15/11/2008

O que esperar do G-20

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Até que ponto os EUA estariam dispostos a aceitar uma regulação dos fluxos de capitais internacionais cujo efeito seria restringir a globalização financeira? Isto significaria limitar o poderio do dólar, lastreado na dimensão e diversificação dos seus mercados financeiros, garantido em última instancia pelo poder das armas. Seria razoável admitir que os EUA optariam por enfraquecer a sua moeda sacrificando-a ao altar da cooperação internacional? A análise é de Ricardo Carneiro.
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Por Ricardo Carneiro
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A reunião dos chefes de estado das vinte maiores economias do mundo, a ser realizada em Washington neste final de semana, tem despertado esperanças de mudanças no quadro econômico global e no desenrolar da crise financeira. O fato da iniciativa ter partido do presidente americano, cuja economia, além de epicentro da crise tem um papel central no ordenamento econômico-financeiro internacional, indica sua relevância. Mas, há possibilidade real de encaminhamento de mudanças capazes de alterar de modo significativo as relações econômicas que caracterizaram a globalização?Para analisar essas possibilidades comecemos com uma distinção na natureza das questões envolvidas. De um lado, temos os problemas de curto prazo de como lidar com o aprofundamento imediato da crise e de outro, assuntos de maior profundidade relativos à construção de uma ordem internacional mais estável e harmônica. Nesses dois planos, cruciais para chegar a um encaminhamento de saídas menos traumáticas e soluções duradouras, os EUA têm demonstrado uma postura distinta dos demais países.Tomemos a questão mais imediata referente a como evitar o aprofundamento da crise. Aparentemente, os EUA seguiram o padrão dos demais países, pois o eixo da ação foi ampliar a liquidez e evitar o colapso do sistema financeiro. Mas as distinções da forma das ações foi essencial: a Europa preferiu a ação direta, assumido parte da propriedade dos bancos, enquanto os EUA só aderiram a esse princípio relutantemente. Na Ásia em desenvolvimento, o padrão de intervenção é distinto porque, exceto no Japão, o peso do sistema financeiro estatal é muito expressivo.As ações de liquidez, se bem coordenadas terão como resultado evitar que a crise se aprofunde por meio da perda de valor ainda maior dos títulos, ou seja, a denominada deflação de ativos. Essa perda de riqueza financeira e imobiliária não é inócua, pois o número de participantes do jogo era muito elevado, sobretudo nos EUA. Assim, as empresas e as famílias estão se vendo diante de uma nova realidade; sua riqueza diminuiu enquanto as dívidas permaneceram. Logo, a reação natural será contrair os gastos de consumo ou investimento para pagá-las. Para compensar o aperto do gasto privado e evitar uma recessão profunda há apenas uma ação eficaz: a elevação dos gastos públicos. Novamente, a postura dos EUA tem sido diferente dos demais países. A Europa, com a França em destaque anunciou uma ampliação expressiva do investimento público. Para não falar da China cujo acréscimo dos gastos públicos da ordem de US$ 600 bilhões é o mais significativo. Essa diferença de postura deverá conduzir a trajetórias distintas na resposta a crise acentuando o desempenho diferenciado dessas economias.No plano estrutural, o conjunto dos países do G-20, – exceto os EUA – tem defendido a necessidade de uma maior regulação do sistema financeiro. Na prática isso significaria ampliar o controle do Estado sobre os preços-chave do sistema capitalista – taxas de juros e de câmbio – e limitar as ações especulativas nos mercados de títulos evitando a formação de bolhas. Para fazer isto não basta regular os sistemas financeiros nacionais. Dada a sua interligação, a ação para ser efetiva necessita alcançar o plano internacional, ou seja, deverá atingir os fluxos de capitais internacionais impedindo a evasão aos controles domésticos.Até que ponto os EUA estariam dispostos a aceitar uma regulação dos fluxos de capitais internacionais cujo efeito seria restringir a globalização financeira? Isto significaria limitar o poderio do dólar, lastreado na dimensão e diversificação dos seus mercados financeiros garantido em última instancia pelo poder das armas. Prospectivamente, é possível imaginar uma perda de importância relativa da economia e moeda americanas, em razão do desempenho diferenciado das economias. Mas, seria razoável admitir que os EUA optariam por enfraquecer a sua moeda sacrificando-a ao altar da cooperação internacional? Essa opção não parece crível. O mais provável é que a ação proposta pelos EUA escamoteie algumas questões centrais apontando para a ampliação do peso das soluções nacionais ou regionais no desdobramento da crise.
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* Professor Titular do Instituto de Economia e Pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da UNICAMP.
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Fonte: Agência Carta Maior

13/11/2008

Brasil: ladeira abaixo?

