital departamental, para realizar uma reunião ampla, quando foi interceptado num ponto do trajeto e acabou atacado a tiro impunemente por empregados da prefeitura de Pando e, talvez, por sicários estrangeiros. Foram assassinados 17 camponeses e estudantes e feridos mais de quarenta pessoas. Até hoje ainda não se soube o número total das vítimas.

O inaudito deste massacre é que foram vitimadas mulheres e crianças. A estes, antes de os assassinarem, bateram-lhes e flagelaram-nos. Os cadáveres dos menores não foram até agora encontrados. Também não podemos omitir que os agressores atiraram sobre alguns feridos e mataram-nos e outros foram submetidos a torturas, procurando que se denunciassem a si mesmos como agressores enviados pelo governo. Há relatos de parentes das vítimas que acusam que até os cadáveres foram violentados. Não é exagero dizer que o que sucedeu em Pando foi um genocídio.

O governo teve que decretar o estado de sítio no departamento. A recuperação do aeroporto significou perdas adicionais de vidas. Franco-atiradores colocados na mata assassinaram um recruta e um pastor evangélico. Os militares limitaram-se a recuperar o aeroporto e só muito paulatinamente entraram na cidade, onde a resistência dos grupos de choque e dos militantes da direita se foi diluindo. Mesmo depois do estado de sítio, um grupo armado conseguiu passar para o município de Filadélfia, ateando fogo em muitos prédios.

O Povo resolve organizar-se e lutar

Em alguns círculos militares comentou-se que as medidas tomadas foram aplicadas muito lentamente, sem resolução. Isto, imediatamente compreendido pela população, provocou uma grande efervescência popular. Centenas de milhares de manifestantes, em diversas assembléias e reuniões, sobretudo nos departamentos do centro e de ocidente, quase de modo espontâneo, começaram a discutir a organização de destacamentos, brigadas e outras iniciativas com um sentido muito definido: alistar-se para defender a integridade nacional, a democracia e a soberania nacional, para continuar o processo de mudanças progressistas. O tom principal deste ânimo social é o patriotismo. Lembra o ânimo dos patriotas da independência, como se tratasse, na verdade, de uma batalha pela segunda (e definitiva) independência nacional.

Apesar dos fascistas nos terem habituado a distorcer a verdade, não é demais mencionar que os meios de comunicação da direita pretendem torcer a verdade dos acontecimentos, a começar pelo prefeito Fernández. Este não teve mais nada para dizer, a não ser que os massacrados eram «pseudocamponeses», enviados e armados pelo governo. Inclusive, apareceu num programa de televisão onde, com uma desfaçatez indescritível, negou as acusações, praticamente na frente dos sobreviventes.

O separatismo não será fácil

Nos meios diplomáticos e em todo o mundo teve uma enorme repercussão a resolução do presidente Morales de declarar persona non grata o embaixador americano Goldeberg. A verdade é que os atos e movimentos de Goldberg eram há muito tempo, mais do que uma suspeita, uma evidência. Além da sua participação na conspiração contra Evo Morales, antecedia-o um extenso rol de outras ações entre as quais se destacava a sua ação no Kosovo. É conhecido como um especialista a desmantelar países. Suspeita-se de todas as suas ações, incluindo o ter alguma coisa a ver com o estatuto «autonômico» de Santa Cruz, que apresenta sugestivas concordâncias com a constituição política da «república» do Kosovo. A sua expulsão adquiriu a exata projeção que devia ter, juntamente com a expulsão do embaixador Duddy da Venezuela. Ao cabo e ao resto, Goldberg não era mais do que uma peça no quadro conspirativo desenhado pela CIA contra todos os governos progressistas da América Latina. Dois objetivos são evidentes: A derrubada dos mandatários ou o magnicídio destes ou, finalmente, a divisão do país. Zulia na Venezuela, Guayaquil no Equador e Santa Cruz na Bolívia. Na saída, Goldberg, na sua declaração à imprensa, pôs especial ênfase no tema do narcotráfico. Há que ter em conta a referência e o governo de Evo não deve esquecê-la por um momento que seja.

A alternativa separatista é difícil de levar à prática. Primeiro, pela própria resistência que gerará nos departamentos em cisão. O Plano 3.000, em Santa Cruz, é uma cidadela de uns 400.000 habitantes, onde a resistência ao prefeito Costas e aos grupos de choque da União Juvenil está a organizar-se e a adquirir a decisão de se defender e lutar pela sua liberdade e dignidade. Depois, há a decisão de importantes organizações sindicais e da própria Central Operária Boliviana (COB) que planeja realizar uma reunião ampla na própria capital de Santa Cruz, dir-se-ia no olho do furacão. Um verdadeiro desafio que, só com o seu anúncio, muda positivamente a perspectiva.

