28/06/2008

PCV: Chamado para que presidente seja "fator de unidade e coesão das forças revolucionárias"

Partido Comunista da Venezuela pede que se diga claramente ao país se existe alguma mudança política, econômica, tática ou estratégica que provoque a exclusão do Partido Comunista Caracas, 23 de junho. Tribuna Popular TP .- O Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela fez um chamado ao Presidente da República para que ele seja o fator de unidade e coesão de todas as forças revolucionárias do processo venezuelano. Assim afirmou o Secretario Geral do Partido, Oscar Figuera, em coletiva de imprensa."É o momento de assumir que o que mais serve à revolução venezuelana é que Hugo Rafael Chávez Frías seja fator de unidade, de coesão de todas as forças sociais e políticas do processo revolucionário, e que não se assuma como chefe de uma parcela em particular, mas sim de todas as forças e de todo o processo", assinalou o dirigente. O momento é de unidade e direção coletiva O PCV caracterizou a situação política nacional por que passa o país como a que traz a necessidade de construir a unidade. "Este momento segue sendo da Unidade Popular Revolucionaria, e dentro desta caracterização é urgente, para os comunistas, que se avance na construção do instrumento unitário – uma ampla frente nacional antiimperialista – em cuja direção deve avançar a Aliança Patriótica", reafirmando que "o momento pede uma Direção Coletiva do Processo Revolucionário venezuelano". "Na medida em que se reativa a contra-ofensiva da reação mundial, é necessário fortalecer na mesma proporção essa liderança do Presidente, fortalecer a coesão de todas as forças, construir o instrumento da unidade popular revolucionaria e dotar esse instrumento para além de uma declaração programática de caráter estratégico, dotá-lo de uma Direção Coletiva do processo revolucionário", enfatizou Figuera."Nunca será perda de tempo construir a unidade, o instrumento da direção coletiva". Para os comunistas, seria um erro estratégico do processo revolucionário "não avançar nessa direção", já que isso põe em risco o rumo do processo revolucionário venezuelano e a perspectiva socialista do processo". O PCV se pergunta se há uma mudança na direção do processo No processo de libertação e independência nacional pelo qual transita a revolução, movem-se diferentes interesses de classe, assinala o PCV, "entre os que estamos convencidos que se deve avançar para o socialismo e aqueles que, no próprio seio do processo, aspiram a uma virada profunda para a centro-direita".Figuera advertiu que os únicos a quem serve a divisão e a falta de coesão das forças revolucionárias são os que aspiram que o processo marche para a centro-direita."A ninguém mais serve um discurso anticomunista, a ninguém mais serve o isolamento das forças revolucionárias senão àqueles que, desde fora da revolução, como aliados históricos do imperialismo norte-americano, e mesmo no próprio seio da revolução, não interessa um caminho na direção da construção do socialismo", disse.O Partido Comunista da Venezuela pediu para que se diga claramente ao país se existe alguma mudança política, econômica, tática ou estratégica que provoque a exclusão do Partido Comunista do conjunto de forças que formam parte deste processo: "é importante que se diga ao país claramente".O PCV reafirmou seu pertencimento ao processo revolucionário venezuelano por direito próprio, "direito próprio ganho em décadas de combate contra o imperialismo, contra o capitalismo, contra a burguesia, pelos direitos do povo, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras", manifestando que quem buscar sua exclusão "não a conseguirá". O PCV ratificou as candidaturas para as eleições regionais O Partido Comunista da Venezuela ratificou as candidaturas a governador de Eduardo Linarez em Yaracuy, Carlos Armiche Padrón em Sucre, Henry Parra "O Galo" em Táchira e Amado Heredia no Delta Amacuro, assim como as candidaturas aos municípios e conselhos estaduais definidas no XXII Pleno do Comitê Central.Figuera assinalou, a respeito, que "assumimos com todas as forças que somos parte da revolução e que temos o legítimo direito a apresentar candidaturas, um direito legítimo de toda organização".O dirigente foi enfático ao assinalar que não se trata de uns partidos terem direito, e outros não, a apresentar e postular candidaturas. "Para isso são os processos de construção unitária, de construção dos consensos", expressou.Para o Partido Comunista não basta obter a maioria de votos na eleição de um candidato, é necessário avaliar o perfil dessa candidatura, saber "se ela responde aos objetivos da transformação revolucionária da sociedade".Em um jogo de palavras, o Secretário Geral do PCV disse que "pode ocorrer que, ganhando, percamos". Seria o caso de ganharem candidaturas cuja proposição é fazer perder tudo o que este processo tem avançado. E disse que "se ganhamos com algumas candidaturas, não estamos avançando mas perdendo".Por isso, ratificou que faz falta essa direção coletiva, "para avaliar cada candidatura, para que sejamos menos erráticos em nossas iniciativas". O candidato do PSUV a Táchira deve definir seu perfil Fazendo uma análise de algumas candidaturas, Figuera expressou que no caso do Estado Táchira, a Direção Regional do PCV determinou que a apresentação de um candidato pressione o candidato do PSUV, Leonardo Salcedo, a "definir claramente seu perfil frente ao processo revolucionário. Estamos falando de construir o socialismo", assinalou. A respeito, disse: "Necessitamos que esse candidato diga de verdade que está comprometido com um processo de realização revolucionária". O PCV exigiu inclusive que o candidato faça uma autocrítica de sua conduta nos acontecimentos de 11 e 12 de abril de 2002, já que seu antecedente conhecido na região é de que sua conduta não havia sido de defesa do processo revolucionário, mas justamente o contrário.Oscar Figuera adicionou que "não se pode cometer um erro com essas características que se sucederam em Táchira e agora, com a cara lavada, ser candidato do processo revolucionário", assinalou o dirigente. Em Táchira, não pode haver um governador não ganho para o processo revolucionário porque, segundo o PCV, "os combates que estão em desenvolvimento e estão por vir serão da maior profundidade". A Aliança Patriótica deve se estruturar em todo o país O Partido Comunista está pondo todo seu empenho para que a Aliança Patriótica se converta na Direção Coletiva da Revolução e se transforme na grande Frente Nacional Antiimperialista que o processo historicamente necessita. Figuera afirmou que "não há processo revolucionário que possa ocorrer de verdade se não são construídos os instrumentos de direção revolucionária necessários para empurrar estes processos. Trata-se de uma necessidade histórica".Frente à possibilidade de o PSUV manter, de forma excludente, todos os seus candidatos, Figuera manifestou a necessidade de ser consistente e consequente com o que todos os setores têm assinalado, que a Aliança Patriótica é estratégica, e para além das eleições, no caso de não haver acordo em todas as regiões do país, ela "não deveria se romper".

