27/05/2009

Vida Bandoneón: Uruguai se despede de Mario Benedetti

Escritor uruguaio dos mais reconhecidos na América Latina, Benedetti morreu no domingo último em sua casa, aos 88 anos, após uma carreira literária de seis décadas. Benedetti tinha sido internado num hospital particular no final de abril, depois de diagnosticada uma doença intestinal crônica, e os médicos lhe deram alta no início de maio. "Aparentemente ele estava melhorando; os médicos diziam que estava se recuperando. Por isso, sua morte nos pegou de surpresa", comentou seu irmão Raúl aos canais de TV uruguaios.
A morte de Benedetti reuniu milhares de uruguaios para se despedirem ontem (20) do escritor. Os restos mortais de Benedetti foram conduzidos por trabalhadores e estudantes até o Panteão Nacional do Cemitério Central de Montevidéu, em meio a um eloqüente silêncio somente interrompido por respeitosos aplausos quando o caixão chegou ao destino. "Hoje enterramos um homem que acreditava na esperança de que as coisas, essas que todos sabemos importantes — amor, justiça, solidariedade, honestidade, rigor, entrega de vida — podem ser atingidas", disse na ocasião Hugo Achugar, diretor de Cultura do governo uruguaio.
O cantor e compositor e amigo íntimo de Benedetti, Daniel Viglietti lembrou que "estamos todos consternados, como escrevia ele quando morreu o Che, mas sua caneta nos deixa a alma cheia de versos simples, simples na altura, como aqueles versos do cubano José Martí que ele tanto admirava". Ainda no domingo, após a notícia do falecimento, familiares e amigos começaram a chegar à casa do poeta, no centro da capital uruguaia, cidade que Benedetti sempre mencionava em seus escritos. Benedetti nasceu em 14 de setembro de 1930 no departamento de Tacuarembó, no norte do Uruguai, exilou-se durante a ditadura que desgovernou o país de 1973 a 1985, vivendo em Madri por boa parte desse período. Vários de seus poemas, escritos durante a ditadura e nos últimos anos, foram dedicados a vítimas da repressão militar, como o senador de esquerda e amigo íntimo Zelmar Michelini, seqüestrado e morto em Buenos Aires em 1976. Benedetti ficou famoso em 1956 com a publicação de "Poemas de la Oficina", sobre a rotina do trabalho.
Fonte: Carta Maior

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