Apesar das evidências de que o Brasil reduziu suas vulnerabilidades externas, não são poucos os que acreditam na possibilidade de uma forte desaceleração da economia brasileira. Para eles, sob o governo Lula, o país estaria despencando ladeira abaixo, e sua esperança é que a crise que deve se abater sobre o país não alcance a gravidade da ocorrida entre 1999 e 2002.

O que é um contra-senso, diga-se de passagem. Se o Brasil estiver, como pensam, mais vulnerável estrutural e economicamente, a atual crise deverá rebater com uma violência muito maior do que a de 1999. Diante da presente crise sistêmica internacional, aquela do final do governo FHC não passa de uma ducha de água morna.

Então, uma de duas: ou o Brasil realmente está mais vulnerável, e a crise mundial o levará a uma recessão avassaladora, ou o Brasil está menos vulnerável, e pode-se esperar que uma possível desaceleração do crescimento não signifique uma crise econômica mais profunda. Considerar que o país está mais fragilizado internacionalmente e cairá em recessão e, ao mesmo tempo, supor que isso pode não levar a uma crise de grande profundidade, não passa de jogo de palavras desconexas.

A presente crise mundial não é igual à de 1929, embora seja mais profunda do que aquela, entre outros motivos porque vários países emergentes, entre os quais o Brasil, entraram em rota de crescimento, fortaleceram em certa medida seu mercado interno, transformaram-se em parques industriais e não dependem exclusivamente dos mercados dos países desenvolvidos para manter sua economia funcionando.

O sistema bancário de vários deles, entre os quais o do Brasil, por motivos variados, também não ficou exposto aos papéis lastreados em hipotecas subprime e nem depende totalmente do crédito internacional, podendo manter linhas de crédito para as exportações e para o funcionamento do mercado doméstico.

É verdade que muitos desses países emergentes, aí também o Brasil, se beneficiaram das altas dos preços das commodities, e isso pode produzir problemas para a economia. No entanto, a economia brasileira não depende exclusivamente das commodities, ao contrário de países como a Venezuela, Argentina e Equador. Assim, embora tais produtos respondam por 50% das exportações brasileiras, e o Brasil não esteja livre dos problemas decorrentes da crise sistêmica, também não se pode dizer que este problema vai levá-lo ladeira abaixo.

Em outras palavras, do mesmo modo que o capitalismo não vai desmoronar por causa dessa crise, entre outros motivos porque o Estado dos países centrais está sendo colocado em ação para salvá-lo de sua própria dinâmica caótica, o Brasil e outros países emergentes enfrentarão melhor a crise atual porque seus Estados estão atuando no sentido de reforçar seus mercados domésticos e intensificar suas relações comerciais.
Fonte: Correio da Cidadania

12/11/2008

GRANDE ATO DO ENCONTRO DOS PARTIDOS COMUNISTAS

Camaradas

Entre os dias 21 e 23 estarão reunidos em são Paulo mais de 70 partidos comunistas de todo o mundo, no 10º Encontro Internacional. Esta é a primeira atividade deste porte realizada no Brasil em 86 anos de historia do comunismo em nosso País. No dia 22 de novembro, sábado, às 19 horas haverá um ato público na quadra dos bancários (Rua Tabatinguera), onde é tarefa de todos os militantes de nosso partido não só estar presente, mas também convocar os amigos e simpatizantes do PCB e interessados na nossa política.
O Comitê Central e a Direção Estadual do PCB estão organizando uma série de atividade no sábado em função do encontro. Às 15 horas, ocorrerá uma palestra sobre A Crise Econômica e a Situação na América Latina, com a presença do secretário geral do PCB, Ivan Pinheiro e do secretário Político de São Paulo, Edmilson Costa. Também estarão presentes na palestra e no Encontro caravanas do interior de São Paulo e de outros Estados. Após o ato público, haverá uma festa de confraternização em local a ser confirmado.
Todos os camaradas devem se empenhar o máximo possível para estarmos presentes ao ato com uma presença grande, forte e vibrante.

Direção Estadual do PCB-SP

11/11/2008

PARAGUAI: A APS se pronuncia sobre o Governo e seus ministros, diante da brutal repressão no dia 5 de novembro (*) À OPINIÃO PÚBLICA NACIONAL E INT

