20/04/2009

REFLEXÕES DE FIDEL

Será que a OEA tem direito de existir?
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HOJE falei com franqueza sobre as crueldades cometidas contra os povos de América Latina. Esses povos do Caribe nem sequer eram independentes, quando do triunfou a Revolução cubana. Exatamente no dia 19, data em que conclui a Cúpula das Américas, se completarão 48 anos da vitória de Cuba em Girón. Fui cauteloso com a OEA; não disse uma única palavra que pudesse ser interpretada como uma ofensa à vetusta instituição, embora todos saibam quanta repugnância nos provoca.
Uma informação bastante hostil da agência britânica Reuters afirma que "'Cuba deveria expressar com clareza seu compromisso com a democracia se quisesse voltar à OEA, como exige um número crescente de governos latino-americanos’, disse Insulza numa entrevista com o jornal brasileiro O'Globo.
"O presidente norte-americano, Barack Obama, está revendo a velha política de isolamento com a ilha comunista antes da Cúpula das Américas deste este fim de semana, onde está previsto que líderes latino-americanos vão pressionar para que e ponha fim ao embargo dos Estados Unidos a Cuba, vigente desde 1962.
"Alguns países também têm previsto pedir o reingresso de Cuba na OEA, após de sua suspensão em 1962, em meio à Guerra Fria.
"Insulza advertiu que 'a cláusula democrática da OEA fica como um obstáculo dentro das exigências para permitir o reingresso de Cuba, um Estado unipartidário’.
"’Precisamos saber se Cuba está interessada em voltar aos organismos multilaterais ou se só está pensando no fim do embargo e no crescimento económico’.
"'Esta é uma Cúpula de países com boa vontade, mas a boa vontade não é suficiente para provocar a mudança’, acrescentou.
"'Os 34 líderes que assistirão à Cúpula, na qual Cuba não pode participar, são países democráticos’, apontou Insulza, ex-ministro das Relações Exteriores do Chile.
"'A Assembleia Geral da OEA decidiu que todos os países-membros devem aderir aos princípios democráticos’, declarou Insulza a O'Globo, quando foi perguntado sobre Cuba.
"Mas o presidente venezuelano, Hugo Chávez, um forte crítico de Washington, já anunciou que tentará colocar o tema de Cuba no centro do debate da Cúpula.
"'O regresso de Cuba ao organismo não só depende da Cúpula das Américas, mas também da Assembleia Geral da OEA’, disse Insulza a O'Globo."
A OEA tem uma história que recolhe todo o lixo de 60 anos de traição aos povos da América Latina.
Insulza afirma que para entrar na OEA, primeiro Cuba tem que ser aceita pela instituição. Ele sabe que nós nem sequer queremos escutar o infame nome dessa instituição. Não prestou um só serviço aos nossos povos; ela é a encarnação da traição. Se se somarem todas as ações agressivas das quais ela foi cúmplice, estas alcançam centenas de milhares de vidas e acumulam dezenas de anos sangrentos. Sua reunião será um campo de batalha que colocará muitos governos em situação embaraçosa. Que não se diga, porém, que Cuba atirou a primeira pedra. Ofende-nos, inclusive, quando supõe que estamos desejosos de ingressar na OEA. O trem passou há muito e Insulza ainda não percebeu isso. Um dia, muitos países pedirão perdão por ter pertencido a ela.
Evo falou hoje, ao meio-dia. Ainda não disse a última palavra sobre sua assistência ou não à reunião da ALBA e à Cúpula das Américas. Obteve uma clara e contudente vitória.
Contudo, aceitou a redução para 7 do número de vagas aos povos indígenas, das 14 que tinha proposto. O opositor, com certeza, tentará explorar esse ponto para as tramoias contra o Movimento ao Socialismo, apostando o desgaste.
O MAS terá que lutar duro para garantir o padrão eleitoral biométrico e uma alternativa, se a oligarquia consegue dilatar a elaboração do novo padrão. Sua greve de fome foi uma decisão corajosa e audaciosa, e o povo de Bolívia ganhou muita consciência.
Agora a atenção está na Cúpula das Américas. Significará um privilégio saber o que ali seja dito; será um teste de inteligência e vergonha. Não pediremos de joelhos à OEA ingressar na infâmia.
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Fidel Castro Ruz

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