27/06/2008

Intersindical repudia criminalização do MST


Os movimentos sindicais e populares em todo país têm sido vítima de uma investida dos patrões, governos e de órgãos do Estado brasileiro, sem precedentes desde a redemocratização. Os ataques vão desde repressões militares às greves e manifestações de rua, interditos proibitórios, processos criminais contra militantes, até as demissões de dirigentes em plena atividade sindical sob a baqueta dos governos e da truculência patronal.

Figuram como prova inconteste do avanço dessa repressão às ousadas declarações, publicadas no último dia 24 de junho, constantes no relatório recentemente aprovado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, em que o Promotor Gilberto Thums declara: "Voto no sentido de designar uma equipe de promotores de Justiça para promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade" e ainda "Cabe ao Ministério Público agir agora. Quebrar a espinha dorsal do MST".

Diante desse ataque o MST já se pronunciou afirmando que depois do massacre de "Eldorado do Carajás, esse é o fato mais marcante da história do movimento", ressaltando que trata-se de um órgão do Estado limitando um movimento sindical e popular, situação só vista nos tempos de ditadura militar.

Diante desses acontecimentos a Coordenação Nacional da Intersindical resolve:

1- Manifestar com vigor o mais absoluto repúdio a postura do Ministério Público do RS em sua cruzada contra o MST.

2- Prestar irrestrita solidariedade e se colocar a disposição do MST, para as medidas que se fizerem necessárias no sentido de conter os ataques contra o movimento.

3- Assinar e convocar todas as entidades sindicais a assinarem o manifesto contra a criminalização do MST que pode ser encontrado na íntegra no site: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=5519

4- Apontar a necessidade urgente de se construir uma grande campanha nacional contra a criminalização dos movimentos sociais e do povo, com materiais e atividades em todo país. Solicitando às entidades sindicais e populares que enviem relatórios, casos, processos, imagens etc para que possamos propor uma ampla campanha de denúncia dessa investida política e repressora contra a Organização, Liberdade e Autonomia dos movimentos sociais em luta pelos seus direitos.

Coordenação Nacional da Intersindical

26/06/2008

Documentos revelam: MP gaúcho pretende “dissolver” o MST


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra apresentou hoje (23/06) documentos que comprovam uma estratégia do Ministério Público Estadual para “dissolver” o MST. Uma ata do Conselho Superior do Ministério Público, em reunião em 3 de dezembro do ano passado, comprova as denúncias. Na reunião, o MPE decide proibir qualquer deslocamento de trabalhadores Sem Terras, incluindo marchas e caminhadas, intervir em escolas de assentamento, criminalizar lideranças e integrantes e “desativar” todos os acampamentos do Rio Grande do Sul. As decisões do MPE já estão sendo postas em prática desde o ano passado. Mais recentemente, dois acampamentos, em áreas cedidas, foram despejados e o acampamento de Nova Santa Rita, em uma área de assentamento, foi congelado, com as famílias impedidas de entrarem ou saírem do acampamento judicialmente. A posição do Ministério Público coincide com a acentuação do uso de violência pela Brigada Militar em mobilizações de qualquer movimento social, como no dia 11 de junho, quando dezenas de pessoas foram feridas por balas de borracha e cassetetes. Um agricultor teve hemorragia interna em conseqüência das agressões e permaneceu uma semana hospitalizado. Segundo o advogado Leandro Scalabrin, autor da denúncia, a decisão do Ministério Público ofende o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, especialmente o artigo 22, nº 1. Este pacto foi reconhecido pelo Governo brasileiro através do Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992. Ofende também a Constituição Federal. O artigo 5º, inciso XVII, diz que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.” Documentos do próprio relatório contradizem a apuração dos Promotores: um inquérito da Polícia Federal, realizado entre janeiro e agosto do ano passado, verificou que não há “qualquer ligação com a FARC ou até mesmo estrangeiro no local” e conclui que “inexiste crime contra segurança do Estado”. Com a revelação do documento, comprova-se que o Rio Grande do Sul é hoje cenário de uma estratégia dos Poderes executivos e judiciários que ameaça às liberdades conquistadas com o fim da ditadura militar. O teor dos documentos e a própria prática destas instituições representam uma volta ao autoritarismo, ao desrespeito à Sociedade Civil e a incapacidade em respeitar a pluralidade política e social. Agrava-se esta situação que estes poderes são financiados pelas verdadeiras ameaças à Segurança Nacional: empresas como a sueco-finlandesa Stora Enso, doadora da campanha eleitoral da Governadora, que adquire ilegalmente terras na faixa de fronteira, desprezando a legislação brasileira com o aval dos Poderes executivo e judiciário. Coordenação Estadual MST - RS

23/06/2008

O PCB se posiciona pela vida e contra o capital!


Considerando que a Constituição federal de 1988 deliberou pela demarcação das terras indígenas.

Considerando que os povos indígenas têm direito à terra como parte essencial de sua forma de vida, de sua cultura e sua identidade, assim como, da mesma maneira que qualquer povo, tal direito implica em mudar seus costumes e buscar formas de convivência com outras culturas, preservando aquilo que lhes parecer fundamental e incorporando aquilo que considerem adequado.

O PCB (Partido Comunista Brasileiro) vem posicionar-se pela imediata demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol de forma contínua como determina a lei.

O atraso da demarcação é revelador do caráter do atual governo, submisso aos interesses do grande capital, do agronegócio e dos setores financeiros. O fundo da questão em foco reside na qualidade do uso da terra como valor de uso fundamental à vida ou mercadoria a ser explorada com vista à mercantilização.

O grande problema da Amazônia é fundiário, sendo que mais de 75% das terras não têm titulação. Foi exatamente a ausência de uma política definida que permitiu a ocupação desordenada, o crescimento de uma pecuária de baixíssima produtividade (2 cabeças por hectare enquanto a média nacional é de 7), de uma extração de madeira que corresponde a 35% do PIB de Rondônia e do desenvolvimento desordenado da rizicultura, concentrada nas mãos de sete proprietários.

A reserva proposta possui 1,67 milhão de hectares e é habitada por aproximadamente 15 mil índios das etnias Macuxi, Tauarepang, Patamona, Ingarikó e Wapixana, que ocupam 152 aldeias. É fundamental propiciar as condições para que não se desarticule o modo de vida destes povos, inclusive permitindo que povos ainda não contatados possam escolher manter-se como estão. Por mais de vinte anos, considerando a aprovação da Constituição, estes povos esperam pela demarcação que, ao não se efetivar, criou vários problemas de ocupação irregular, inclusive a criação de um município dentro da reserva, estradas e várias iniciativas produtivas entre os povos originários e diversos tipos de interesses privados, desde pequenos agricultores, madeireiras, mineradoras e interesses do agronegócio incentivado pela expansão da fronteira agrícola.

A demarcação descontínua acaba por premiar aqueles que irregularmente realizaram a ocupação e inviabiliza a possibilidade da autonomia necessária para que os povos que ali se encontram busquem manter sua identidade cultural e sua forma de vida, condenando-os a uma inevitável incorporação forçada e subalterna na lógica da sociedade do capital, engrossando a massa de despossuídos e miseráveis.

Roraima tem aproximadamente 40 mil indígenas, o que corresponde a uma das maiores concentrações do Brasil. A questão se resume em decidir se será mais uma área de expansão do capital ou de respeito à vida e à preservação sócio-ambiental.

O PCB se posiciona pela vida e contra o capital e denuncia a intenção perversa de vincular a luta pela demarcação das terras indígenas como perda da soberania, uma vez que tal demarcação não implica na renúncia de qualquer direito sobre defesa de fronteiras ou riquezas minerais, mas sim no direito de os povos originários viverem e decidirem sobre seu futuro, incluindo a forma e a oportunidade de disporem daquilo que constitui seu patrimônio. O que fere os interesses de nosso país e dos trabalhadores é o papel do latifúndio e do agronegócio em áreas de fronteira, ligados à contravenção, à extração ilegal de madeira, ao desmatamento indiscriminado e ao saque das riquezas minerais pelas transnacionais.

É fundamental que os povos indígenas se mobilizem e busquem formas de auto-organização, contanto, quando for o caso, com apoio de organizações idôneas e reconhecidamente sérias que respeitem sua autonomia e forma de vida e negando a perversa influência de ONGs que, sob o manto de organizações não governamentais, servem de meio para pregações religiosas e outros objetivos escusos, como a biopirataria, que desarticulam as culturas e identidades locais facilitando a incorporação subordinada a uma sociedade que os quer destruir e condenar à miséria e à fome.

A solução estrutural para o problema da Amazônia e das nações indígenas é a demarcação das terras indígenas, uma política indigenista de suporte e apoio em tudo que for necessário para uma vida digna àqueles povos, para a manutenção das suas formas tradicionais de vida e o oferecimento de serviços essenciais de saúde, educação e outros. Mas tais ações devem necessariamente ser combinadas com uma reforma agrária sob controle popular, assim como uma nova política agrícola voltada à vida e não ao lucro, uma política de autosustentação ecológica que trate o patrimônio ambiental como recurso indispensável à vida e não matéria prima para o lucro privado das corporações capitalistas.

Por tudo isso, a luta das etnias Macuxi, Tauarepang, Patamona, Ingarikó e Wapixana é a nossa luta e de todos aqueles que lutam contra o capital e por uma sociedade socialista.


PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
PCB
JUNHO DE 2008

22/06/2008

Discurso do secretário-geral do Partido Comunista Cubano, Fernando Remírez de Estenoz, na abertura do 14º Encontro do Foro de São Paulo, realizado em

