11/12/2009

Socialismo e poder comunitário na Bolívia: Mais uma vitória das forças antiimperialistas

Fernando Viana *

No dia 6 de dezembro de 2009 ocorreram as eleições gerais na Bolívia. Com mais de 60% dos votos, as forças socialistas e antiimperialistas confirmaram o aprofundamento das mudanças que vive a "grande pátria", como costumam dizer os bolivianos. Em discurso, na grande festa da vitória, na praça "Murillo", em La Paz, Evo disse ter a obrigação de acelerar o processo de mudança, já que agora contará com dois terços do parlamento. Morales conta com apoio da COB (Central Obrera Boliviana), dos campesinos e dos povos indígenas que se colocam como protagonistas da construção de um poder comunitário.

Com pouco mais de 20% dos votos, o principal opositor de Evo Morales, Manfred Reyes, ex-governador de Cochabamba, com formação militar, saiu desmoralizado destas eleições. Não era para menos, o vice de Reyes, ex-prefeito de Pando, encontra-se preso por sua responsabilidade no massacre contra campesinos em Porvenir, em Setembro de 2008. A vitória de Evo Morales representa, portanto, a vitória dos movimentos sociais contra a elite mais violenta da Bolívia.

Para o cenário internacional, particularmente o latino americano, a vitória da esquerda na Bolívia significa mais um passo na luta antiimperialista, contra as intervenções bélicas dos EUA, em defesa da soberania dos povos. No momento em que foi depositar o seu voto, no colégio Aspiazu, o Ministro da presidência, Juan Ramón Quintana, afirmou que o governo e as forças democráticas estarão prontos a reagir contra a direita golpista e que a Bolívia lutará por sua soberania e de todos os povos da América Latina frente aos estadunidenses e imperialistas.

O Partido Comunista Boliviano, que elegeu dois suplentes ao Senado e ajudou a eleger alguns deputados aliados, avalia que o momento é de muita unidade e organização das forças democráticas. Marcos Domich, membro do Comitê Central dos comunistas bolivianos, afirmou que a direita saiu derrotada do processo eleitoral, mas não aceitará passivamente tal resultado e que se faz necessário impulsionar o processo de mudanças, garantindo a coerência das forças socialistas.

* Fernando Viana é Secretário Político do CR de Goiás e membro do Comitê Central do PCB. Encontra-se na Bolívia, onde foi observador internacional nas eleições deste domingo e representa o PCB em outras atividades, em especial em articulação com o Partido Comunista Boliviano.

10/12/2009

CAMARADA JOSÉ PAULO NETTO: O PCB SE ORGULHA E SE ENGRANDECE COM SUA VOLTA AO PARTIDO!

Tive o privilégio de conviver e aprender com José Paulo Netto durante dez anos, como membros que fomos do Comitê Central e da Executiva Nacional do PCB, a partir do VII Congresso do Partido, em 1982.

Em 1992, quando o PCB se dividiu em dois, eu tinha certeza de que José Paulo não ficaria no PPS. Mas, para ser franco, não tinha certeza de que, pelo menos naquele momento, ele não ficaria no PCB. Aos olhos de grande parte da militância do Partido da época, o Movimento em Defesa do PCB parecia quixotesco e ortodoxo. Como muitos ex-militantes do PCB, José Paulo Netto, desde então, não militou em qualquer partido.

Mas ele nunca deixou de ser comunista. Pelo contrário, transformou-se num dos mais importantes intelectuais brasileiros da atualidade, dedicando sua vida à produção teórica, à luta ideológica contra o capital e à formação política da juventude. Não limitou a esfera de sua contribuição intelectual ao ambiente acadêmico.

José Paulo também nunca se afastou do PCB, colaborando com o Partido em diversas atividades e sobretudo na formulação política, tendo participado destacadamente dos debates das Teses ao XIV Congresso, juntamente com dezenas de comunistas amigos e simpatizantes.

Ou seja, ele havia saído formalmente do PCB, mas o PCB jamais saiu dele.

Nesta sexta-feira, 4 de dezembro de 2009, José Paulo Netto resolveu esta contradição. Voltou oficialmente ao seu Partido, num singelo e emocionante encontro com uma delegação do Comitê Central do PCB, na sede nacional do Partido, no Rio de Janeiro.

A meu ver, José Paulo não voltou ao PCB porque lhe deu saudades e muito menos por qualquer outra razão de natureza pessoal. As Resoluções do XIV Congresso, a nossa coerência política e a reconstrução revolucionária do PCB fizeram com que o Partido merecesse a confiança dele em voltar a militar como intelectual orgânico comunista.

O PCB lhe recebe com carinho e orgulho, camarada José Paulo Netto!

Ivan Pinheiro
Secretário Geral do PCB

09/12/2009

PLENÁRIA NACIONAL DA INTERSINDICAL

Nos dias 27 e 28 de novembro realizamos a Plenária Nacional da Intersindical, juntos metalúrgicos, operários na construção civil, bancários, químicos, trabalhadores no setor plástico, vidreiros, sapateiros, vigilantes, trabalhadores no processamento de dados, estivadores, funcionários públicos, professores, petroleiros,vigilantes, trabalhadores nos transportes, radialistas, trabalhadores nos correios, jornalistas e diversas outras categorias dando o salto de qualidade para uma ação do conjunto da classe trabalhadora.
Todas as regiões do País garantiram com muito esforço militante sua participação na Plenária, o que fez com que a Plenária fosse bem maior do que a pensamos, demonstração concreta da disposição de ampliação desse Instrumento.
No balanço de nossas ações a partir do Encontro Nacional de Abril, pudemos comprovar que nossa decisão de consolidar a Intersindical como um instrumento de organização e luta não só foi acertada como foi capaz de ampliar nosso espaço dentro do movimento. Na plenária avançamos em nossa organização nacional nos ramos de atividade, decidimos um calendário de ações organizativas para o norte e nordeste, elencamos as principais disputas sindicais onde vamos estar e definimos um calendário de ações nos estados que passam por formação, debates e as mobilizações para o próximo ano, pois não subordinaremos a luta da classe trabalhadora ao calendário eleitoral.
Continuamos a ousar. Definimos que as pautas discutidas em boa parte do movimento como políticas permanentes, mas que sempre ficam relegadas ao gueto ou secundarizadas farão parte das ações gerais da Intersindical, como a lutas das mulheres trabalhadoras, o enfretamento contra a opressão e maior exploração na discussão de etnia.
Um belo momento da plenária foi a ação das mulheres da Intersindical ao apresentar nosso trabalho para o próximo período. Somos diferentes, não desiguais portanto a luta das trabalhadoras é a luta geral da classe contra o Capital e seu Estado. Mulheres dirigentes que juntas com os companheiros estão inscritos nesse novo ciclo a fazer do especifico uma luta da classe trabalhadora e a construir novas relações.
Reativamos nosso Coletivo Nacional de Formação que se reunirá até o primeiro trimestre de 2010 para a elaborar nosso Programa de Formação do próximo período dando continuidade ao trabalho que passa pela base nos sindicatos e oposições e para o conjunto da coordenação da Intersindical.Afirmamos nossa decisão de não nos submetermos ao caminho mais fácil. O caminho da lógica formal e institucional de que basta a construção de uma nova central para superar o problema de fragmentação do movimento.
A central que supere os instrumentos do passado não será resultado do ajuntamento de diversos setores do movimento, mas sim a partir de uma ação enraizada junto à classe. Foram dois dias intensos, de muita discussão que não se pautou pela retórica e sim por definir muito trabalho nos ramos e estados onde estamos e de avançar para os espaços onde a classe está sob a direção daqueles que são mediadores dos interesses do capital.
Com a garra que nos trouxe até aqui encerramos nossa Plenária afirmando a Intersindical com um instrumento de luta e organização da classe trabalhadora, que seguirá na unidade de ação com todos aqueles que não se submeteram a conciliação de classes. Uma Intersindical que seguirá organizando a partir dos locais de trabalho a luta contra o Capital e seu Estado e nas ações cotidianas recolocar não como utopia mas, como necessidade a construção de uma nova sociedade socialista.

07/12/2009

DECLARAÇÃO CONJUNTA PCB E PRCF

Ivan Pinheiro, Secretário Geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Georges Gastaud, Léon Landini e Daniel Antonini pelo Pólo de Renascimento Comunista Francês (PRCF), reunidos em Paris, no dia 26 de novembro, encontraram uma consistente convergência de pontos de vista sobre o balanço da experiência de construção do socialismo no século XX, a respeito da conjuntura internacional e a crise do capitalismo, a centralidade do trabalho, o papel da classe operária, o caráter marxista-leninista de Partido e a necessidade de superação revolucionária do capitalismo.

Para dar conseqüência prática a este histórico encontro, assumiram mutuamente as duas organizações os seguintes compromissos:

1 – estreitar as relações bilaterais fraternas, dentro dos princípios do internacionalismo proletário, através de intercâmbios e iniciativas comuns;

2 – contribuir para a reconstrução revolucionária do movimento comunista internacional, através do fortalecimento de um pólo que se contraponha política e ideologicamente a todas as formas de reformismo, de conciliação de classe e chauvinismo;

3 – associar-se, com entusiasmo, à recente iniciativa de fundação da REVISTA COMUNISTA INTERNACIONAL;

4 – solidarizar-se, de forma militante, com todas as lutas antiimperialistas e anticapitalistas que se acentuam no mundo, em especial:

- ao povo palestino, em sua luta contra a agressão sionista e pela criação de seu Estado soberano, libertação dos presos políticos em Israel e a volta dos exilados;

- aos povos iraquiano e afegão, em sua resistência contra a ocupação imperialista;

- ao povo cubano, em sua luta contra o bloqueio criminoso e pela libertação dos Cinco Heróis;

- aos povos da América Latina, diante de uma escalada de agressividade do imperialismo estadunidense, que reativa sua IV Frota e faz da Colômbia de Uribe sua grande base militar para ameaçar os processos de mudanças sociais em curso;

- a todos os trabalhadores do mundo, em suas lutas contra a opressão do capital e por uma sociedade socialista.

5 – Denunciar todos os imperialismos : não somente o imperialismo estadunidense, mas a União Européia, que é um cartel imperialista que se voltou contra a democracia, a paz e as conquistas sociais. Reorientar a União Européia num sentido progressiata é ilusório, ao contrário, é necessário combater de frente em nome do progresso social, da independência nacional e da luta pelo socialismo.

Paris, novembro de 2009

PCB – Partido Comunista Brasileiro

PRCF – Pólo de Renascimento Comunista Francês