O contexto sul-americano

Também o ambiente sul-americano não é favorável aos sediciosos e separatistas. A reunião de urgência da UNASUR (União da Nações Sul-americanas), a que assistiram 8 presidentes, foi firme na rejeição das intenções golpistas ou separatistas. Ressaltam as palavras de Chávez, comparando a situação boliviana de agora com a que se deu no Chile há 35 anos, quando todos «ficaram mudos» perante a imolação de Salvador Allende, provocada pela ingerência do imperialismo norte-americano. Chávez, muito serenamente, disse que a América Latina mudou, já não somos mudos.

A Bolívia é conhecida pela sua combatividade, pelas tradições da sua classe operária, pela incorporação dos camponeses e agora também pela presença ativa dos povos indígenas. São demasiados fatores e um grande empurrão da História que não será fácil os reacionários superarem. Mas os revolucionários não podem dormir sobre os louros e o governo abandonar a sua guarda.

La Paz, 16 de Setembro de 2008

* Marcos Domich é membro da Comissão Política do Partido Comunista da Bolívia.

25/09/2008

Fora Médici da Puccamp!!!

Você sabia que existe na PUC-Campinas uma homenagem a um dos Ditadores mais sangüinários da História do País? Pois saiba: o ditador Emílio Garratazu Médici, que ficou à frente do regime ditatorial em seu período mais repressor (1969-1974), possui uma placa em sua homenagem, situada entre os prédios H1 e HO no centro do Campus I da Universidade.
É extremamente grave uma Universidade, que se diz fundamentada em princípios democráticos e cristãos, homenagear tal ditador (referenciando-o como Presidente) e manter esta homenagem mesmo após a redemocratização do País. Tal fato demonstra o caráter conservador e antidemocrático ainda arraigado à PUC-Campinas.
Nós estudantes, professores e funcionários não podemos negligenciar essa afronta aos princípios democráticos! A comunidade universitária deve dar um basta nisso e fazer o que já devia ter sido feito há tempos.
Para tanto, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e os Centros e Diretórios Acadêmicos (D.As, C,As) convocam toda comunidade universitária para uma reunião que terá a finalidade de organizar um ato que porá fim à simbologia representada por esta placa.
Contamos com a presença de todos estudantes, professores e funcionários comprometidos com os valores democráticos e dispostos a lutar pela democratização da PUC-Campinas.

24/09/2008

Colômbia: A América de Bolivar não é chantageável

Iván Márquez (FARC EP) - SETEMBRO DE 2008

Sem nenhuma ou com pouca reação dos governos, pouco a pouco a política fascista do regime da Colômbia, descarado peão da geopolítica de Washington, vem se trasnacionalizando em detrimento das soberanias nacionais.

O primeiro passo para essa abusiva pretensão foi a invasão militar ao Equador com apoio tecnológico do governo dos Estados Unidos, alegando ser um ataque a um acampamento transitório da guerrilha das FARC nesse país. A delirante defesa deste ato de pirataria e violação à lei internacional foi sustentada pela doutrina da "soberania territorial condicionada aos problemas de segurança", pela qual o governo colombiano se atribui o direito de atuar extra-territorialmente em prol de sua particular visão e de sua estratégia contra-insurgente, passando por cima dos povos e de seus governantes.

Em consonância com esta ofensa ao direito internacional, haviam sequestrado Rodrigo Granda, na cidade de Caracas, e capturado Simón Trinidad, no Equador de Lucio Gutiérrez. Os Presidentes que não se submetem a estes critérios nocivos à soberania, são colocados em sua mira e sob a suspeita de serem governantes aliados do narcotráfico, da guerrilha e do terrorismo. Todas as embaixadas colombianas atuam com essa instrução da chancelaria do terrorismo de Estado, que é como se deve chamar este podre regime de Bogotá, que chama de "terrorismo" a resistência dos oprimidos frente aos desmandos do poder, e de "guerra" ao brutal terrorismo de Estado que pratica o governo da Colômbia contra os cidadãos.

A soberania pátria não pode ceder nem um pouco perante o governo mafioso e terrorista do senhor Uribe. O governo de Bogotá atua e se move sob a inspiração da política de Segurança Democrática, novo rótulo da velha Doutrina de Segurança Nacional, desenhada pelos estrategistas do Comando Sul do exército dos Estados Unidos, empenhados no sonho monroista de "América para os americanos" e dos falcões de Washington, que não renunciam à idéia de considerar a Nossa América como seu quintal.

