26/03/2009

Ao 25 de março

Por Otávio Dutra O que seria possível fazer, se a vida tinha deixado poucas opções àqueles que numa pequena casa em Niterói sonhavam a vida de tantos milhões de engraxados e sujos de barro?
Essa pergunta surgiu desde a pioneira gota do suor que escorreu pelas correntes do primeiro povo escravo, negro e índio, e que desviou os senhores do açúcar e das armas para não sujá-los de trabalho.
Impacientes estavam, já que os séculos de injustiça há muito urgiam da cura e não mais suportavam carregar o peso de tanta tortura.
Foi quando surgiu nas longínquas terras eslavas o levante rebelde de um povo armado, que erguia uma bandeira vermelha com o símbolo de seus instrumentos de forçado trabalho.
Se perguntaram os curiosos: quem são os bolcheviques? Tal notícia trouxe mais duradoura esperança que a produzida nos alambiques: se os russos a fizeram também a faremos, assim como todos os povos!
E repetiram pelas ruas e pelas fábricas, para as classes nuas novas táticas: se os russos a fizeram também a faremos, assim como todos os povos!
Eram momentos de agitação na terra do café com leite e os valentes sonhadores não podiam dormir no ponto esperando o bonde da história passar. Os livros pareciam perseguir Astrogildo Pereira, estavam por toda parte. Já chamava Marx de Carlitos, por tanta intimidade conquistada.
Os bolcheviques tornaram-se dos valentes camaradas e Vladimir (ou camarada Vladinho), que alguns conheciam por Lênin, não faltou jamais uma reunião do embrião revolucionário de um povo oprimido: o Partido Comunista Brasileiro.
Desde então, desde aquela casa em Niterói, mais vozes sem sapatos de couro, por todo roubado ouro, se agregaram ao coro:
se os russos a fizeram também a faremos, assim como todos os povos! se os russos ontem a fizeram, hoje nós a faremos, unidos na construção dos valores novos!

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