A APS condena categoricamente a brutal e criminosa repressão desatada pela polícia anti-motins no dia 5 de novembro, em frente aos escritórios do Ministério Público. O fato aconteceu frente à manifestação pacífica e indefesa que realizavam, em seu legítimo direito de cidadão, os camponeses fartos da injustiça de que são vítimas por parte de órgãos do estado que, historicamente, vêm operando em função dos interesses de latifundiários e usurpadores. Neste caso, falamos do órgão do Estado que, de acordo com a Constituição Nacional, é representante da sociedade paraguaia. O campesinato é integrante, de forma majoritária, na sociedade deste país.
O fato contrasta flagrantemente com as esperanças que depositaram e seguem depositando num governo que prometeu e continua prometendo mudanças sociais no país.
Este vergonhoso e deplorável capítulo é de absoluta responsabilidade do Ministério do Interior, secretaria de Estado encarregada de prezar pela segurança da cidadania, mas não às custas de massacrar como fez contra indefesos membros da nossa sociedade. Membros que correspondem – repetimos - à maioria da sociedade que hoje, assim como sempre, vem sofrendo com a fome, a miséria e o envenenamento por parte dos fazendeiros que sacrificam as vidas de terceiros para encher seus cofres, exportando soja.
Este fato atenta contra as expectativas sobre o atual governo, no qual o povo paraguaio votou no último dia 20 de abril. O governo de Lugo deveria marcar, para o povo, uma posição de que finalmente será o fator de mudança no país. Não serão as oligarquias saqueadoras, os usurpadores e envenenadores criminosos que hoje resistem em tributar seus exorbitantes ganhos obtidos por suas exportações, os que vão mudar o país. Porque esses setores foram os que controlaram os efetivos poderes de um Estado que hoje querem conservar e que tanto dano produziram ao nosso sofrido país.
Foram estas oligarquias, enriquecidas em sua maioria na ditadura stronista, entre as quais estão os donos de meios de comunicação, que hoje evocam a institucionalidade e o respeito à propriedade privada, as responsáveis por uma ordem estabelecida que hoje devemos modificar, se queremos uma real mudança no país. Devem saber esses senhores que é hora de conceber um novo mapa político. Um mapa que, por fim, ponha as coisas em seu lugar e devolva por uma redistribuição equitativa o poder às maiorias, ou seja, ao povo.
Reiteramos o nosso repúdio à repressão e responsabilizamos quem tem a seu cargo a secretaria pertinente. Cabe remarcar com todas as letras: neste fato a responsabilidade é do Ministro do Interior Rafael Filizzola. Se queremos um país diferente não podemos ter um ministro em cuja gestão se desata uma repressão criminosa destas características. Se na ditadura stronista tivemos poucas vezes repressões desta proporção, podemos dizer sem risco de equivocar-nos que, em todo o período da chamada "transição", que tanto se criticou, não se presenciou na capital um atentado tão criminoso aos direitos humanos como o de quarta-feira.
Defina seu governo Presidente Lugo e trate de contar com um gabinete que acompanhe uma política de real mudança no Paraguai, e terá o apoio do povo que finalmente é quem deve ser o verdadeiro detentor do poder numa democracia.

Condução Nacional da Aliança Patriótica Socialista
(*) – a APS é uma frente política permanente (não apenas eleitoral), composta pelo Partido Comunista Paraguaio, o Partido da Unidade Popular e a Mesa Coordenadora de Organizações Camponesas.
tradução: Ítalo Rocha