O que está em jogo é a recolonização neoliberal da América Latina e do Caribe, e a utilização da Colômbia como cabeça de ponte para o assalto usurpador de nossas riquezas e a submissão política de todas as nações do hemisfério. O que busca a política de Segurança Democrática é a segurança investidora, pela qual contempla, por uma parte, a implementação de leis draconianas para, através delas, dissuadir a crescente inconformidade social e, por outro lado, as ações militares contra a resistência armada para garantir a exploração sem sobressaltos do petróleo, do gás, da biodiversidade, do trabalho e de todas as riquezas da nossa América.

Neste contexto, o governo de Uribe constituiu-se como a principal ameaça regional e um gerador perigoso da desestabilização dos governos patrióticos e progressistas, e dos movimentos sociais da Nossa América. Para isso, o sub-secretário de Estado John Negroponte orientou que se utilizassem, apesar de não terem nenhuma validez jurídica, os dados de um computador fraudulento, que mesmo a Interpol reconhece haver sido manipulado sem que se observassem os princípios reconhecidos internacionalmente para o tratamento de provas eletrônicas. Em um e-mail do dia 28 de maio, o professor universitário e cientista político colombiano Alfredo Rangel, agente da CIA, ou pelo menos assalariado dos gringos, disse ao ministro de defesa Juan Manuel Santos que "o Departamento de Estado havia acordado conosco manter a ofensiva contra Chávez e seus aliados, e reconhece como positivo haver intoxicado os computadores".

Apoiada nesses dados falsificados, a chancelaria terrorista de Uribe se incubiu a tarefa de visitar países com a insolente exigência aos respectivos governos de entregar ao regime de Bogotá, ou na sua falta, abrir ações judiciais contra os civis cujos nomes apareçam nos dados eletrônicos inventados por sua perversidade. Esta gestão inclui a chantagem de que se os governos não atenderem a seus despropósitos, filtrarão na imprensa de direita os supostos dados.

Simultaneamente, com ou sem o consentimento dos governos, estão organizando com a CIA, o Mossad e algumas agências locais, grupos de assassinos para exterminar opositores, como ocorre por exemplo com o proeminente líder de esquerda dominicano Narciso Isa Conde, presidente da Coordenadora Continental Bolivariana. Acompanham a estratégia criminosa de Bogotá e Washington, a Dincote do Peru e a Interpol. O propósito desta direita neoliberal violenta e terrorista é criminalizar o pensamento, reviver planos como o Condor para eliminar fisicamente as novas gerações de dirigentes revolucionários que em torno de Bolívar e de nossos heróis libertários deste século, lutam por uma ordem social mais justa na Nossa América.

Um governo narco-paramilitar e terrorista como o de Bogotá não pode encurralar todo um continente. Esse governo ilegítimo e ilegal se sustenta pelo criminoso apoio que recebe da Casa Branca e pelos recursos das campanhas manipuladoras de opinião ou como o que hoje se costuma chamar, o terrorismo midiático. O governo de Uribe sobrevive em meio à mais pavorosa ilegitimidade, o terrorismo de Estado paramilitar que têm provocado centenas de massacres de cidadãos indefesos, milhares de desaparecidos em fossas sem serem desenterrados, milhões de deslocados e terras roubadas. Um governo sustentado em fraudes eleitorais, truculências para acomodar a Constituição a suas ambições de poder político, e por conspirações criminosas para conciliar os interesses de militares, fiscais, congressistas, empresários e proprietários de terras que têm banhado o solo colombiano de sangue através de seus paramilitares. Os governos e povos do continente devem declarar-se em alerta permanente mediante os planos desestabilizadores forjados por Washington e Bogotá contra a independência e os interesses comuns da região. A América de Bolívar não é chantageável.

Iván Márquez é integrante da Comissão Internacional das FARC.

23/09/2008

Um processo infame contra Carlos Lozano

Por Juan Cendales (de Rebelión); tradução: Ítalo Rocha.

Está sendo realizado em Bogotá o interrogatório de Carlos Lozano - membro do Comitê Central do Partido Comunista Colombiano, Diretor do semanário A VOZ e integrante da Direção Nacional do Pólo Democrático Alternativo - sob a acusação de supostos vínculos com as FARC, por haver "se excedido" em suas funções de mediador, dizem os acusadores. Alguns dizem que as acusações incluem até o terrorismo e, segundo um comentarista de imprensa, por "não haver feito os esforços necessários para que o PCC renegasse a teoria da combinação de todas as formas de luta".

