10/07/2009

SOLIDARIEDADE FRENTE À PERSEGUIÇÃO CONTRA O SECRETÁRIO GERAL DO PARTIDO COMUNISTA COLOMBIANO

Como parte da escalada de perseguições aos líderes de oposição que manifestam abertamente suas divergências com o regime do presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez, surge a injusta e mentirosa acusação feita contra a pessoa de Jaime Caicedo Turriago, professor universitário de larga trajetória, acadêmico e pesquisador social, vereador da cidade de Bogotá, atual secretário geral do Partido Comunista Colombiano e dirigente nacional do Polo Democrático Alternativo.
Tal acusação trata de apresentá-lo como “colaborador” político à margem da lei, quando todos conhecemos de larga data o seu comportamento civilista, sua postura ética, suas contribuições constantes e firmes à luta pela conquista de uma paz democrática para a Colômbia, e sua incansável e intransigente denúncia frente aos enormes desequilíbrios sociais, políticos, culturais e econômicos que assolam a sociedade colombiana.
Não apenas rechaçamos esta grosseira montagem política que pretende cobrar contas à intransigente ação pública de Jaime Caicedo, como também respaldamos plenamente o seu direito à divergência e à formulação de saídas distintas à terrível encruzilhada colombiana. Esta parece ser uma nova ameaça contra ele e contra as liberdades públicas, como tantas outras ocorridas contra inumeráveis dirigentes políticos e populares, artistas, sindicalistas, jornalistas e intelectuais que se mostram contrários às lesivas decisões governamentais de Uribe e seus palacianos.
No caso específico de Jaime Caicedo, esta situação representa uma nova escalada vergonhosa mas decidida de perseguição que já conta com vários atentados contra a sua vida, com a interceptação ilegal de suas chamadas telefônicas por parte do DAS [Departamento Administrativo de Segurança], com o clandestino acompanhamento de suas atividades e movimentos por parte de organismos de segurança do Estado, e com todo o tipo de manobras físicas e políticas que ao fim visam tentar apagar sua presença e sua capacidade crítica, tudo isso sem que as autoridades colombianas tenham alguma vez encontrado responsáveis destas arbitrariedades e delitos cometidos contra ele.
Por isso, chamamos a solidariedade com Jaime Caicedo e com o que ele representa em termos de espaços democráticos para o exercício pleno dos direitos e liberdades civis na Colômbia. Sua voz não pode ser calada mediante fraudes revestidas de processos armados convenientemente para a ocasião, nem a sua ação política legal pode ser interrompida com incomprovadas acusações sem fundamento algum.
Por favor, faça chegar a sua assinatura ou carta de solidariedade ao seguinte endereço eletrônico.
solidaridadconjaimecaicedo@gmail.com

08/07/2009

Cinco trabalhadores rurais são assassinados em Pernambuco

(Secretaria Geral do MST)
07/07/2009
Os trabalhadores rurais João Pereira da Silva, Juarez Cesário da Silva, Natalício Gomes da Silva, Olimpio Cosme Gonçalves e Dedé foram executados no Assentamento Chico Mendes, Agreste de Pernambuco, na manhã desta segunda-feira (06/07). Erionaldo José da Silva está hospitalizado no Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, com um tiro no braço.
Eles estavam trabalhando na construção de casas no assentamento, quando dois homens em uma moto pararam e perguntaram pelo tesoureiro. João Pereira da Silva, presidente da Associação do Assentamento, pediu que se identificassem e os homens anunciaram o assalto. Depois, mandaram que os trabalhadores se deitassem no chão e dispararam.
O assentamento Chico Mendes, na antiga fazenda Garrote, possui 660 hectares e está localizado no distrito de São Domingos, município de Brejo da Madre de Deus, no Agreste Pernambuco. Uma conquista de 11 anos de luta, o assentamento tem três anos e está consolidado com 30 famílias assentadas. Parte das famílias já recebeu crédito para produção e construção das casas.
Dos seis trabalhadores atacados, apenas João Pereira e Eriovaldo moravam no assentamento Chico Mendes. Juarez, do Assentamento Macambira; Natalício, Olimpio e Dedé, do Assentamento Lago Azul, estavam em Chico Mendes contribuindo na construção das casas.
Os corpos dos cinco companheiros mortos estão no Instituto Médico Legal (IML) de Caruaru. Até o momento, as razões das mortes não são conhecidas.
Secretaria Geral Escritório Nacional do MST/RJ

