19/07/2010

76 anos de luta contra o fascismo

Em 1934, no dia 7 de outubro, em São Paulo, ocorreu a chamada Batalha da Sé. Os Integralistas, fascistas brasileiros, marcaram para aquela data uma manifestação de rua, na qual defenderiam a concentração de poder do Estado, a destruição das organizações de esquerda e a perseguição política sistemática aos opositores da burguesia.
A passeata buscava reproduzir a vitória dos fascistas italianos, que conquistaram as ruas com suas tropas de camisas-negras, militantes paramilitares que espancavam militantes de esquerda, queimavam os jornais de oposição e invadiam sindicatos e sedes de qualquer organização que estivesse do lado dos trabalhadores. Era a tentativa de se iniciar um ciclo de intimidação contra a esquerda brasileira, ciclo de terror que tinha apoio das instituições do governo, que estavam nas mãos dos apoiadores de Getúlio Vargas.
No entanto, os comunistas brasileiros do PCB ficaram sabendo da organização de tal evento, e convocaram, junto a outras organizações de esquerda, incluindo anarquistas e trotskystas, uma frente antifascista. A Frente antifascista planejaria como inviabilizar a passeata integralista e torná-la um fracasso a ser lembrado para sempre. No dia quatro de outubro, o jornal A Plateia lançou a manchete: “O PCB convida todos os partidos da esquerda e sindicatos operários para uma Frente Única anti-fascista”.
A frente antifascista demonstrou o poder que a esquerda unificada, na luta contra o fascismo, pode ter. Construindo um plano militar, os militantes da esquerda, sob liderança do líder tenentista João Cabanas, de Roberto Sisson e do comunista do PCB Euclydes Krebs, ocuparam diferentes trechos da Praça da Sé por onde passaria a manifestação integralista. Esperando pacientemente, a esquerda escutou os gritos antipopulares dos fascistas que passavam trajando verde, apenas gritando em resposta “Abaixo o fascismo”. Foi quando a primeira fileira dos integralistas já havia passado que os militantes da esquerda viram as metralhadores dos paramilitares fascistas.
Preparados para luta, os comunistas e os antifascistas não recuaram. A batalha durou aproximadamente 4 horas, e teve como resultado 6 mortos e 34 feridos, entre fascistas e antifascistas. Os integralistas recuaram em desespero. A maior parte deixou para trás suas camisas verdes, e seu apoio direto ao integralismo. A ação da esquerda fora tão vitoriosa que o integralismo foi desmoralizado: o fascismo brasileiro não poderia vencer, em ação direta, a esquerda.
Até hoje os poucos integralistas que existem ainda choram pelo resultado da batalha. Tentam mentir, falar que foram vitoriosos, mas os documentos históricos não deixam a mentira avançar. A Frente Integralista Brasileira, existente até hoje, afirma que só houveram 2 baixas naquele dia e ignora que os fascistas correram com tanto medo da força da esquerda que o episódio foi apelidado de 'Revoada dos galinhas-verdes'. Hoje os integralistas não passam de pessoas perdidas no passado.
No entanto, o fascismo não foi derrotado naquele dia. O fascismo brasileiro deixou de se organizar em um Partido, para se espalhar nas diversas organizações do governo e de empresas privadas. Os anos que se seguiram não foram de vitórias gloriosas da esquerda.
O maior exemplo de que o fascismo se espalhou em nossa sociedade é o processo pelo qual passa a polícia militar. Esta se tornou um verdadeiro aparato de caça e repressão à população. A pobreza foi criminalizada, não por suas ações, mas por sua natureza. Ser pobre, hoje, significa ser perseguido pela polícia.
Os grupos de extermínio cresceram em número e em natureza. Hoje tais grupos possuem vasta participação de policiais militares, mas tem em seus membros também civis que se juntam por acreditarem que a população deve morrer para que haja silêncio. E a burguesia brasileira se cala, pois enquanto os pobres morrem, não há grandes problemas. Há casos ainda de assassinatos encomendados, dos quais são vítimas membros do MST, de sindicatos e outras organizações de contestação. E quando pegos, os policiais membros de tais grupos de extermínio são julgados em foro especial.
Hoje, contra o fascismo do estado de São Paulo e da sociedade brasileira, a população encontra pouco amparo. É nesse clima que o PCB relembra a Batalha da Sé, quando a esquerda organizada combateu o fascismo. Hoje não podemos deixar de fazer diferente. A luta de toda a esquerda por uma mudança ferrenha deve ocorrer. Não acreditamos que a paz nos será dada de mão beijada. A repressão continuará. Mas é nosso papel alertar a população e organizá-la para denunciar e enfrentar o crescente fascismo brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário