23/12/2008

Professores são ameaçados de morte no Campus de Registro-SP, da UNESP

A Adunesp – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquisa Filho" e o SINTUNESP – Sindicato dos Trabalhadores da UNESP estão denunciado ameaças de morte sofridas por quatro professores do Campus Experimental de Registro (a 187 quilômetros da capital). Um dos docentes ameaçados, Afrânio José Soriano Soares, é um dos dirigentes da Adunesp.
De acordo com a Seção Sindical, a primeira ameaça ocorreu há dois meses, e a segunda, há poucos dias. Por telefone e e-mail, os agressores alertam os professores: “se continuarem com essas denuncias vão MORRER, TODOS VOCES, SAFADOS” (sic). A mensagem eletrônica avisa: “voces não precisam saber sobre a PRESTACAO DE CONTAS DO CAMPUS REGISTRO” (sic).
Em entrevista por telefone, o professor Antônio Luís de Andrade, um dos dirigentes da Adunesp, reafirmou a denúncia de que apesar de ter sido comunicada das ameaças, a reitoria da UNESP mantém silêncio sobre o assunto. A reportagem telefonou para a reitoria. De acordo com uma das funcionárias com as quais falou, o órgão teria recebido essa denúncia esta semana.
A Assessoria de Comunicação da instituição enviou nota à Imprensa do Sindicato Nacional afirmando: “Em relação ao assunto do câmpus de Registro da Unesp, informamos que a Reitoria está procedendo à apuração do caso e também ao acompanhamento das providências na esfera policial e deverá ter informações preliminares nos próximos dias”.
As entidades sindicais não estão atribuindo as ameaças a ninguém. “Não sabemos quem está tentando calar os professores. O que nós queremos é que a reitoria se pronuncie, que tome alguma providência para averiguar a denúncia”, explica. Em sua denúncia, a Adunesp e o SINTUNESP afirmam que os professores Mauro Donizeti Tonasse, Palimécio Gimenes Guerrero Júnior, Afrânio José Soriano Soares e João Vicente Coffani Nunes “vem sofrendo há anos uma vergonhosa perseguição política da coordenadoria executiva do campus de Registro”.
A nota por meio da qual a Adunesp e o SINTUNESP denunciam as ameaças enumera os motivos da perseguição, segundo os quais os professores estariam recebendo represarias por exigir o cumprimento da Portaria UNESP 461/05; questionar e contrapor-se às atitudes autoritárias e aos desmandos da coordenadoria executiva do campus; reivindicar concursos públicos para docentes e funcionários, pautados na impessoalidade pública; pleitear a constituição de órgão colegiado local, respeitada a legislação em vigor; e por cobrar prestação de contas, elaboração e aprovação de atas das deliberações do Conselho de Curso dessa unidade, entre outros.
Para Andrade, há uma perseguição generalizada a sindicalistas nas universidades estaduais paulistas. “Junto com a demissão de Brandão pela reitoria da USP, essas ameaças de morte são casos emblemáticos da tentativa de enfraquecimento do movimento sindical pelos gestores das instituições”, acredita.
A demissão de Claudionor Brandão pela reitora Suely Vilela, da USP, causou a reação de toda a comunidade acadêmica, que realizou um ato de protesto contra a demissão no último dia 16. Para a revista Caros Amigos, o ato da reitora "fere a democracia". Na matéria, a revista destaca os 20 anos de atuação política do sindicalista.
Apoio
O ANDES-SN divulgou moção de apoio aos docentes, cobrando garantia de vida para os docentes ameaçados. Leia na íntegra:
MOÇÃO
A criminalização dos movimentos sociais, expressão de uma política deliberada, visa impedir e aterrorizar aqueles que defendem o direito de manifestar suas idéias, expressar seu pensamento e defender os interesses dos marginalizados e do interesse público.
O banditismo e perseguição política, inclusive com pichação e ameaça de morte, que vem ocorrendo no campus experimental da UNESP, da cidade de Registro, é inadmissível. Docentes que defendem o interesse público são perseguidos e ameaçados de morte.
Cobramos garantia de vida aos docentes Mauro D. Tonasse, Palimessio G. Guerro Junior, Afrânio J. S. Soares, João Vicente C. Nunes.
O ANDES-SN, pautado no princípio da democracia e na defesa da universidade pública vem exigir garantia de vida e tranqüilidade aos docentes da UNESP, o fim das perseguições, o cumprimento às legislações respectivas e aos estatutos da universidade, e a imediata apuração dos fatos e punição dos responsáveis pelas ameaças de morte.
Brasília, 19 de dezembro de 2008
Diretoria do ANDES-SN

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