É óbvio que não é um julgamento contra uma pessoa.
Inicia-se, na Colômbia, um processo de repressão contra o Partido Comunista Colombiano e contra os sobreviventes do genocídio da União Patriótica. Os autores e cúmplices do genocídio contra a UP e o PCC estão ansiosos. O Vice-presidente Santos saiu repentinamente de seu
silêncio prolongado para lançar sandices e impropérios contra o Partido Comunista e contra a União Patriótica. O jornal O Tempo, de sua propriedade, publicou um texto de um militar especialista em difamação.

Nota-se claramente que se trata de uma campanha articulada. Entre outras coisas, buscam desesperadamente atenuar a sentença que a Corte Interamericana deverá aplicar contra o Estado colombiano, pelo genocídio contra a UP e o PCC. Será a maior condenação que algum Estado já terá recebido nestes organismos.

Contra Carlos Lozano não existem elementos para nenhum julgamento. Trata-se de uma
aberta perseguição política do governo através de uma questionada Promotoria.
Será que a acusação de terrorismo tem a ver com a bomba que explodiu no semanário A Voz, em Bogotá, quando Carlos já era seu Diretor? Ou se refere a outra poderosa bomba que deixaram em frente à nova sede de A Voz e que não conseguiu explodir, há apenas dois anos atrás? Ou as tantas vezes que os seguranças ou o próprio Carlos enfrentaram agentes que os seguem provocativamente por toda Bogotá?

O processo que se pretende instaurar na Colômbia trata de dois crimes muito especiais: o crime de opinião e o crime de sobrevivência. Não se pode pensar diferente de como pensa o príncipe, porque isso é um crime. E o outro crime, muito mais grave, mais condenável e perseguido com furor e paixão pelo uribismo é o crime de sobreviver. Carlos Lozano, como a maioria dos atuais dirigentes do Partido Comunista Colombiano, pertence a uma geração de dirigentes que sobrevivem aos mais espantosos genocídios e perseguições. Uma geração que perdeu os seus melhores amigos e camaradas, que um a um foram caindo crivados pelas balas do regime. Deste mesmo regime que hoje julga os sobreviventes.

Sobreviver agora é subversivo. Leonardo Posada, José Antequera, Bernardo Jaramillo, Millar Chacón. São só alguns nomes dessa geração liquidada. Junto a outros um pouco mais velhos, como Manuel Cepeda, Jaime Pardo Leal, Teofilo Forero e outros cinco mil mortos. Não seria nada estranho que, de acordo com a lógica de Uribe e de Santos, eles também sejam chamados a julgamento. Podiam acusá-los talvez de morte ilícita. De terem se excedido em suas mortes. Ou algo parecido. Pode-se esperar qualquer coisa deste regime putrefato do uribismo. Por isso, se requer agora, sem hesitações e sem titubear, a maior solidariedade anti-fascista.

"LATINO-AMERICANOS, UNI-VOS"

22/09/2008

Partido Comunista dos Estados Unidos denuncia ingerência de Bush na Bolívia

O Partido Comunista dos Estados Unidos condena a atitude agressiva do governo Bush frente à Bolívia e a seus vizinhos. O presidente boliviano Evo Morales busca resolver as enormes injustiças históricas de seu país, por meio de uma distribuição mais justa da terra e dos lucros do gás natural e de outras exportações bolivianas.
Em resposta a isto, as elites que controlam os governos estaduais ricos sabotam instalações de gás natural, destróem registros de terra, massacram camponeses e indígenas e chamam abertamente organizações armadas para derrubar Morales, que recentemente venceu a reeleição eleição com 67% dos votos.O atual governo dos EUA, que gosta de pregar a outros países temas como a democracia e o Estado de Direito, está evidentemente apoiando as forças separatistas antidemocráticas. O governo Bush tem enviado verbas a organizações da sociedade civil na Bolívia, e se recusa a revelar para quais organizações e com que objetivos têm enviado tais verbas.
Não é de se admirar que Morales suspeite que Bush financie a oposição reacionária e assim tenha expulsado o embaixador norte-americano. Infelizmente, a expulsão do embaixador tem recebido fortes ameaças do governo dos EUA. Há um enorme receio de que o governo Bush tentará um golpe militar para tirar da Bolívia um governo legalmente eleito e extremamente popular. Esta atitude é uma entre outras ações de Bush que ataca outros países que rejeitam o domínio imperialista, como a Venezuela, Paraguai, Equador, Nicarágua, e claro, Cuba.
É gratificante observar a maioria dos governos regionais apoiando a Bolívia, como vimos na recente conferência no Palácio La Moneda, em Santiago (Chile). O Partido Comunista dos E.U.A. convoca todos os cidadãos norte-americanos a rejeitar as ações do governo Bush e a lutar para pôr um fim à intervenção dos E.U.A. na Bolívia e em todos os países do continente.