12/02/2009

Eleições em Israel

Por Duarte Pereira

As eleições legislativas israelenses tiveram os resultados que eram previstos: fortaleceram os partidos de direita (o Kadima, fundado pelo ex-premiê Ariel Sharon e hoje liderado pela ministra de Relações Exteriores Tzipi Livni, filha de um militante terrorista do Irgun e ex-agente do serviço secreto israelense Mossad, e o Likud, liderado pelo ex-premiê e notório conservador Binyamin Netanyahu) e de extrema-direita (como o Israel Beiteinu, liderado pelo nacional-fascista Avigdor Lieberman, político em ascensão, oriundo da Moldávia, na antiga União Soviética).
O Partido Trabalhista, de centro-direita, que liderou a criação do Estado de Israel e dominou a política israelense durante várias décadas, caiu para o quarto lugar. E o Partido Comunista Hadash, de esquerda, composto por judeus e árabes, conquistou apenas quatro lugares no Parlamento de 55 cadeiras. O principal negociador palestino Saeb Erekat, de tendência moderada, extraiu a única conclusão que os programas dos partidos israelenses vitoriosos permitem: liderado pelo Kadima ou pelo Likud e apoiado por partidos de direita e religiosos, “o futuro governo de Israel não aceitará a solução de dois Estados e continuará com a construção de assentamentos, incursões e ataques”.
A resistência palestina e seus amigos em Israel, nos países árabes e islâmicos e nos demais países do mundo precisam, portanto, preparar-se para o pior, intensificando uma campanha de esclarecimento, em vários níveis e por diversos meios, sobre a história do movimento sionista e da reconquista armada gradativa da Palestina; sobre a dramática situação dos palestinos em Israel, na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e nos campos de refugiados; e sobre a falsa aceitação por Israel da solução dos dois Estados.
O que Israel pretende é, na realidade, um Estado e meio, ou seja, um Estado de Israel cada vez mais expandido e forte, ao lado de uma Faixa de Gaza transformada num grande e sitiado gueto palestino, de uma rede de bantustões palestinos na Cisjordânia cercados por tropas e assentamentos judaicos, e de milhares e milhares de famílias palestinas condenadas a uma vida precária e sem perspectiva nos campos de refugiados dos países vizinhos.
Acreditar que a pressão do governo estadunidense de Barack Obama possa, por iniciativa própria, alterar esse quadro, é esquecer o papel que a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos, como potências imperialistas, desempenharam e continuam desempenhando na criação e manutenção dessa tragédia, inclusive pela importância estratégica das jazidas árabes e iranianas de petróleo e gás para a voragem consumista dos países capitalistas ocidentais. O internacionalismo dos partidos de esquerda, dos movimentos populares e das entidades e personalidades democráticas do Brasil será posto à prova nos próximos meses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário