24/08/2008

Chávez anuncia nacionalizações de transnacionais

Medida anunciada pelo presidente Hugo Chávez atinge cimenteiras transnacionais Cemex, Lafarge e Holcim

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, determinou o cumprimento, a partir da meia-noite desta segunda-feira(18), do plano de nacionalização da indústria cimenteira do país, atualmente nas mãos de três transnacionais: a Cemex, do México, a francesa Lafarge e a suíça Holcim.
“Amanhã realizaremos um ato muito importante, porque à meia-noite (segunda-feira) recuperaremos as cimenteiras, e as fábricas de cimento passam à propriedade nacional. Vocês vão ver como dentro de pouco tempo vai baixar o preço do cimento, porque o cimento mais caro do mundo é o venezuelano”, disse Chávez no estado de Guárico (a 300 quilômetros ao sul de Caracas).

O governo venezuelano firmou acordo de compra das ações da francesa Lafarge e da suíça Holcim. No entanto, com a mexicana Cemex houve impasse sobre a compra da maior parte dos ativos da empresa, conforme anunciou o vice-presidente, Ramón Carrizales.

Devido ao fracasso das negociações com a Cemex, a Guarda Nacional (GN) da Venezuela tomou, nesta terça-feira(19), o controle da fábrica da transnacional Cemex no estado de Zulia, dando início ao processo de expropriação da filial da empresa mexicana. Integrantes da GN entraram nas instalações da fábrica na cidade de Maracaibo, na companhia de quatro juízes para assumir seu controle.

O vice-presidente Ramón Carrizales explicou que a Cemex exigia 300 bilhões de dólares por seus ativos no país sul-americano, o que estava muito acima de seu valor real. Porta-vozes da Cemex recusaram comentar a versão.

A Cemex informou que até 2007 contava na Venezuela com três fábricas de cimento, com uma capacidade de produção de 4,6 milhões de toneladas métricas ao ano, 33 fábricas de concreto, 10 centros de distribuição terrestre e quatro terminais marítimos.

Por não ter alcançado um convênio dentro do plano de nacionalização de empresas cimenteiras, a Venezuela anunciou que expropriará a unidade da Cemex, mesmo tendo firmado acordos para controlar as filiais de Lafarge e Holcim.

O governo informou que acordou pagar 267 milhões de dólares por 89% da unidade local da francesa Lafarge – a maior cimenteira do mundo – e 552 milhões de dólares por 85 % da suíça Holcim.

Conforme declarou o ministro da Energia venezuelano, Rafael Ramírez, a ocupação da fábrica da transnacional pela GN será para “controle operacional das instalações da Cemex, e entrará em vigência então o decreto de expropriação”. A partir daí, se efetuará a avaliação para determinar o “preço justo” dos ativos da Cemex para compensar ao investidor estrangeiro, acrescentou o ministro.

Em um decreto publicado na segunda-feira(18) no Diário Oficial, o governo nomeou as comissões de transição para tomar o controle das três cimenteiras, mas não apontou detalhes sobre os prazos para concluir o processo ou as negociações para a compensação.

Carrizales explicou que há um prazo de 60 dias para fazer o pagamento das porções acionárias à Lafarge e Holcim, e esclareceu que fazem parte do esquema integrado de operação utilizada pelo Estado.

Chávez ordenou em abril estatizar as unidades das empresas, ao acusá-las de vender o cimento no exterior e não favorecer ao mercado local.

Negociações escassas

Dia 19 de junho, o governo publicou os termos do processo, fixando um prazo de 60 dias para que as companhias decidissem se permaneceriam como acionistas minoritárias, enquanto o Estado assumiria no mínimo 60% das ações. Além disso, especificava que se nomearia nos sete dias seguintes as comissões de negociação. Uma fonte da Cemex vinculada às negociações disse que desde esta data nunca se formou a comissão, e aconteceram negociações “pobres e escassas”. Na ausência de diálogo, o governo venezuelano divulgou que não havia conseguido acordo.
Chávez declarou no domingo (17) que, ao vencer na meia-noite desta segunda o prazo fixado por lei, iria “proceder em nacionalizar e recuperar as indústrias do cimento para lançar com força o plano de moradias e de construções, e seguir desenvolvendo o país”.

A unidade na gigante mexicano Cemex na Venezuela é a maior produtora e exportadora de cimento no país, com três fábricas e uma capacidade de 4,6 milhões de toneladas anuais.
Com uma produção conjunta de 8,3 milhões de toneladas anuais de cimento, em torno de 90% da capacidade instaladas no país, estas três companhias têm registrado elevados ganhos impulsionados por obras estatais de infra-estrutura e construções comerciais privadas.
Analistas estimam que o valor total dos ativos destas firmas seria em torno de 700 bilhões de dólares, utilizando o padrão da indústria de calcular uns 200 dólares por tonelada de produção anual, e duvidam que as companhias queiram permanecer sob um modelo de controle estatal.
.
Fonte: Brasil de Fato

Nenhum comentário:

Postar um comentário