09/11/2008

Machado, seus relicários e raisonnés

Por Mauro Rosso
Acabo de publicar um livro – a tentação de dizer “dar à luz” é grande, mas a expressão não é adequada a modestos escribas; digna é de um Machado de Assis, por exemplo, justo objeto, leimotiv e tema desse livro: Contos de Machado de Assis, relicários e raisonnés (Edições Loyola), cujo título, assim como a imagem da capa, explicam seu conteúdo, estrutura e enfoque. A capa traz uma mulher – a essência mesma da ficção machadiana, sua protagonista, leitora preferencial, e objeto de postura de Machado, sem ser um ‘feminista dialético’, com relação ao direito (da mulher brasileira vivente na sociedade conservadora, patriarcal, retrógrada, de rígidos preceitos morais e sociais) de viver, educar-se, sentir, amar, realizar-se social e emocionalmente. Relicários, por definição um repositório de relíquias, como um bloco que abriga quatro contos que, se não exemplos lídimos do melhor da incomparável safra machadiana, ostentam cada um deles particularidades muito especiais e guardam entre si elementos de relação e ilação – todos, aliás, tendo como protagonista e cerne dramatúrgico, a mulher e o amor (este, o grande temário ficcional de Machado): a jóia da coroa desse relicário é o conto “Um para o outro”, publicado originalmente em 1879, depois desaparecido e dado como perdido, e que recuperei depois de seis anos de investigação, busca e recolha quase que obsessivas, conto que guarda dupla importância histórica, pelo resgate ora obtido e pelo fato de ser de um ano crucial da inflexão dentro do processo de evolução literária de Machado, a partir do qual, dentro do qual e ao fim do qual deve se dar toda e qualquer interpretação ou estudo de sua obra. Raisonnés, termo tomado emprestado do universo das artes plásticas, porquanto o livro apresenta o histórico bibliográfico-editorial de toda a produção contística machadiana, em matrizes especialmente – e nunca antes – construídas, organizadas sob distintos vieses, que se cruzam e se reportam umas às outras, remissivas entre si, além de um também inédito conjunto matricial completo – até aqui não objeto de levantamento e catalogação integrais – dos pseudônimos, anônimos e criptônimos de Machado.
O livro tem uma função, pode-se dizer uma missão, um destino manifesto: ser veículo, instrumento, para dar a conhecer um pouco mais – ou um tanto mais, depende da lente de cada um – do conto machadiano, de altíssima qualidade literária, comparável às criações dos grandes mestres universais do gênero (e Machado também o é, sim senhor), lamentavelmente objeto de edições mal-engendradas ou mal-cuidadas; o conto, assim como a crônica, constituem-se nas ferramentas capitais dos experimentos machadianos (de forma, gênero, tema, trama, estilo, linguagem, enfoque), forjadores do aludido processo de sua evolução literária. Por isso, o conto e a crônica saídos da lavra do incomparável autor são as searas nas quais concentro e concentrei, desde o início, meus estudos machadianos.
Meu lema
Um pouco de minha história: meu envolvimento com a literatura de Machado de Assis se deu obviamente pelos mesmos caminhos, vieses, formas e pelas mesmas injunções de todo pesquisador e estudioso – diria até que de todo admirador, amante e cultor – da literatura brasileira. Pois como desviar-se e ‘proteger-se’, sem qualquer possibilidade de envolvimento, com a figura e a obra de um de nossos maiores criadores artísticos, “a mais completa realização estética do gênio brasileiro”, na sentença de José Guilherme Merquior, e verdadeiro “epicentro da literatura brasileira”, uma expressão cunhada em conversa informal com o crítico literário Manuel da Costa Pinto, anos atrás, em São Paulo, que agradou-me desde o primeiro instante e passei a adotá-la como uma espécie de ‘lema’ a pautar reflexões e exercícios intelectuais. Na atividade de professor de literatura brasileira e ensaísta, produtor de textos sobre a criação literária feita entre nós, não houve como deixar de aprofundar-me cada vez mais e melhor na obra de Machado, per se – assim sustento – síntese e corolário do processo histórico da literatura nacional, o eixo de um equilíbrio dinâmico da própria língua literária brasileira. Daí incrementou-se ao longo do tempo – e nisso refiro-me aos últimos oito anos – o inevitável labor da pesquisa, gradativamente expandida para o olhar ao mesmo tempo abrangente e segmentado, meticuloso e genérico, macro-investigativo e micro-analítico para as diversas, fascinantes, algumas simplesmente indescritíveis, nuances da obra machadiana, tão complexa, um verdadeiro mundo a desafiar análises, explicações e interpretações.
Esse algo\muito ‘misterioso’ presente e latente não poderia deixar em hipótese nenhuma de me atrair – como a muitos outros – e obrigar-me ao envolvimento pleno com a literatura de Machado. E na medida do enveredar, por assim dizer, nos ‘labirintos’ machadianos, veio num crescendo o encantamento com seu discernimento na representação da sociedade do século 19, na observação dos costumes sociais e da natureza humana, com a sutileza crítico-irônica de sua linguagem, com as geniais arquiteturas narrativa, temática e tramática de sua ficção. Em especial, intriga, e seduz, o fato de um escritor do século 19, vivente numa sociedade imperial defasada em termos de progresso, escravocrata e de rígidos padrões sociais e morais, poder ter adquirido tamanha estatura universal – ser, em suma, o exemplo mais bem acabado, o emblema personalizado do conceito de “idéias fora do lugar” de Roberto Schwarz. Como não se ‘envolver’ com um autor tão avançado para sua época, ao mesmo tempo tão atual e tão universal?