07/07/2009

À COMUNIDADE INTERNACIONAL – PAREM OS MASSACRES CONTRA O POVO HONDURENHO

(Nota oficial da Resistência popular em Honduras)
Tegucigalpa, 5 de julho, 2009 – 21h 13m
A situação em Honduras é de suma gravidade. A reação do povo ao golpe desfechado por militares de extrema-direita no domingo próximo passado é aberta, corajosa e determinada.
Manuel Zelaya é o presidente constitucional de Honduras.
Os militares golpistas estão usando de todas as forças possíveis para eliminar a resistência. Neste momento centenas de boletins de hondurenhos assassinados pelos golpistas chegam de todos os cantos do país. Integrantes da VIA CAMPESINA estão sendo mortos a sangue frio pelos golpistas.
É necessária a intervenção da comunidade internacional para evitar que o massacre prossiga, tenha conseqüências mais trágicas que as que estamos presenciando.
A ação dos golpistas é referendada por apoio logístico do embaixador dos Estados Unidos em Honduras, agentes da CIA e silêncio cúmplice do governo de Obama. Estão tentando ganhar tempo para negociar uma solução alternativa à legalidade constitucional.
O presidente do Brasil Luís Ignácio Lula da Silva tem o dever de tomar atitudes enérgicas e decisivas neste momento. O peso e o significado do Brasil no contexto de países latino-americanos é imenso e uma posição brasileira de franco apoio a Zelaya, à legalidade constitucional e a denúncia dos massacres que ocorrem neste momento – centenas de mortos – será decisiva para a vitória da democracia.
Todas as formas de comunicação com o exterior estão sendo eliminadas pelo regime brutal dos militares – o presidente Michelleti é um títere – na tentativa de evitar que a opinião pública mundial tome conhecimento dos fatos estarrecedores que estão a acontecer aqui, agora, neste momento.
Não há a menor preocupação com vidas por parte dos militares golpistas. Estão eliminando sumariamente civis e buscando e assassinando líderes da legalidade democrática.
O comportamento dos militares golpistas ultrapassa os limites da sanidade.
É necessário que organismos internacionais se façam presente antes que as conseqüências sejam mais trágicas e dolorosas para o povo hondurenho e com repercussões em toda a América Latina, em todo o mundo.
Não existem garantias constitucionais, suspensas pelos golpistas, não existe respeito mínimo às pessoas, Honduras e o povo hondurenho enfrentam o pior pesadelo de sua história por conta de militares e elites e com apoio dos norte-americanos.
É acintosa a atuação de agentes da CIA e do embaixador dos EUA. Está caindo a máscara do governo Obama.
É necessário mostrar aos cidadãos de todo o mundo o que está acontecendo aqui, usar de todos os meios necessários para divulgação, já que a grande mídia é sabidamente a favor dos golpistas e omite e distorce informações e fatos.
Que o mundo, as organizações de direitos humanos, os governos latino-americanos tomem conhecimento da situação e das barbáries cometidas por militares aqui em Honduras e se processe uma rápida ação no sentido de por fim a esse deslavado e criminoso golpe de bandidos travestidos de defensores da democracia.
O povo hondurenho está nas ruas resistindo ao golpe.
NÃO AO GOLPE!
NÃO À BARBÁRIE MILITAR!
FORA DE HONDURAS EUA!
ZELAYA É O PRESIDENTE CONSTITUCIONAL DO PAÍS!
VIVA O POVO HONDURENHO!