Companheiras e Companheiros,
Que nossas primeiras palavras sejam de agradecimento aos companheiros da Frente Ampla pela organização desta reunião.
Este Foro se realiza em um Uruguai diferente graças à histórica vitória da Frente Ampla e a posse do Companheiro Tabaré Vasquez na Presidência.
A Revolução Cubana sempre contou com o apoio e a amizade do povo uruguaio e especialmente da Frente Ampla. Hoje reiteramos nossa saudação revolucionária e nossa solidariedade no enfrentamento dos importantes desafios que têm pela frente.
Entre os dias 2 a 4 de julho se completam 18 anos da celebração do Encontro de Partidos e Organizações Políticas da América Latina e Caribe, que deu origem ao nosso Foro de São Paulo, uma das primeiras respostas políticas surgidas na contra-corrente da implantação da chamada nova ordem mundial. Isso ocorreu seis meses depois da queda de muro de Berlim e um ano e meio antes do desaparecimento da União Soviética, coincidindo com o apogeu do mito do "fim da história", que a esquerda latino-americana não vacilou em rechaçar.
O Foro de São Paulo foi o resultado de uma mudança de época: foi a reação da esquerda latino-americana e caribenha que transitava, em parte surpreendida e em parte receosa, do fim de uma época de ditaduras e repressão maciça, em direção ao início de outro momento caracterizado pela completa mistura de incremento e desenvolvimento da luta social, questionamento da atividade política tradicional, especialmente pelos jovens e, pela primeira vez, o reconhecimento institucional dos seus resultados eleitorais.
Durante os primeiros anos de existência do Foro, seus membros acumularam crescentes espaços, mas seus candidatos presidenciais não conseguiam ainda vencer as brutais campanhas de medo promovidas pela grande imprensa, totalmente controlada pelo imperialismo e pela direita, que vaticinavam o isolamento, o colapso econômico e o caos se os povos tentassem libertar-se do insuportável peso do neoliberalismo.
Foi em meio à mais grave crise econômica, política e social até então desencadeada na região que em dezembro de 1998 se produziu a eleição de Hugo Chávez para a Presidência da Venezuela. Logo se seguiram as eleições de Lula, Tabaré, Evo, Daniel e Correa.
Hoje nossos membros fazem parte do governo em treze países latino-americanos e caribenhos e em uma quantidade superior exercem o controle de governos locais e têm representação parlamentar nacional. A estes se soma a recente eleição do presidente Fernando Lugo no Paraguai, que pôs fim a mais de seis décadas de monopólio do poder exercido pelo partido Colorado.
Mas estes êxitos trazem emparelhados novos desafios. Nas atuais condições do mundo, o acesso ao governo não pressupõe o exercício do poder. O novo é que a esquerda latino-americana e caribenha não apenas disputa o poder com o imperialismo e seus representantes nativos a partir da oposição, mas também do governo.
Os êxitos de hoje podem ser reversíveis amanhã e por isso devemos dedicar uma grande parte de nossas energias a defender as conquistas.
A aspiração e a meta é uma América Latina e um Caribe livres de qualquer forma de dominação estrangeira, politicamente unida e integrada econômica e socialmente em benefício pleno dos povos.
Nossa reunião é realizada quando a humanidade atravessa um dos momentos mais difíceis e complexos de sua história: um mundo com profundas injustiças e desigualdades, com guerras e conflitos; que enfrenta uma nova crise econômica, que coincide simultaneamente com uma crise energética, outra de alimentos e com uma grave crise do meio-ambiente.
Na Conferência das Nações Unidas sobre meio-ambiente e desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro há 16 anos, o Companheiro Fidel Castro alertou de modo profético que: "uma importante espécie biológica está em risco de desaparecer por uma rápida e progressiva liquidação de suas condições naturais de vida: o homem". Os anos lhe deram razão.
O governo Bush, apesar das centenas de milhares de mortos e da destruição que as agressões ao Iraque e ao Afeganistão provocaram, continua empenhado em sua política de guerras preventivas, iniciada sob o pretexto da luta contra o terrorismo, quando os verdadeiros e egoístas objetivos são apoderar-se dos recursos naturais do mundo, especialmente o petróleo, e garantir, pela força, sua hegemonia mundial.
As aventuras belicosas dos EUA, seu enorme gasto militar e suas receitas econômicas neoliberais agravaram os desequilíbrios da economia internacional, de que a escalada vertiginosa dos preços do petróleo é um exemplo eloqüente.
Foi imposto ao mundo um modelo econômico depredador que devora os recursos energéticos não renováveis e contamina o planeta. A última expressão dessa política irracional dos governos dos Estados Unidos e Europa é a utilização de alimentos para produzir biocombustíveis, cujas conseqüências são dramáticas com a elevação dos preços dos alimentos e o crescimento da fome em todo o mundo. A pobreza e a desigualdade não são privilégios da maioria da humanidade que vive nas nações pobres. Também nos exclusivos e excludentes países ricos crescem a pobreza e os conflitos.
Nosso continente é o mais desigual do planeta, no qual mais de 200 milhões de pobres não têm os recursos mais elementares para subsistir enquanto surgem novos centros de consumo com um luxo chocante, demente e suicida. Além disso, o crime e o narcotráfico continuam se fortalecendo na sociedade onde campeiam os assassinatos e os seqüestros.
A intenção do imperialismo norte-americano de impor em nosso continente uma área de livre-comércio fracassou e agora prioriza a assinatura de tratados de livre comércio bilaterais e sub-regionais, para assim impor por outra via seus objetivos e garantir seu domínio.
Como resposta a essa crise profunda, vive-se na região um momento novo de luta e o movimento popular latino-americano alcançou importantes vitórias e avanços.
Graças à iniciativa da Venezuela, desenvolveu-se a alternativa bolivariana para os povos de nossa América.
A Petrosul, a Petrocaribe, a Telesul e o Banco do Sul constituem projetos decisivos para o futuro da nossa região. Estamos convencidos de que este é o caminho e de que nossos países não têm outra alternativa senão a integração econômica.
Em Cuba, mantemos nosso objetivo de estabelecer uma sociedade baseada na solidariedade humana e não no egoísmo e nas ganâncias materiais. Durante os dois últimos anos nosso povo ratificou sua firme vontade de manter e de defender a continuidade da revolução e o socialismo, a partir do exemplo da liderança histórica encabeçada pelos companheiros Fidel e Raul e do papel decisivo do Partido Comunista.
Tal como assinalou o companheiro Raul Castro: "Nesse empenho teremos como meta principal seguir melhorando nosso ainda imperfeito mas justo sistema social, em meio à realidade atual, que sabemos que é extremamente complexa e mutável e, ao que tudo indica, continuará sendo no futuro".
Por esse caminho avançamos apesar do aumento sem precedentes das agressões e da feroz guerra econômica por parte do governo Bush, que já custou mais de 90 bilhões de dólares.
Seguimos avançando também no desenvolvimento da nossa democracia, incentivando o debate e a participação dos cubanos na análise e solução de nossos problemas e deficiências. Recentemente realizamos eleições locais e gerais, nas quais a revolução recebeu um contundente apoio e convocamos o Congresso do nosso Partido para o final do próximo ano. Apesar das dificuldades que enfrentamos e das agressões do imperialismo, continuamos a obra internacionalista e Martiana da revolução.
Quase duzentos mil trabalhadores da saúde de nossa pátria salvaram ou curaram milhões de pacientes em vários continentes.
Mais de um milhão de latino-americanos e caribenhos recuperaram a visão graças à Operação Milagre. Três milhões e meio de pessoas aprenderam a ler e escrever com o método cubano "Sim, eu posso".
Estudam atualmente em nosso país mais de trinta mil jovens de 123 países, destes 23.532 cursam a carreira de medicina e há ainda outros 23.127 que se formam médicos junto a nossas brigadas no exterior.
Companheiras e companheiros,
Diante do avanço das forças progressistas e de esquerda, o imperialismo e, evidentemente, seus aliados no continente adotam políticas cada vez mais reacionárias, como a brutal ingerência de Washington para impedir o triunfo das alternativas populares; as fraudes cometidas para despojar a esquerda de seus triunfos eleitorais; as campanhas de medo para desqualificar os candidatos progressistas; a criminalização da luta social e o aumento da repressão.
O governo Bush continua organizando e financiando planos subversivos contra os governos da Venezuela e da Bolívia e mantém sua opressão colonial sobre o povo irmão de Porto Rico.
O governo norte-americano manipula o tema das armas de extermínio em massa, sendo responsável por mais da metade dos gastos militares do mundo e retirou os EUA do Protocolo de Kyoto, apesar de ser responsável pela quarta parte de todos os gases e resíduos tóxicos do planeta; e constitui o primeiro e decisivo apoio aos crimes do governo sionista contra o povo palestino.
Em pleno século 21, o governo Bush, além do campo de concentração em Guantánamo e das prisões e vôos clandestinos, legalizou a tortura, o que constitui um ato de infâmia, sem comparação na história da humanidade.
O governo dos EUA, enquanto proclama falsamente uma guerra ao terrorismo, protege e apóia os piores terroristas do nosso continente, como Luís Posada Carriles e Orlando Bosh, e viola as leis internacionais e sua própria legislação, negando-se a extraditar para a Venezuela o primeiro, enquanto mantém seqüestrados brutal e ilegalmente cinco jovens cubanos, precisamente por lutarem contra o terrorismo e salvarem vidas cubanas e norte-americanas. Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, Ramón Labañino, Fernando González e René Gonzalez injustamente cumprem penas de prisão por defender seu povo e outros povos do terrorismo.
Nesta semana apresentamos na televisão provas irrefutáveis da vinculação indecente e direta que existe entre os mais conhecidos grupos terroristas radicados nos EUA, o governo desse país e sua Sessão de Interesses em Havana e personagens da contra-revolução.
Companheiras e companheiros,
Como resposta à ofensiva imperialista na América Latina e no Caribe surgiram e tomaram vulto novas organizações e agrupamentos que incluem tanto movimento sociais como indígenas que compartilham muitos de nossos objetivos e com os quais devemos ser capazes de articular um esforço comum. Estes movimentos adquirem, dia a dia, maior desenvolvimento e maturidade. Junto a eles, nós, os partidos e movimentos políticos de esquerda, devemos marchar unidos.
Em nosso continente, como no resto do mundo, o tema da unidade das forças e setores revolucionários de esquerda e progressistas é decisivo. A divisão continua constituindo um calcanhar de Aquiles e uma debilidade, do que as forças de direita e o imperialismo se aproveitam.
Uma unidade que é fundamental na luta pelo socialismo, um socialismo desenhado e construído pelos nossos próprios povos.
O momento é de luta. Hoje devemos intensificar nossa solidariedade com todos aqueles que combatem e se esforçam por um futuro melhor.
Em primeiro lugar, com o governo de Evo Morales na Bolívia, que sofre uma feroz campanha do imperialismo e da reação local, que exacerba a ameaça de uma fragmentação nacional que afetaria a grande maioria dos bolivianos, sem distinção de classe, raça ou filiação política, assim como tem o intuito de evitar que se oficialize na Bolívia, pela primeira vez, um governo que representa a luta pela avassaladora maioria do povo boliviano que foi excluído, explorado e discriminado por cinco séculos.
Também demandam solidariedade urgente:
A Revolução Bolivariana na Venezuela, para frustrar uma nova onda da campanha desestabilizadora; O governo de Fernando Lugo que enfrenta uma descomunal tarefa para corresponder às esperanças do povo paraguaio; A Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional, com o objetivo de neutralizar a ingerência dos EUA na próxima campanha eleitoral em El Salvador e rechaçar qualquer possibilidade de fraude nas eleições de maio de 2009;
O Movimento Independentista Portorriquenho, que este ano travará novas e importantes batalhas no comitê de descolonização e na Assembléia Geral da ONU;
O povo equatoriano frente à agressão e violação de seu território e sua soberania; e tantas outras causas que devemos apoiar.
Como parte do esforço comum para incrementar, ampliar e intensificar a imprescindível coordenação e trabalho conjunto das forças de esquerda do continente, nosso partido decidiu convocar para o mês de janeiro do próximo ano o "Encontro de Partidos e Movimentos Políticos da América Latina e Caribe por motivo do 50º aniversário da Revolução Cubana". Essa será, sem dúvida alguma, a oportunidade para trocar informações sobre o que temos feito, o que estamos fazendo e o que vamos fazer para defender e desenvolver, cada dia mais, nosso projeto socialista; e será também um excelente cenário para refletir e expor critérios sobre quanto e como o mundo, a América Latina e o Caribe mudaram desde 1º de janeiro de 1959, e sobre as conquistas e feitos comuns que hoje temos como esquerda latino-americana e caribenha.
Companheiras e companheiros,
Proximamente será comemorado o aniversário de nascimento do Che. Inspirados em seu heróico exemplo, continuemos sua luta para alcançar, em nosso continente, um mundo melhor baseado na liberdade e toda a justiça.
Viva a Revolução! Viva o Socialismo! Até a vitória sempre!