13/04/2009

AGRONEGÓCIO

A revolução industrial colocou a disposição do mundo uma nova etapa no processo de exploração capitalista, cujo homens, mulheres e crianças tinham como única opção de trabalho as indústrias ,recebendo salários baixíssimos que mal garantia sua alimentação diária. A indústria, era sinônimo de produção de riquezas e as novas tecnologias e técnicas de produção a cada dia mais acelerava o terrível processo de exploração da então classe trabalhadora. Hoje em dia, verificamos semelhante processo de exploração do capital também no campo. O chamado agronegócio. Se analisarmos o processo agrícola principalmente no Brasil no início do século passado, encontramos o café como principal produto de exportação do Brasil do período, sendo que esse, gerou uma elite altamente abastada financeiramente no período em questão. A atividade cafeeira da época gerava uma grande quantidade de empregos, sem os devidos direitos trabalhistas e humanos é logico , que necessitou até mesmo da vinda de trabalhadores de outros países como os italianos para a mão -de obra do café. Hoje, a atividade agrícola é altamente profissional , com técnicas de produção que visam a exploração do trabalhador rural em uma escala sem precedentes. O agricultor de hoje, é obrigado a ter uma produção altíssima a custo mínimos e isso se da principalmente na política de quem pode mais “engole o outro”. É comum hoje, grupos que dispõe de capitais extremamente altos que ficam migrando de atividades sem vínculos culturais com o meio do trabalhado apenas procurando melhores condições de lucro, assim, quando o café , a soja e outros gêneros estão com seus preços em alta, mudam seu capital de atividade , prostituindo o mercado com grandes produções altamente rentáveis, até que esse ramo, se enfraqueça e o capital é novamente migrado de setor. Um grande exemplo disso, é a antiga loja de departamentos MIG . O setor estava aquecido e essa grande empresa surgiu da noite para o dia com mais de trinta lojas e ao menor sinal de crise no setor, simplesmente vendeu a rede, fechou lojas não se importando com a grande classe trabalhadora abandonada a sorte . Na agricultura moderna, não é diferente, grandes empresas transnacionais compram, vende os produtos agrícolas sem que o pequeno produtor se beneficie de seu trabalho no campo. A agressividade da economia de mercado, a ganancia de produzir,a concentração de renda não olha para o campo a não ser com os olhos da exploração. O agronegócio, veio para fazer a concentração de renda rural por empresas rurais que tem como única mentalidade tirar proveito do trabalho humano. Assim como no setor de supermecados que hoje é dominado por grandes companhias, o setor agrário caminha para a mesma direção . A expulsão dos pequenos trabalhadores do campo por inviabilidade técnica e custos de produção, a concentração de riquezas nas mãos de poucos e principalmente a perda de identidade de gerações de pessoas das áreas interioranas que tem suas vidas, seus valores modificada em alguns anos ,se perdendo uma cultura que foi gerada por séculos.
O agronegócio veio para unir as fronteiras de propriedades, veio para concentrar terras e renda, e aumentar o processo de exôdo rural que tanto prejudica as cidades. Os camponeses de ontem, são os favelados de hoje. A única saída de vários setores sobreviverem é agregar valores nos produtos, as “indústrias rurais,” ficam presas as escandalosas quadrilhas de produção de insumos agrícolas como Monsanto ,Bayer entre outras, cujo seus preços em grande parte são semelhantes ,e as necessidades de volume de produção “obrigam” os agricultores a consumir , e isso claro, é muito mais pesado para os micro e pequenos propriétarios que tem menor ( ou nenhum) poder de barganha e de compra, o que acaba inviabilizando a produção , sendo essas áreas repassadas para os grandes grupos de produtores / exploradores.
O agronegócio também, em busca de mais áreas de atuação gera danos ambientais terríveis; a própria Amazônia é testemunha disso que tem suas áreas invadidas pelas fronteiras agrícolas, ge-
rando devastação e expulsão de nativos. O planeta, não suporta mais esse modelo de consumo e produção atual, é preciso repensar a forma de consumo de cada nação , estado, cidade, família e o agronegócio incita justamente o contrário, demonstra produtividade , produção de riquezas, virilidade econômica, mas esquece de forma brutal as questões sociais. O crescimento da economia só se justifica pelo crescimento vegetativo da população, de outra forma, é acumulação de renda as custas das reservas naturais do planeta, e em muitas vezes, o crescimento é falso, fictício como ficou muito bem claro na atual crise econômica , onde a saúde de empresas tidas como sólidas esfa-
celaram-se como gelo na fogueira produzido por espectativas futuras , gestões fraudulentas.
O campo brasileiro, não pode mais se iludir para o terror do agronegócio, é lobo em pele de cordeiro, o problema é muito maior do que se supõe certas classes que acham que estão no caminho certo. À tendência é “engolir” os pequenos e médios produtores, esses, ficaram sempre a merce de capital emprestado para “tocar” suas propriedades, e sem dúvida, a concentração de renda que aconteceu nas cidades, encontrou a ferramenta do agronegócio para ampliar seus tentáculos capitalista para o espaço rural. Não há dúvida que o agronegócio é extremamente produtivo, que a riqueza gerada por essa cadeia produtiva é imensa, produzida mas não distribuída, podendo servir como exemplo o caso da Citrosuco em Bebedouro – SP, que abandonou a cidade a própria sorte ao menor sinal de crise, algumas usinas de alcool , e também, não há como negar que os produtores tradicionais do Brasil não estão preparados para tamanha concorrência e ideologia de mercado o que levará a vários produtores a impossibilidade de continuar com suas atividades. Isso é fato, isso é questão de tempo caso não haja profundas mudanças nesse cenário de exploração agrária.
Para completar o cenário pavoroso criado e controlado nos mínimos detalhes pelos capitalistas, o controle da mídia nos coloca o agronegócio como solução de futuro para o Brasil, sendo que esse o único país do mundo totalmente sustentável pela quantidade de terras agricultáveis, quantidade e qualidade de água disponível, grande território com imensas reservas naturais sendo ele o Brasil, alvo de ambições imperialistas de todo o mundo que além de outras atitudes (da mídia) satanizam os movimentos sociais que de uma forma ou de outra tentam esclarecer a sociedade das atitudes contra os trabalhadores ; servindo como exemplo c o MST, que sem dúvida é o maior movimento social existente no Brasil atualmente, já que vários sindicatos se preocupam mais em qualificar o trabalhador para servir ao agronegócio do que lutar e mobilizar contra ele. A questão da terra, da distribuição de renda, e principalmente dos danos ambientais, sempre devem permanecer na pauta de qualquer conversa entre os brasileiros. Cabe a cada um de nos, ao invés de apenas ver o que nos mostra a mídia, questionar, debater e principalmente posicionar.
Geliane Gonzaga
Geógrafo e membro PCB-Franca
www.geliane-detudoumpouco.blogspot.com

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