06/07/2009

O REGRESSO DO PRESIDENTE ZELAYA E A ESTRATÉGIA DE OBAMA PARA A AMÉRICA LATINA

Nota dos Editores de ODiario.info - 06.07.09
A reinstalação do regime constitucional nas Honduras será mais lenta do que era previsível. A irracionalidade do golpe e o sequestro e expulsão (em pijama) do presidente Manuel Zelaya, ao provocarem a imediata condenação do cuartelazo pela ONU, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, a retirada da maioria dos embaixadores e o consequente isolamento internacional do pequeno país centro-americano, geraram a convicção de que o regresso do chefe de Estado não esbarraria com grande oposição.Não foi o que aconteceu. Insulza, o presidente da Organização dos Estados Americanos, escutou um rotundo não em Tegucigalpa quando ali foi foi exigir dos representantes do Supremo Tribunal Eleitoral e da Procuradoria da República o imediato restabelecimento da normalidade constitucional, isto é a volta de Zelaya e o fim de um governo fantoche não reconhecido por pais algum.Quando o avião em que viajava Zelaya se aproximou do aeroporto de Tegucigalpa o exército disparou sobre o povo – correspondentes de alguns media presentes na capital das Honduras avaliam a multidão ali concentrada em 300.000 pessoas – matando três manifestantes e ferindo dezenas. A polícia hondurenha responsabilizou o exército pelas mortes e os feridos, já que, disse o responsável presente no aeroporto, Coronel Mendoza, já tinha dado ordem à polícia para retirar. Os generais que assaltaram o poder tiraram a máscara.Apesar de ver recusado o pedido de aterragem e das ameaças de intercepção por aviões da Força Aérea hondurenha, o avião presidencial fez duas aproximações à pista de aterragem (23,55 horas de Lisboa), não lhe tendo sido possível aterrar por os militares golpistas terem mandado ocupar a pista com veículos militares. O avião presidencial aterrou em Manágua e daí seguiu para Salvador, onde reuniu com os presidentes Cristina Kirchner da Argentina, Rafael Correa do Equador, Fernando Lugo do Paraguai, Muricio Funes de Salvador e José Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos. A tenaz resistência dos golpistas é tema de múltiplas e contraditórias especulações. Até agora um denso véu de mistério envolve a teia de cumplicidades que precedeu a tomada do poder pelas Forças Armadas. É possível que nunca se esclareça quando e em que circunstancias o Presidente Obama foi informado do envolvimento de responsáveis da Administração norte-americana no golpe. Mas foi já confirmado que, nos dias anteriores à decisão do Tribunal de «afastar» Zelaya e substitui-lo por um parlamentar marioneta, se realizaram na Embaixada dos EUA reuniões secretas com a participação dos golpistas. Segundo as agências noticiosas, o embaixador teria desenvolvido esforços para evitar que levassem adiante a intentona. Essas revelações colocam a Casa Branca numa posição muito incómoda, porque o seu silêncio somente foi quebrado após a concretização do gorilazo. Com a agravante de os EUA não terem retirado o embaixador.Segundo o Departamento de Estado, o diplomata trabalhava para uma solução para a crise que conduzisse a um compromisso entre as «partes em conflito».Nas Honduras, tradicionalmente, as Forças Armadas não tomam qualquer decisão importante sem o aval do Embaixador dos EUA. Na capital está instalada uma base militar norte-americana. Os generais golpistas estudaram na famosa Escola das Américas dos EUA e gozam da inteira confiança do Pentágono.Que se passou então nos bastidores?É transparente que esses militares, os juízes do Supremo Tribunal Eleitoral, o «presidente» fantoche e a maioria dos deputados contavam com apoios que não funcionaram.Também merece reflexão a atitude do Cardeal Óscar Rodriguez, repetidamente apontado como possível sucessor de Bento XVI. O purpurado, mesmo após a condenação mundial do golpe, dirigiu um apelo ao Presidente Zelaya para que não voltasse no domingo a Tegucigalpa.Desde já se pode afirmar, porém, que a inevitável derrota do golpe será um acontecimento politico que pelo seu significado transcende o quadro centro-americano.O desfecho previsível – uma vitória dos governos progressistas da América Latina – inviabilizará o desenvolvimento da estratégia esboçada para a Região pelo presidente Obama.Manuel Zelaya, sublinhe-se, é um politico corajoso e com o sentido da dignidade, mas não um revolucionário. Tem como político um passado conservador. Foi eleito como candidato do Partido Liberal, alinhado com Washington. Mas a partir de 2008 fez tímidas reformas que desagradaram à direita, visitou Havana e aproximou-se dos governos de Chávez, do boliviano Evo Morales e do equatoriano Rafael Correa, precisamente a troika que Washington identifica como ameaça à sua hegemonia no Hemisfério.A vaga de indignação levantada a nível mundial pelo cuartelazo colocou o Presidente Obama numa situação dilemática na qual todas as opções serão negativas para os chamados interesses dos EUA.Permanecer passivo teria um efeito devastador para a sua imagem de defensor intransigente da democracia no Continente. Decidiu condenar o golpe, mas consciente de que a contribuição dos presidentes da Venezuela, da Bolivia, do Equador e da Nicarágua para o fracasso do cuartelazo compromete o desenvolvimento da sua estratégia continental. As Honduras já aderiram à Alba e tudo indica que a tendência de Zelaya será para uma aproximação maior com os governos e forças progressistas da América Latina.O embaixador das Honduras na Organização dos Estados Americanos (OEA), Clareton, não hesitou em acusar de cumplicidade Otto Reich, ex-subsecretário de Estado para as Américas de George Bush e destacada personalidade da extrema direita norte-americana, que esteve envolvido no golpe militar de 2001 montado para derrubar Hugo Chávez.Seria entrar no terreno da especulação fazer previsões sobre as sequelas do golpe.O rumo das coisas nas Honduras será decisivamente condicionado pela nova relação de forças resultante da derrota da oligarquia local e dos militares gorilas. O apoio das massas a Zelaya será porém, decisivo para o avanço do processo.Os acontecimentos dos últimos dias nas Honduras contrariaram a lógica aparente da história. Num país no qual as bases militares americanas e a CIA – sob a direcção de John Negroponte, ex-proconsul no Iraque e ex-embaixador dos EUA na ONU – funcionaram como retaguarda dos contras nicaraguenses que combatiam a revolução sandinista, um Presidente vindo da direita, Manuel Zelaya, retoma as bandeiras de Francisco Morazan, o revolucionário hondurenho que no século XIX se bateu por uma América Central unida e progressista.OS EDITORES DE O DIARIO.INFO

05/07/2009

Proclamação do Presidente Zelaya ao povo hondurenho


 MANUEL ZELAYA


Publicamos a proclamação dirigida pelo Presidente das Honduras, ao povo hondurenho, antes de viajar este domingo para Tegucigalpa.




Presidente Zelaya - 05.07.09

Companheiros e companheiras;
Compatriotas hondurenhos:
Fala-vos o vosso presidente, Manuel Zelaya Rosales.
Quero dizer-vos que o destino da minha vida está ligado ao destino do povo hondurenho.
Na manhã de 28 de Junho, quando me preparava para ir exercer o meu direito de voto na sondagem popular promovida pelo povo hondurenho, fui vítima de atropelos, de assalto e violação, de sequestro, fui preso e expulso do meu país pelas forças militares das Honduras; as forças militares que a isto se prestaram são cúmplices da elite voraz que oprime e asfixia o nosso povo, obedecem às suas ordens, não defendem a nação nem a democracia.
Esta guinada está contra a nação hondurenha e evidenciou a todo o mundo que nas Honduras ainda existe uma espécie de barbárie e pessoas que não têm consciência dos prejuízos que causam ao nosso país e às gerações futuras.
Através destes meios de comunicação exijo que continuemos com a participação do povo, que é o actor principal da nossa democracia e das soluções que se possam encontrar para os grandes problemas da pobreza e da desigualdade que sofre a nossa nação.
Nós, hondurenhos, temos enfrentado muitos problemas e sempre soubemos unir-nos para seguir em frente; esta é uma grande oportunidade para demonstrar ao mundo que nós, os hondurenhos, somos capazes de enfrentar estes problemas e de seguir em frente, apesar dos obstáculos levantados por esta seita criminosa que hoje pretende apropriar-se dos destinos da nossa nação e dos nossos filhos.
Dirijo-me a vós, golpistas, traidores, judas que me beijaram a face para depois dar um golpe ao nosso país e à democracia.
Rectifiquem o vosso acto mais breve possível, estão sitiados. O mundo isolou-vos, todas as nações do mundo vos condenaram, sem excepções, há um repúdio geral do vosso acto; os vossos actos não vão passar em vão, pois terão de prestar contas nos tribunais internacionais pelo genocídio que estão a fazer no nosso país, ao suprimir as liberdades, ao reprimir o nosso povo.
Estou a preparar o meu regresso às Honduras. Apelo a todos, aos camponeses, às mulheres, às populações, aos indígenas, aos jovens, às diferentes organizações de trabalhadores, aos empresários, aos muitos amigos políticos que tenho por todo o território nacional, alcaides e deputados, que me acompanhem no meu regresso às Honduras, regresso do Presidente eleito pela vontade soberana do povo. É o único meio de escolher presidentes nas Honduras, não percamos o nosso direito, não permitamos que alguns comecem a tomar as decisões que pertencem ao povo hondurenho através da sua legitimidade e da sua vontade popular.
Estou disposto a todos os esforços, a fazer qualquer sacrifício para obter a liberdade que o nosso país necessita.
Ou somos livres ou seremos permanentemente escravos, se não tivermos a capacidade de nos defendermos!
Não levem armas, nem uma arma! Pratiquem o que sempre defendi: a não-violência. Que sejam eles a levar a violência, as armas e a repressão, e responsabilizo os golpistas pela vida e a integridade física de cada pessoa e pela dignidade do povo hondurenho.
Vamos apresentar-nos no aeroporto internacional das Honduras, em Tegucigalpa, com vários presidentes, vários membros de organizações internacionais no domingo; este domingo estaremos em Tegucigalpa para vos abraçar e acompanhar, para fazermos valer o que tanto temos defendido na nossa vida, que é a vontade de Deus através da vontade do povo.
Saudações, compatriotas.
Que Deus nos proteja e abençoe a todos!