Como pesquisador, palestrante, ensaísta e autor, esse privilégio justifica-se, com relação aos contos, antes de tudo pelo altíssimo quilate literário da narrativa curta machadiana, depois porque estranhamente – melhor dizer, paradoxalmente – coloquem-se como que ‘subalternos’ aos romances, que concederam, e ainda concedem, a maior fama a Machado: mas ele foi\é essencialmente um incomparável criador de contos, aos quais conferiu, no Brasil, status de gênero literário por excelência. Machado é o verdadeiro criador do conto brasileiro, haja vista que nenhum dos grandes autores que o antecederam pouco, ou quase nada – basta examinar as obras de Gonçalves de Magalhães e José de Alencar, por exemplo – praticaram o gênero, e extremamente parcas, esparsas e efêmeras foram as manifestações e os trabalhos anteriores a Machado. O conto lhe consentia a compenetração na psicologia – comportamental, social, moral, etc. – da sociedade brasileira do século 19, ao mesmo tempo em que a medida, o formato e as características próprias do conto – a requerer concisão, síntese, fluência, a linguagem próxima ao coloquial, a facilidade expressiva – permitiram uma forma de expressão bastante condizente com a verve ficcional machadiana (com as ‘tintas’ da ironia, da sátira, do pastiche, da anedota) e sua adequação a relatos de relações amorosas, afetivas, familiares, sociais e até mesmo políticas, e a retratos psicológicos e intimistas – que é o tom, tônus e timbre de toda a ficção machadiana.
Os contos de Machado carecem não apenas de edições adequadas, mas também e principalmente de estudos condizentes com sua relevância literária, que inclusive forneçam uma visão completa do conjunto – que os raisonnés de meu livro procuram dar. As crônicas, por sua vez, têm entre elas algumas não adequadamente consideradas, além de contemplarem abordagens machadianas, por exemplo, sobre finanças e política – praticamente desconhecidas até então (organizei, com o economista Gustavo Franco, uma coletânea de artigos referentes a economia, publicada em 2007, e agora preparo a antologia sobre política para a Editora do Senado Federal).
Notável e meticuloso experimentador
Mas sobretudo, no que tange a ambos, aos contos e às crônicas machadianas, porque, sem demérito dos romances, da poesia, do teatro, da crítica literária, e do ensaísmo machadianos, constituem-se nos elementos capitais das experimentações que consubstanciam o processo de evolução literária de Machado, o marcante processo de inflexão – que, aliás, tanto instiga os estudiosos: o conto como laboratório, campo de experiências narrativas, temáticas, estilísticas, de forma, linguagem; paralela e concomitantemente, a crônica como coordenada da unificação e harmonização da linha evolutiva do ficcionista. Processo esse que, consubstanciado nos romances – Memórias póstumas de Brás Cubas como seu marco –, advém da crônica e do conto, valendo notar neste aspecto as nítidas interseções entre a ficção e a não-ficção machadianas ao longo do tempo, pré e pós-1880: em essência e matéria, a mesmíssima ‘reformulação’ de enfoque, forma e estilo imprimida por Machado de Assis em sua criação ficcional, transpondo o romantismo dos primeiros três romances (Ressurreição, A mão e a luva, Helena) e a ‘ideologia’ presente nos contos iniciais, que incorre no processo de transição no final da década de 1870 (representado por Iaiá Garcia) e anunciador da inovação sintetizada em Memórias póstumas de Brás Cubas, consolidada em Quincas Borba, na grandiosa Dom Casmurro, depois em Esaú e Jacó e em Memorial de Aires, deu-se da mesma forma, sob o mesmo diapasão, com a mesma ‘latitude’ literária, na mesma época, também na geração das crônicas publicadas na imprensa – os escritos ‘avulsos’ em jornais pequenos na década de 1860 e as primeiras séries (“Histórias de 15 dias” e “Notas semanais”, respectivamente de 1876/77 e 1878) ostentando características similares às das obras ficcionais desses períodos, depois a inflexão expressa em Brás Cubas se revelando na produção jornalística da década de 1880 (com as séries “Balas de estalo” , “A + B” e “Gazeta de Holanda”), a ‘seriedade’ e contundência temáticas e estilísticas daqueles três romances desse tempo se pondo também em todos os conjuntos croniquescos daí em diante.
A evolução literária de Machado deu-se substancialmente pela combinação do emprego do esforço criador na busca gradual e compassada, bem urdida, de uma coerência, uma abrangência e uma profundidade obtidas parte pelo talento nato, parte (a maior) pelo exercício consciente e meticuloso da prática literária, vis a vis com a percepção clara do entorno histórico, social e cultural e dos meios de que dispôs para expressão de sua literatura. Sempre existiu em Machado um notável e meticuloso experimentador, absolutamente seguro, determinado e consciente, que ao longo do tempo preocupava-se com configurações (temáticas, tramáticas, estilísticas, de linguagem), como verdadeiros exercícios literários sempre em busca do equilíbrio perfeito entre o experimentalismo e a reflexão – principal fator da qualidade e originalidade da excepcional obra machadiana. Evolução literária que se desenvolveu como um todo coerente e consistente, obediente a escalas e estágios, por certo, como o é todo processo – mas neste particular compartilho inteira e incondicionalmente com o crítico e ensaísta Silviano Santiago, no sentido de, uma vez por todas, procurar reformular o conceito estabelecido sobre uma dicotomia que se costuma impor, simplesmente porque a obra machadiana submete-se a estruturas básicas que se superpõem, se interligam e se renovam como um todo coerentemente organizado. Na verdade, a estética ficcional e não-ficcional e o pensamento literário machadianos não podem nem devem ser tão facilmente encaixados em dois blocos distintos – como ‘de aprendizado’ e ‘de maturidade’ [sic] – até porque se desenvolvem e se coadunam concomitantemente, seguindo, ambos, vis a vis, a mesma linha no decorrer de toda sua carreira, apenas sedimentando-se e amadurecendo consistentemente pós-1880 e nas obras seqüentes.
