05/07/2009

Proclamação do Presidente Zelaya ao povo hondurenho


 MANUEL ZELAYA


Publicamos a proclamação dirigida pelo Presidente das Honduras, ao povo hondurenho, antes de viajar este domingo para Tegucigalpa.




Presidente Zelaya - 05.07.09

Companheiros e companheiras;
Compatriotas hondurenhos:
Fala-vos o vosso presidente, Manuel Zelaya Rosales.
Quero dizer-vos que o destino da minha vida está ligado ao destino do povo hondurenho.
Na manhã de 28 de Junho, quando me preparava para ir exercer o meu direito de voto na sondagem popular promovida pelo povo hondurenho, fui vítima de atropelos, de assalto e violação, de sequestro, fui preso e expulso do meu país pelas forças militares das Honduras; as forças militares que a isto se prestaram são cúmplices da elite voraz que oprime e asfixia o nosso povo, obedecem às suas ordens, não defendem a nação nem a democracia.
Esta guinada está contra a nação hondurenha e evidenciou a todo o mundo que nas Honduras ainda existe uma espécie de barbárie e pessoas que não têm consciência dos prejuízos que causam ao nosso país e às gerações futuras.
Através destes meios de comunicação exijo que continuemos com a participação do povo, que é o actor principal da nossa democracia e das soluções que se possam encontrar para os grandes problemas da pobreza e da desigualdade que sofre a nossa nação.
Nós, hondurenhos, temos enfrentado muitos problemas e sempre soubemos unir-nos para seguir em frente; esta é uma grande oportunidade para demonstrar ao mundo que nós, os hondurenhos, somos capazes de enfrentar estes problemas e de seguir em frente, apesar dos obstáculos levantados por esta seita criminosa que hoje pretende apropriar-se dos destinos da nossa nação e dos nossos filhos.
Dirijo-me a vós, golpistas, traidores, judas que me beijaram a face para depois dar um golpe ao nosso país e à democracia.
Rectifiquem o vosso acto mais breve possível, estão sitiados. O mundo isolou-vos, todas as nações do mundo vos condenaram, sem excepções, há um repúdio geral do vosso acto; os vossos actos não vão passar em vão, pois terão de prestar contas nos tribunais internacionais pelo genocídio que estão a fazer no nosso país, ao suprimir as liberdades, ao reprimir o nosso povo.
Estou a preparar o meu regresso às Honduras. Apelo a todos, aos camponeses, às mulheres, às populações, aos indígenas, aos jovens, às diferentes organizações de trabalhadores, aos empresários, aos muitos amigos políticos que tenho por todo o território nacional, alcaides e deputados, que me acompanhem no meu regresso às Honduras, regresso do Presidente eleito pela vontade soberana do povo. É o único meio de escolher presidentes nas Honduras, não percamos o nosso direito, não permitamos que alguns comecem a tomar as decisões que pertencem ao povo hondurenho através da sua legitimidade e da sua vontade popular.
Estou disposto a todos os esforços, a fazer qualquer sacrifício para obter a liberdade que o nosso país necessita.
Ou somos livres ou seremos permanentemente escravos, se não tivermos a capacidade de nos defendermos!
Não levem armas, nem uma arma! Pratiquem o que sempre defendi: a não-violência. Que sejam eles a levar a violência, as armas e a repressão, e responsabilizo os golpistas pela vida e a integridade física de cada pessoa e pela dignidade do povo hondurenho.
Vamos apresentar-nos no aeroporto internacional das Honduras, em Tegucigalpa, com vários presidentes, vários membros de organizações internacionais no domingo; este domingo estaremos em Tegucigalpa para vos abraçar e acompanhar, para fazermos valer o que tanto temos defendido na nossa vida, que é a vontade de Deus através da vontade do povo.
Saudações, compatriotas.
Que Deus nos proteja e abençoe a todos!

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