05/07/2008

Imitando as operações militares das FARC, narcogoverno da Colômbia resgata 15 reféns

Observadores suecos dizem que, um dia antes da operação, as FARC tinham aceitado libertar 40 reféns, entre eles Betancourt e os mercenários estadunidenses. Nesse caso, o narcogoverno colombiano pode ter interferido na operação de entrega para não dar esse trunfo à guerrilha.
Fê-lo com o apoio dos EUA, quando os reféns a libertar estavam Ingrid Betancourt e os três mercenários estadunidenses, poucos dias depois de uma sentença do Supremo Tribunal de Justiça que acusa o narcogoverno de «acções delituosas» na sua reeleição e coincidindo com a visita de McCain à Colômbia.
Os factos ocorrem um dia depois da reactivação da Quarta Esquadra da Marinha estadunidense e durante a visita de John McCain, candidato presidencial do partido Republicano estadunidense, a terras neo-granadinas. Entre os libertados estão os três militares estadunidenses reféns das FARC-EP, bem como membros da polícia e do exército colombianos.
O ministro da Defesa em alocução televisionada apresentou alguns detalhes da operação, que se inspirou segundo a Revista Semana na efectuada pelas FARC-EP há 5 anos, em que foram capturados os deputados del Valle, assassinados ao que parece por mercenários ao serviço do Estado numa tentativa de resgate e ferro e fogo.
Curiosamente, a acção ocorre horas depois de os mediadores da França e da Suiça, o ex-cônsul francês em Bogotá, Noel Saenz, e o diplomata suíço Jean-Pierre Gontard, informarem ter feito um contacto com as FARC para discutir o destino de Betancourt, segundo informaram agências internacionais. «Um negociador francês e um suíço passaram três dias numa área onde se acredita que operam importantes comandantes, como parte do esforço para a libertação dos reféns que incluem a franco-colombiana Ingrid Betancourt e três estadunidenses».
Le Fígaro disse numa edição antecipada da sua edição de quarta-feira que os negociadores se tinham reunido com uma pessoa próxima de Cano nas montanhas do sul do país sul-americano para, de acordo com «fontes oficiais colombianas», discutir o destino de Betancourt.
Observadores suecos falam da similitude da operação com o sanguinário ataque do exército colombiano a um acampamento das FARC no Equador, onde assassinaram Raul Reyes. Este ataque aconteceu quando as negociações para a libertação de reféns estavam bastante avançadas.
No caso actual, suspeita-se que também havia negociações avançadas com esses enviados.O El Tiempo informou em 1 de Julho, um dia antes da operação, que as FARC tinham aceite libertar 40 reféns, entre eles Ingrid Betancourt e os mercenários estadunidenses. Nesse caso, o narcogoverno colombiano pode ter interferido na operação de entrega para não dar esse trunfo à guerrilha.
Colaboração do regime estadunidense
O governo dos Estados Unidos colaborou na operação do Exército colombiano que resgatou 15 reféns que estavam em poder das FARC. Assim o reconheceu esta quarta-feira Gordon Johndroe, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional em Washington.
Apoiámos a operação. E proporcionámos apoio específico», afirmou Johndroe que, no entanto, recusou dar mais pormenores sobre o tipo de colaboração. «Este resgate há muito tempo que estava a ser planeado, e nós trabalhámos com os colombianos durante cinco anos, desde que os reféns foram capturados, para a sua libertação», acrescentou.
Johndroe precisou que o governo estadunidense soube da operação «desde o processo de planificação» e acrescentou que nessa fase participaram o embaixador estadunidense em Bogotá, William Brownfield, e o chefe do comando sul do exército, o almirante James Stavridis.
Ainda se desconhece a versão da insurreição e o estado e paradeiro dos guerrilheiros capturados. Espera-se a reacção de centenas de presos políticos nas prisões colombianas, que viam na troca de prisioneiros a possibilidade de recuperar a liberdade e como primeiro passo para um processo de negociação política dialogada para o conflito social e armado cujas causas, sublinha reiteradamente a insurreição colombiana, continuam vigentes.
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ABP / YVKE Mundial / La Haine
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Tradução de José Paulo Gascão

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