Contudo, o fato de ser discutível considerar a obra machadiana catalogada em duas ‘fases’ não implica necessariamente em renegar a existência, como em todo processo, de escalas e estágios, com nítidos pontos de inflexão, ou de mais intensa transição: no caso de Machado, os anos 1868-71, de resto condizente este com o próprio momento histórico-político do País, e principalmente o biênio 1878-79, quando se deu, primeiro a publicação do romance Iaiá Garcia – essencial obra de transição, de certo modo ‘subestimado’ em sua relevância como elemento crucial de “ponto de viragem” ficcional, e depois, os contos escritos no ano de 1879, especialmente “Um para o outro” – que é o conto inédito, pilar da edição ora publicada.
A meu juízo, os experimentos de Machado com a técnica narrativa estão menos correlacionados com uma suposta ‘crise dos 40 anos’ (sic), – ou, acoplada a ela, o problema de saúde que acometeu Machado por essa época, crise de saúde gerada menos por moléstia ou males físico-orgânicos e muito mais por uma tensão criativa em meio ao processo de inflexão e diante da iminência prática, da inevitabilidade da transformação literária – ou por “mudança no estrato social” como sustenta o ensaísta Valentim Facioli; tudo se deu, assim sustento, devido à sua lucidez com relação ao momento histórico-político-social, que não mais comportava tipo, forma e estética de ficção ainda marcada por valores da primeira metade do século 19, pós-Independência, plena de Romantismo, e devido à sua plena consciência da necessidade de mudança: Machado percebeu nitidamente que tinha de fazer algo mais diferenciado – quer no plano estritamente literário, quer no plano histórico, em função da própria mutação política e social que o país experimentava.
Sob outro viés, pode-se considerar que a inflexão machadiana teve como itens capitais e seus elementos, digamos, ‘operacionais’ de um lado, a transmutação do narrador e da voz narrativa (que é bem diferente da questão da narrativa na primeira ou terceira pessoa), a criação machadiana de um novo “leitor-modelo”, em contraponto ao leitor-empírico – definidos estes conforme a conceituação de Umberto Eco; de outro lado, o peculiar tríduo tolo-mulher-homem de espírito, ‘mola-mestra’ de toda a ficção machadiana, sob uma teia dramatúrgica presente em contos e romances ao longo do tempo e de sua evolução literária, transportada a ‘ideologia’ do livro iniciante (Queda que as mulheres têm para os tolos) para praticamente todas as obras posteriores. Essa obra, o primeiro livro publicado de Machado, de importância fundamental, é infelizmente pouco conhecida e estudada – e por isso empenhei-me também numa consistente pesquisa, indo até a fontes primárias e manuscritos-autógrafos, e na preparação de uma edição crítica sobre ela (que será publicada em 2009), inclusive buscando fomentar uma necessária e saudável polêmica acerca da questão de ser ou não criação original de Machado, que eu convictamente sustento assim tenha sido: trata-se de mais um exemplo dos clássicos ‘mistérios’ e enigmas de que Machado foi mestre absoluto.
Nesse particular, convém lembrar que toda a obra de Machado é plena de peculiaridades e nuances, o que a faz diferenciada – e esse cunho de diferenciação, a rigor, há de ser observado pelo pesquisador, pelo estudioso, pelo ensaísta, por todo aquele enfim que se proponha a escrever sobre Machado. É o que procuro atender: sempre fazer da diferenciação o elemento norteador de meus projetos, quer de pesquisa quer de publicação. Assim foi, por exemplo, para efeito da composição das crônicas sobre finanças e sobre política, fruto de uma pesquisa completa de todos, rigorosamente todos, os escritos machadianos em periódicos, da mesma forma com relação aos contos, buscando todas as suas publicações ao longo do tempo, das originais às mais recentes, o que propiciou, de um lado, o pleno resgate do conto dado como desaparecido, até então inédito, a descoberta por assim dizer de certas nuances na criação contística de Machado e sobretudo a reconstrução do histórico bibliográfico dos contos de Machado consubstanciado nas matrizes-raisonnés que integram esse livro.
Pesquisa detetivesca
O que determinou o foco de minha pesquisa, para essa edição, tem origem e leitmotiv, em escala mais ampla, no programa de trabalho a que me propus, desde 2000, cognominado “Estudos de Machado de Assis”, que enfeixa um conjunto de obras, ensaios, textos, teses, palestras e projetos de pesquisa literária; e pontualmente em diligentes investigação, busca e recolha levada a efeito durante seis anos para recuperação e resgate do conto “Um para o outro”, ignorado em todas as edições, volumes, ensaios, textos, teses, documentos em torno de Machado de Assis, e apenas referenciado por José Galante de Sousa e Jean-Michel Massa. Esse conto, em particular – a par de outros, que também possuem peculiaridades –, desde logo despertou meu obstinado interesse, algo como um desafio para obter seu resgate, elemento per se fascinante para qualquer pesquisador e estudioso. A investigação, busca e pesquisa para o resgate do conto – originalmente escrito e publicado em dez capítulos, em A Estação, dos quais apenas três ‘sobreviveram’, sete portanto desaparecidos – têm verdadeira conotação detetivesca, no melhor ‘estilo Holmes’, com a agravante de nem os acervos de obras raras ou de manuscritos da Biblioteca Nacional, por exemplo, possuírem sequer registros dele. Durante seis anos percorri inúmeros caminhos e veredas entre acervos públicos e particulares, arquivos institucionais e pessoais, ou recolhendo informações, depoimentos e até mesmo especulações, recebendo e seguindo ‘pistas falsas’, outras relativamente verdadeiras, varando recortes, excertos, fragmentos, até descobrir e conseguir localizá-las – três dos sete capítulos faltantes com um descendente da melhor amiga de Carolina Xavier, mulher de Machado, e os outros quatro no meio de documentos e papéis, qual ‘agulhas no palheiro’, do acervo pessoal de José Galante de Souza, há cerca de quatro anos em processo de organização (exaustiva, porquanto inteiramente desordenada, a exigir diligente esforço) na Fundação Casa de Rui Barbosa. Por sua vez, no tocante aos contos “Três tesouros perdidos”, “Uma partida” e “Bagatela” – que compõem o bloco ‘relicários’ – a busca, coleta e recolha deu-se nas fontes primárias e jornais da época, da mesma forma obrigando, como em “Um para o outro”, diligente trabalho de atualização ortográfica, interpretação contextual, etc.
O livro contém ainda, e nisso mais um elemento de diferenciação, um conjunto de matrizes-raisonnés dos contos de Machado, especialmente delineadas para a edição, que abrigam um completo histórico bibliográfico-editorial de toda a produção contística machadiana, o qual entendo possa vir a moldar um modelo genérico de historiografia bibliográfico-literária. Essas matrizes, nunca antes construídas, estão organizadas sob distintos vieses, cruzando-se e reportando-se umas às outras, remissivas entre si, a retratarem, para cada um dos contos, suas respectivas seqüências de publicação e, concomitantemente, aspectos problemáticos inerentes a edições levadas a efeito, ou não realizadas como o deveriam ser. Vale aqui observar a conotação histórica que estas matrizes contêm em si – a servir de inestimável instrumento e subsídio para pesquisadores, historiadores, ensaístas, críticos literários, professores, estudantes, editores, e também para o contingente formado pelos admiradores e cultores de Machado de Assis e todo tipo de leitor, enfim, que deseje ou necessite saber mais sobre sua magnífica obra contística. Em especial, para que leitores e ledores de todos os matizes descubram mais que novos textos e novos registros historiográficos, que vislumbrem surpreendentes nuances e significados na criação ficcional de Machado.
Muito a se estudar
Há muito ainda a se conhecer acerca de Machado, muito a descobrir, revelar, pesquisar, estudar e publicar – em especial para desfazer equívocos e omissões na própria recepção da obra machadiana e uma enorme dificuldade de definir e classificar a produção de Machado dentro de chaves críticas existentes. Vem à mente, de imediato, o propalado alheamento de Machado às questões de seu tempo, seu “aburguesamento” (sic), a ridícula “denegação das origens” conferida à sua obra, a ausência de um “herói negro” em sua ficção – como se isso fornecesse convincente e taxativo certificado de consciência política, como se fosse elemento imprescindível na construção de romances e contos de qualidade. Por outro lado, fértil é a galeria das surpresas-mistérios de Machado – não fosse ele o mestre desses expedientes – da qual o conto “Um para o outro”, por exemplo, é emblemático. Outro aspecto absolutamente relevante, a corroborar o tanto ainda a se estudar em Machado, reside em sua fantástica, notável, atualidade: avançadíssimo para seu próprio tempo, projetou-se absolutamente atual, por exemplo antecipando temas da ficção contemporânea, no aprofundamento psicológico, no questionamento da forma narrativa do romance, no cultivo ao ceticismo típico do denominado pós-modernismo, dotando muitos de seus contos de temas clamorosamente contemporâneos – como o culto à promoção pessoal, à imagem pessoal, à publicidade e ao marketing, à exposição massiva, em “Teoria do medalhão”; os conceitos e teses da psiquiatria moderna (ou anti-psiquiatria do século 20\21) quanto à conceituação da loucura em “O alienista”; a crítica ao racionalismo científico em “Causa secreta” e em “O lapso”; a crítica sarcástica à ambição de poder por parte dos homens em “Na arca”; a sátira às distorções eleitorais em “A sereníssima república”; a crítica à ciência alienada da humanidade em “O conto alexandrino”; a crítica às elites tecnocráticas e prevalência da tecnocracia, que é discussão atualíssima, os arautos do progresso tornando-se algozes da sociedade, em “Evolução” – de outro lado, fazendo da crônica, vazada em linguagem e forma modernas, um gênero literário a moldar um modelo seguido no século 20, estabelecendo como tradutor conceitos hoje adotados na Teoria Comparada, revelando no ensaio a preocupação permanente com a identidade nacional e lançando premissas da moderna Teoria Literária, criando os ‘versiprosa’ (nas crônicas da “Gazeta de Holanda”, 1886-88), depois adotados por Drummond, abordando criticamente assuntos de ordem política e da seara econômica existentes na realidade de hoje, preconizando e pregando o direito da mulher à instrução e educação, à vida afetiva, ao amor e à liberdade, e em especial trazendo para o centro de sua ficção a questão da sexualidade feminina e o conceito freudiano do desejo inconsciente – o que faz dos textos machadianos antecessores da própria obra de Freud.
Almejo que este meu livro seja eficaz em mostrar o quanto textos importantes de sua lavra não são suficientemente revelados, conhecidos e estudados, e, de outro lado, realçar no tocante ao historiográfico dos contos (diria que o mesmo se aplica às suas crônicas), o muito ainda a se realizar para atender, minimamente, à relevância, magnitude e grandiosidade da obra machadiana.
Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil

Economistas sugerem controle internacional das finanças

RIO DE JANEIRO – A atual crise financeira global demonstra que a cultura da especulação chegou ao seu limite e aponta para a urgente necessidade de se criar um novo mecanismo internacional de controle das finanças e fluxos de capital. Essa foi a mensagem transmitida por renomados economistas que participaram do simpósio internacional “Perspectivas para o Desenvolvimento no Século XXI”, organizado pelo Centro Internacional Celso Furtado e realizado nos dias 6 e 7 de novembro no Rio de Janeiro.Após mencionar o exemplo da Islândia, país considerado rico, mas que quebrou na atual crise por ter apostado durante os últimos anos na especulação com títulos e derivativos de outros países, o diretor da Divisão de Estratégia e Globalização da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), Heiner Flassbeck, foi taxativo: “Essa opção global pela especulação produziu fragilidades financeiras numa dimensão muito maior do que jamais havíamos produzido”, disse.Flassbeck afirmou que, nos últimos anos, a especulação cresceu de forma descontrolada também em relação ao preço dos alimentos e do petróleo e que muitos grupos financeiros cristalizaram o hábito de especular com a taxa de câmbio, atuando contra as moedas nacionais: “Deveríamos criar um sistema monetário internacional que possa levar as taxas cambiais na direção certa. É preciso adotar uma política internacional que interrompa imediatamente esse processo especulativo com as moedas e as commodities”, disse o diretor da UNCTAD.Professor da Universidade do Tenessee e do Centro de Análises de Políticas Econômicas da New School of Social Research de Nova York, Paul Davidson lembrou dois ícones do Século XX _ Albert Einstein e John Maynard Keynes _ para analisar a atual crise financeira: “Os cientistas consideravam o tempo e o espaço como coisas distintas e sem influência mútua, mas Einstein elaborou a Teoria da Relatividade e demonstrou que não. Alguns economistas acreditam que o mercado produtivo e as finanças também são coisas separadas. Keynes, no entanto, já havia alertado que mercado produtivo e finanças interagem continuamente. Esta crise comprova isso”.Davidson defendeu a criação de “uma câmara internacional bancária e de controle do câmbio” e, novamente citando a teoria keynesiana, propôs a adoção de um sistema de socialização dos investimentos: “O mercado financeiro deve proporcionar liquidez para empresas e pessoas, e os bancos centrais de cada país devem controlar o mercado financeiro”, disse o economista norte-americano.“Riquezas fictícias”Professor da Fundação Getúlio Vargas, o ex-ministro brasileiro Luiz Carlos Bresser-Pereira sugeriu a criação de Fundos Soberanos nos países em desenvolvimento e também defendeu a adoção de um mecanismo internacional de controle das finanças: “É necessário criar um órgão que atue como guardião da conta-corrente”, disse.Bresser fez dura crítica ao pensamento econômico neoliberal: “A macroeconomia neoclássica é inútil e perigosa, ela é ideológica. A Teoria Econômica Neoclássica é uma meta-ideologia que, em sua forma moderna, legitimou a apropriação do excedente econômico por uma classe de tecnocratas, associados aos capitalistas, que ganham bônus e comissões e mais bônus e comissões em cima desse processo especulativo”, disse. O ex-ministro acrescentou que, nos últimos anos, a especulação “foi criando uma montanha de créditos e inventando riquezas fictícias”.Outro que criticou o pensamento econômico dominante foi o italiano Massimo Pivetti, economista e professor da Universidade de Roma: “Os bancos centrais devem estimular os investimentos e baixar as taxas de juros. Contra a crise, os países precisam aprofundar políticas de distribuição de renda, reforma agrária e fortalecimento do serviço público. Ter um banco central independente e que segue a escola norte-americana é o melhor antídoto contra isso tudo”.
Fonte: Agência Carta Maior