Quem Se Defende (Bertolt Brecht)
16 de abril de 2010
Na manhã desta terça-feira (13/4), cerca de 150 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Monte D’Este, na região da Grande Campinas. A fazenda, com 3.000 hectares (1 hectare equivale a aproximadamente a um campo de futebol), fica no KM 121 da estrada Campinas–Mogi (Rodovia SP-134), numa ramificação conhecida também como "Estrada para Furnas" ou "Solar das Andorinhas".
O latifúndio é ligado ao Vera Cruz Empreendimentos Imobiliários, bem como a importantes acionistas do Banco Real e, embora avaliado há cerca de 2 anos pelo órgão governamental responsável (INCRA) como improdutivo, está com o processo de desapropriação parado há anos na justiça devido à Prefeitura Municipal de Campinas não assinar a licença ambiental.
As famílias do MST reivindicam a aceleração deste e de tantos outros processos semelhantes no estado de São Paulo e em todo Brasil, visando atender à crescente demanda pela democratização do acesso à terra e pela garantia do cumprimento de sua função social, assegurada pela Constituição Federal.
A Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária “LUTAR NÃO É CRIME!” é realizada em memória dos 19 companheiros assassinados no Massacre de Eldorado de Carajás, durante operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996. O dia 17 de abril, data do massacre que teve repercussão internacional, tornou-se o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Além de exigir a aceleração do processo de desapropriação da Fazenda Monte D’Este e de outros tantos processos semelhantes no estado de São Paulo, as 150 famílias que ocupam o latifúndio do Vera Cruz Empreendimentos Imobiliários também denunciam a generalizada criminalização da luta dos movimentos sociais e da população pobre brasileira como um todo.
Ironicamente, se o processo de desapropriação do latifúndio se enrola por cerca de dois anos, segundo informações da imprensa a Justiça concedeu em menos de dois dias o pedido de reintegração de posse da área (para informações, http://passapalavra.info/?p=21982 ).
Grande parte das famílias ocupantes integra o acampamento Roseli Nunes, há mais de ano sem nenhuma área própria providenciada pelos órgãos legalmente responsáveis, apesar de já serem cadastradas pelo INCRA e apesar das inúmeras propriedades avaliadas como improdutivas, seguindo critérios assentados na Constituição Federal e índices oficiais (como é o caso da Fazenda Monte D'Este, que, apesar da estreita vitrine de pés de café na beira da estrada Campinas-Mogi, não passa de uma grande área a serviço de especulação imobiliária).
No presente momento, as famílias permanecem no local, aguardando uma negociação e pedindo solidariedade. Segundo uma das dirigentes estaduais de MST, Cláudia, ações de apoio e manifestações de solidariedade são muito importantes agora: “É por isso então que pedimos para quem puder vir para cá, para quem puder nos prestar solidariedade, é fundamental neste momento. As famílias estão acampadas há um ano e lutam por um pedaço de terra. São trabalhadores e trabalhadoras que não têm outra opção; estão em luta para poder conquistar um pedaço de terra."
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